Rodrigo Otávio. Em palestra realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alex Callinicos, professor de Economia do King's College, da Inglaterra, defendeu que uma saída da Grécia da zona do euro, algo impensável há pouco tempo, pode levar a alternativas muito mais abrangentes. "E se ela sair? Os resultados serão uma desvalorização que aumentará a crise na Grécia? Quais serão os programas políticos que manterão a sobrevivência econômica e social?”, questionou. Fonte: Carta Maior (aqui).
Rio de Janeiro - O professor de economia do King`s College da Inglaterra, Alex Callinicos, defendeu na quarta-feira (6), em palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a saída da Grécia da zona do euro como uma atitude soberana que abreviará o receituário de políticas neoliberais em outros países europeus e, em maior escopo, aprofundará a posição de xeque em que o capitalismo se encontra.
“Será que é possível a Grécia sair da zona do euro? Algo que era impensável há dois anos agora está na agenda do dia no país. Essa questão pode levar para alternativas muito mais abrangentes. E se ela sair? Os resultados serão uma desvalorização que aumentará a crise na Grécia? Quais serão os programas políticos que manterão a sobrevivência econômica e social?”, afirmou ele durante a palestra Alternativas ao Capitalismo: o Futuro que Queremos, que abriu o XVII Encontro Nacional de Economia Política. Apesar da greve das instituições federais de ensino superior em todo o país, o encontro segue até sexta-feira (8) com o tema Desenvolvimento e Meio Ambiente: a Crítica da Economia Política.
Nesse receituário local, Alex citou em primeira mão a nacionalização dos bancos. “Eles são os pensionistas do setor público, eles deveriam ser de utilidade pública para programas de investimentos, trabalhos estatais, fomento de declínio do desemprego e controle de capital para reduzir o poder do mercado financeiro. É o tipo de medida que eu acho que seria necessária para contrabalançar o efeito da crise”, disse ele.
Até porque, nas palavras do professor inglês, “é importante ressaltar que a crise da zona do euro não tem nada a ver com a ganância de alguns ou a preguiça dos gregos. É uma manifestação da crise bancária, porque o que vemos é um acúmulo de bolhas na parte sul da Europa que foi sustentado pelos empréstimos de bancos do norte do continente”. Segundo Callinicos, então é necessário se “inventar” uma série de crise de dívidas, em geral particulares, porque uma grande parte do sistema bancário do norte está ameaçado. Assim, os países são colocados como receptores de políticas de austeridade, mas os resgates vão para os credores, sendo a palavra resgate apenas uma ‘etiqueta’, sem nenhum horizonte.
Callinicos defende esse receituário local como nada menos que o antídoto para o veneno criado pelos próprios estados. “Na era neoliberal o estado encoraja o desenvolvimento de bolhas financeiras. E elas surgem de uma forma que as torna funcionais para manter o crescimento econômico. E as políticas acabam estimulando elas. Depois os colapsos delas, e após a bolha imobiliária dos Estados Unidos nós sabemos, tornam o cenário econômico catastrófico”, disse.
Com a lógica da austeridade aprofundando as crises econômicas, o acadêmico defende esse novo caminho grego, e europeu. “Tudo é questão de contexto, de como elas são introduzidas e quem levará adiante elas. Acho que em certas partes da Europa há a possibilidade de o movimento de esquerda trabalhista levar adiante elas, como o começo de um verdadeiro rompimento com o neoliberalismo, e assim pode acontecer o desenvolvimento que então crie o conjunto de possibilidades que leve não só para além do neoliberalismo como para além do próprio capitalismo”.
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