[Artigo tirado de http://www.esquerda.net/artigo/irlanda-pede-segundo-resgate-eslov%C3%A9nia-tenta-evitar-caminho-do-chipre/29311]
O governo irlandês pediu à troika mais 10 mil milhões de euros, dizendo ser apenas uma "rede de segurança" para garantir o regresso aos mercados. Na Eslovénia, o Governo vai encerrar dois bancos afogados em crédito malparado para evitar o mesmo destino do Chipre e a entrada da troika no país.
Enda Kenny e
Angela Merkel: o PM irlandês entendeu que sem um segundo resgate, o país
não conseguirá regressar aos mercados da dívida. Mas em vez de segundo
resgate, chama-lhe "rede de segurança"... Foto Governo da Irlanda(Flickr
O ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, revelou na
sexta-feira o montante do pedido de empréstimo que será discutido com a
troika após a discussão do Orçamento para 2014, que envolve um corte de
3100 milhões na despesa, seguindo a receita do memorando assinado com a
troika. Dez mil milhões de euros é o montade pedido pela Irlanda, que se
poderá tornar o primeiro país a ter acesso ao Mecanismo de Estabilidade
Europeu, um fundo de 500 mil milhões de euros.
Segundo o diário irlandês Independent, o governo está confiante em que a
troika irá abrir a torneira do empréstimo sem impor novas condições em
troca. Para o Sinn Féin, essa ideia não faz nenhum sentido. "É bastante
claro que isto está a ser negociado como um segundo resgate. Não é
dinheiro grátis, haverá termos e condições", afirmou o porta-voz do
partido, Pearse Doherty.
Eslovénia: sistema financeiro continua a afundar
O próximo país na lista da troika é a Eslovénia, que tenta a todo o
custo evitar pedir dinheiro ao FMI, BCE e Comissão Europeia. Na
sexta-feira, o ministro das Finanças anunciou ter dado garantias no
valor de 1185 milhões de euros para reembolsar os depositantes do
Probanka e Factor Banka, duas instituições de pequena dimensão.
O crédito malparado da banca eslovena está avaliado em 7500 milhões de
euros e as ameaças de colapso financeiro iminente, que persistem desde
2009, vão animando os especuladores nos mercados internacionais, fazendo
a Eslovénia aproximar-se cada vez mais do lugar de próxima vítima da
austeridade da troika.
Os responsáveis políticos justificaram a medida para marcar a diferença
com o que aconteceu no Chipre, onde os depositantes foram chamados a
pagar o buraco das contas dos seus bancos, para além de fortes
limitações aos movimentos de capitais. Com as garantias dadas aos bancos
eslovenos, o governo procurou evitar as imagens de corrida aos bancos e
caixas ATM, que precipitariam o pânico em relação ao conjunto do frágil
sistema financeiro. Este resgate público garante os depósitos por
inteiro, mesmo os que ultrapassem o limite máximo de 100 mil euros da
garantia que vigora na zona euro.
O Banco Central Europeu aprovou a decisão e disse em comunicado que ela
visa "contribuir para a estabilidade do setor bancário esloveno". Os
dois bancos são privados (num país onde a banca pública domina o
mercado) e representam apenas 4,5% do sistema bancário esloveno.
Esta sexta-feira, os juros da dívida eslovena a 10 anos situavam-se nos
6,8%, bem acima dos 6% com que em maio passado a Eslovénia emitiu
dívida no valor de 3500 milhões. Para além das dificuldades no crédito,
os cortes orçamentais já em vigor têm deprimido o consumo interno e as
exportações também têm vindo a quebrar, apenas seis anos depois da
Eslovénia ter sido o país com crescimento mais rápido da zona euro e
apontada como um modelo a seguir pelos restantes países periféricos da
moeda única.
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