Tirado do Esquerda.net (aqui).
Apesar de a polícia ter retido cerca de cem autocarros
às portas de Madrid, dezenas de manifestações conseguiram juntar-se nas
seis Marchas pela Dignidade que encheram o centro da capital espanhola
em protesto contra a austeridade e as políticas da troika.
Foto Luis Cardenas/Twitter
Muitos milhares de pessoas vindas de todo o Estado espanhol chegaram
este sábado a Madrid para reclamar "pão, trabalho e teto" e o fim do
governo da troika e dos banqueiros. Muitas delas percorreram centenas de
quilómetros a pé desde o mês passado para participarem na manifestação
que tinha por objetivo ser a maior dos últimos anos contra a
austeridade. A convocatória destas Marchas pela Dignidade juntou
partidos da esquerda, sindicatos e os organizadores das Marés Cidadãs
que têm promovido algumas das ações de protesto mais mobilizadoras
contra o governo de Rajoy.
As principais reivindicações das Marchas pela Dignidade são o fim dos
cortes e do pagamento da dívida e a saída dos governos da troika, ao
mesmo tempo que reclamam “pão, trabalho e teto para todos e todas”.
No manifesto que convocou as Marchas, criticam-se os cortes nos
salários, pensões e serviços públicos, ao mesmo tempo que “não houve
nenhum corte quando chegou a altura de injetar dezenas de milhares de
milhões de euros para salvar os bancos e especuladores”. Os
organizadores concluem que há quem se esteja “a aproveitar da crise para
cortar direitos. Estas políticas de cortes estão a causar sofrimento,
pobreza, fome e até mortes, tudo para que a banca e os poderes
económicos continuem a ter grandes lucros à custa das nossas vidas”.
As Marchas deste sábado juntaram centenas de coletivos em luta. Para
além das Marés em defesa dos serviços públicos e dos sindicatos,
marcaram presença as assembleias do 15-M, a Plataforma dos Afetados
pelas Hipotecas, grupos de imigrantes, o coletivo “Bombeiros Queimados” a
enquadrar a cabeça da manifestação, os trabalhadores das fábricas da
Coca Cola ameaçados de despedimento coletivo ou os vários coletivos de
jovens em luta contra a precariedade.
À semelhança do que sucedeu noutros protestos, os dirigentes do Partido
Popular tentaram associar as Marchas à violência e colocaram um
dispositivo policial com mais de 1700 agentes ao longo do percurso.
Durante um debate no parlamento madrileno, o presidente do governo de
Madrid, Ignacio González, acusou mesmo os manifestantes de terem
propostas semelhantes aos neonazis gregos da Aurora Dourada. Já este
sábado, González voltou a investir contra a Marcha, ao declarar à
imprensa que “hoje a esquerda radical vai manifestar-se nas ruas, o que
respeitamos sempre que não destrua o mobiliário urbano de todos”. Também
Cristina Cifuentes, a delegada do governo em Madrid, defendeu que “há
infiltrados radicais e violentos” no interior das Marchas, o que faz
antever que o desfecho do protesto seja de repressão policial, como tem
sucedido no passado recente.
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