Quando nas escolas de Líbia, os nenos e nenas estudem que unhas potencias estrangeiras bombardearom durante case seis meses o seu país, causando miles de mortes, apoiando com armas e mercenários à oposiçom para derrogar um governo; quando se explique que os recursos naturais, antes nacionalizados, fôrom desde aquela expoliados sem controlo por grupos de negócio pertencentes a interesses financeiros alheos, e quando se fale do empobrecimento da povoaçom que resultou desse roubo, depois de ser o país africano co maior índice de desenvolvimento humano, a nossa descendência, terá que esforçar-se para ser vista como parte da Humanidade, por essa longa lista de povos agredidos e saqueados, no nome da liberdade e da democracia.
Mas, nom seremos nós quem tenha que pedir perdom, mesmo o mundo poida que nom tenha um lugar para a nossa civilizaçom de Império, e sejamos tam só um objecto de estudo, como o som agora o império romano, ou o inca ou o austro-húngaro. Por isso, a historia dos vencidos e vencidas, a historia dos povos submetidos, carece sempre de momentos de reparaçom e perdom. Sempre é tarde, sempre é tarde para as vítimas. Ninguém poderá borrar o sofrimento polas mortes, as feridas, os exílios, causados por estes seis meses de bombardeios e intenso trafego de armas…
Estes seis meses centrárom as críticas num modelo político, o liderado por Gadafi, líder da revoluçom socialista que pujo fim à monarquia pró-ocidental, e pouco se sabia das ideias do Conselho Nacional de Transiçom. Quem nos posicionávamos radicalmente em contra da guerra, da intervençom da OTAN no conflito, ilegal e desproporcionada, tinhamos algo moi claro em quanto à categoria política dos grupos armados que estes dias tomavam Trípoli, umha oposiçom que nom tem reparo em chegar ao poder cum despregue militar imperial e hipotecando os recursos materiais (água, petróleo e gás) e financeiros do seu país.
Mas agora, um representante do Conselho Nacional de Transiçom, Magmu Jibril, até este mês de Março com responsabilidades de política econômica no regime de Gadafi e conhecido polas suas teses neoliberais, deu um discurso bastante esclarecedor dos objetivos que perseguiam, quando menos umha das partes em conflito, a restituçom das propriedades nacionalizadas que pertenciam a distintas famílias italianas e israelitas, vinculadas ao regime monárquico líbio que se instaurou por parte das potencias ganhadoras da Segunda Guerra Mundial. Umha devoluçom que se fara sem lugar a dúvidas a cámbio da liberalizaçom e privatizaçom das riquezas líbias, postas em bandeja para ser explotadas pola Uniom Europeia, USA e mesmo regímens da zona como Israel.
Eis as razons últimas da força militar imperial, autodenominada Comunidade Internacional; eis a diferencia entre o movimento opositor líbio, por muito que entre eles poida existir algum grupo pan-arabista e democrático, com críticas fundadas ao governo de Gadafi, e os movimentos populares de Egito, Argel, Tunicina ou o 15M. Em Líbia a bandeira da liberdade está movida polo vento do dinheiro; o ritmo dos cantos e das consignas está marcado polas bombas e os morteiros; as únicas assembleias som as reunions às que asistem as grandes potencias onde se vam decidindo dia trás dia, as sançons, as agresons, a destruiçom…
A operaçom militar resultou muito exitosa. Consolida-se logo como um precedente a nivel internacional. Abre-se a veda da caça de governos hostis ao Império. Umha chamada telefônica, um pequeno contrato de venda das riquezas do país, umha reuniom do Conselho de Seguridade da ONU…, e um grupo opositor pode ser posto no poder por este novo exército de liberaçom a conveniência, que é a OTAN. Quem será o seguinte? Venezuela? Bolivia? Ecuador?…
Na reportagem fotográfica feita depois da reuniom celebrada esta semana entre a ministra Carme Chacón e a ministra Trinidad Jimenez, havia moitos sorrisos. Nada adequado para avaliar umha guerra onde se está participando, matando, destruindo povoaçons e infraestruturas que nom lhes pertencem, ou é que tenhem saudade de quando Fernando O Católico conquistou Trípoli em 1510? Ou o sorriso é porque os interesses de REPSOL estám assegurados? Seria este o poder co que sonhavam estas duas mulheres socialistas, democratas, e no seu momento pacifistas? Que perverso processo pessoal anulou a sua consciência?
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