Bob Kuttner escreveu uma excelente coluna em The American Prospect sobre "política da dívida". Deixem-me debruçar-me um bocado sobre isso.
Se se observam as exigências de política económica que vêm da direita à vista da presente queda, diria-se que parecem notavelmente insensíveis ao facto de que, precisamente, nos achamos em uma situação de queda económica. Ao começo, alguns conservadores urgiam ao uso de políticas monetárias, não fiscais, para estimular a economia (e tínhamos aos que, como Greg Mankiw e Ken Rogoff, reclamavam um período de inflação acima do normal. Mas cedo foram calados, e o que a direita exige agora não é só austeridade fiscal (embora sem aumentar impostos), senão também rigor monetário. Os monetaristas modernos, como Scott Sumner, encontram-se agora sem refúgio político.
Que é o que explica essa oposição a qualquer médio concebível para mitigar o desastre? Eu posso imaginar várias causas, mas Kuttner argumenta muito bem a favor desta explicação: todo o que estamos a ver só faz sentido, se a direita política se converteu na representante dos interesses dos rendistas, dos credores tedores de títulos do passado -bonos, empréstimos, efetivo-, gentes que se acham, isto é, em grande contraste com quem tratam de se ganhar a vida produzindo coisas. A deflação é um inferno para os trabalhadores e os proprietários de empresas produtivas, mas é o céu dos credores.
Não quero dizer com isso que estejamos a assistir a um exercício de cinismo; a minha experiência é que há relativamente pouca gente capaz de manter conscientemente em segredo uma estante de livros intelectuais e que pregue o regresso neandertalense ao padrão oro, porque isso favorece os seus interesses, ao mesmo tempo em que relé de noite a Keynes para saber que está a passar realmente. Não; eu acho que, em general, a gente termina por achar todo aquilo que se compadece bem com os seus interesses. E talvez nem sequer isso: eu suspeito que há um bom número de proprietários de pequenas empresas que acham fielmente nas alertas de hiperinflaçao lançadas por Glenn Beck em 2010, sem percatar-se de que a intimidação da Reserva Federal é precisamente o que lhes manteve a flutue.
De modo, pois, que pensar no que está a acontecer em termos de regime dominado por uns rendistas que vêem servidos os seus interesses a expensas da economia real ajuda muito a entender a situação.
Se se observam as exigências de política económica que vêm da direita à vista da presente queda, diria-se que parecem notavelmente insensíveis ao facto de que, precisamente, nos achamos em uma situação de queda económica. Ao começo, alguns conservadores urgiam ao uso de políticas monetárias, não fiscais, para estimular a economia (e tínhamos aos que, como Greg Mankiw e Ken Rogoff, reclamavam um período de inflação acima do normal. Mas cedo foram calados, e o que a direita exige agora não é só austeridade fiscal (embora sem aumentar impostos), senão também rigor monetário. Os monetaristas modernos, como Scott Sumner, encontram-se agora sem refúgio político.
Que é o que explica essa oposição a qualquer médio concebível para mitigar o desastre? Eu posso imaginar várias causas, mas Kuttner argumenta muito bem a favor desta explicação: todo o que estamos a ver só faz sentido, se a direita política se converteu na representante dos interesses dos rendistas, dos credores tedores de títulos do passado -bonos, empréstimos, efetivo-, gentes que se acham, isto é, em grande contraste com quem tratam de se ganhar a vida produzindo coisas. A deflação é um inferno para os trabalhadores e os proprietários de empresas produtivas, mas é o céu dos credores.
Não quero dizer com isso que estejamos a assistir a um exercício de cinismo; a minha experiência é que há relativamente pouca gente capaz de manter conscientemente em segredo uma estante de livros intelectuais e que pregue o regresso neandertalense ao padrão oro, porque isso favorece os seus interesses, ao mesmo tempo em que relé de noite a Keynes para saber que está a passar realmente. Não; eu acho que, em general, a gente termina por achar todo aquilo que se compadece bem com os seus interesses. E talvez nem sequer isso: eu suspeito que há um bom número de proprietários de pequenas empresas que acham fielmente nas alertas de hiperinflaçao lançadas por Glenn Beck em 2010, sem percatar-se de que a intimidação da Reserva Federal é precisamente o que lhes manteve a flutue.
De modo, pois, que pensar no que está a acontecer em termos de regime dominado por uns rendistas que vêem servidos os seus interesses a expensas da economia real ajuda muito a entender a situação.
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