19/10/2010

As cifras de concentraçom mundial da riqueza

Daniel Reventós. Artigo tirado e traduzido desde aqui. Daniel Reventós é professor da Faculdade de Economia e Empresa da Universidade de Barcelona, membro do Conselho Redactor de Sin Permiso e presidente da Red Renta Básica. O seu último livro data de 2007 e intitula-se Las condiciones materiales de la libertad, publicado pola editora El Viejo Topo. Conta em galego-português com um artigo aparecido na revista Agália.



Os estudos sobre a pobreza e os pobres som muito abundantes. Os estudos sobre a riqueza e os ricos nom som tam profusos. Gavinetes de sociologia, de filosogia política ou de enomia de qualquer faculdade do mundo, revistas académicas de ciências sociais, multitude de governos, institutos estatísticos, muitas cámaras municipais, jornais, organismos internacionais... produzem quantidades formidáveis de informes, estudos, organismos internacionais... produzem quantidades formidáveis de informes, estudos, tesinhas doutorais, estatísticas e artigos sobre os mais incríveis aspeitos da pobreza. Alguns até som bons e úteis. A conhecida publicista e activista de ATTAC Susan George descreve a situaçom com nom pouca troça: os pobres? que comam investigaçons!

Os ricos estám mais a coberto de inoportunas investigaçons que exponham de forma bem documentada as cada vez maiores desigualdades actualmente existentes no mundo, possibilitadas e fomentadas polo desenho político e económico das nossas sociedades.Desigualdades que se estám incrementando como conseqüência da tremenda ofensiva lançada ao longo dos últimos meses contra as condiçons sociais das classes trabalhadoras; umha guerra de classes implacável. Já se disfarçam de impossibilidade de fazer outras políticas diferentes, já de realismo económico (sic), ou até de políticas de esquerda (no colmo do delírio), as políticas económicas desenhadas nestas postreiras semanas som para benefício dos ricos e, como lógica contraparte, para expólio e desgraça dos pobres e as classes trabalhadoras.

Assim, perante os pouco dados sobre os ricos, os documentos como os que publicam anualmente Merryll-Lynch e Capgemini sobre a riqueza e os seus detentadores tenhem um indiscutível interesse para conhecer como vam evoluindo as cousas nesse ponto. Merryl-Lynch é umha empresa muito conhecida que há dous anos foi adquirida polo Bank of America por 44.000 milhons de dólares; Camgemini, nom tam afamada como a anterior, é umha empresa com mais de 90.000 empregados no mundo e uns ingresos globais manifestos de 8.400 milhons de euros em 2009, que se dedica, segundo declara ela própria, à provisom de serviços de consultoria, tecnologia e outsourcing. Merryl-Lynch e Capgemini trabalham para os ricos.

Nom pode extranhar que queiram conhecer bem o objecto principal dos seus negócios. E para isto realizam uns informes anuais sobre o estado dos ricos e das suas riquezas que achegam dados de indisputável interesse. O último informe disponível é o recentemente publicado do ano 2010 e achega dados de 2009 e anos anteriores. Também se editou um informe dedicado exclussivamente aos ricos da "regiom Ásia-Pacífico". Os dados que a continuaçom se exponhem estám obtidos destes dous informes, assim como do informe global de 2009 [1].

Os informes de Merryll-Lynch e Capgemini estabelecem umhas definiçons sobre os ricos dos que vam a informar. A uns designa-os por HNWI polas siglas de High Net Worth Individuals (quer dizes, indivíduos de valor neto elevado), a outros chama-os UHNWI (a "U" vai por ultra). Os primeiros som os que tenhem activos superiores ao milhom de dólares entre os que nom contabilizam a primeira residência, os bens consumíveis, os bens coleccionáveis e os bens de consumo duradouro. Quer dizer, trata-se de avaliar nestes informes o que estes ricos tenhem como efectivo e activos fácil e rapidamente convertíveis em liquidez. Para os segundos, os UHNWI ou Ultra-HNWI, val a mesma definiçom, mas subindo o nível a 30 milhons de dólares. Segundo as definiçons expostas, fica às claras que se trata de pessoas com umha riqueza efectiva superior, como ficaria reflectido se se engadissem os bens nom comtabilizados às quantidades respeitivas de um e 30 milons de dólares.

A partir das mencionadas estipulaçons Merryl-lynch e Capemini, no mundo havia 8'8 milhons de HNWI no ano 2005, aumentárom a 9'5 no ano seguinte e ainda o figérom até 10'1 milhons no ano 2007. No 2008, com o estourido da crise económica, o número de HNWI volveu aproximadamente aos mesmos níveis de 2005, com 8'6 milhons em todo o mundo. Porém, já em 2009 a cifra alcançada era de 10 milhons, quase o mesmo nível do ano 2007, anterior à crise. A riqueza conjunta de todos os HNWI do mundo foi, nestes mesmos anos, de 33'4 bilhons (sim, trillion em inglês dos EUA) de dólares no 2005, 37'2 no 2006, 40'7 no 2007, para baixar até os 32'8 em 2008. E para volver subir em plena crise do ano 2009 a 39 bilhons. Para tomar na sua justa proporçom as quantidades das que estamos falando bom seria considerar que equivalem aproximadamente 3 vezes o PIB dos EUA. E entre 30 e 40 vezes, segundo o ano, o PIB do Reino de Espanha. Francamente espectacular.

O selecto grupo dos Ultra-HNWI estava formado no ano 2009 por soamente 93.100 pessoas em todo o planeta. Aproximadamente umha de cada 75.000 pessoas que no mundo existe é um Ultra-HNWI. E, dado interessante, a riqueza que concentravam era de 35'5% da acaparada por todos os HNWI, enquanto que soamente representava 0'9% dos mesmos. Ou seja, estes 93.100 campions mundiais de riqueza tinham uns activos de mais de 13.845.000.000.000 de dólares. O que representa umha quantidade semelhante ao PIB de toda a Uniom Europeia.

Entre os EUA (com quase 2'9 milhons), o Japom (com quase 1'7 milhons) e a Alemanha (com 861.000), centram 53% de todos os HNWI do mundo do último ano até onde se disponhem de dados até o momento: o 2009. O Reino de Espanha tem a nada despreciável cigra de 143.000 HNWI, para este mesmo ano. Isso significa situar-se no lugar número 12 desta classificaçom mundial de ricaços.

Como afectaria a crise a estas riquezas? Bom seria vê-lo no informe que Capgemini e Merryl-Lynch fagam com dados do 2010. Porém de momento, podemos esperar de forma razoável que, depois dalgum tropezo, irá-lhes fantasticamente. Dous pontos de apoio desta afirmaçom som as seguintes. Em primeiro lugar, a própria previsom que fam Capgemini e Merryl-Lynch é que no ano 2013 os HNWI lograrám acumular umhas fortunas (lembremos que, para o cálculo das mesmas, nom se contabilizam a primeira residência, os bens consumíveis, os bens coleccionáveis e os bens de consumo doradouro) da ordem de 48'5 bilhons de dólares! Multiplicarám, de cumprir-se a previsom de Capgemini e Merryl-Lynch, a fortuna que disponham globalmente em 2008 por quase 60%, em cinco anos. De momento, o 2009 foi-lhes mais do que bem. O segundo ponto de apoio mostra da nossa afirmaçom achega-o o anteriormente citado informe de 2010 dedicado exclussivamente aos ricos da "reigom Ásia-Pacífico". Os dados mais interessantes deste informe desvelam que já em 2009 os níveis de riqueza acumulada polos HNWI da regiom, volviam também aos níveis de 2007, anterior à crise. Quer dizer, os HNWI crescêrom em 2009 exactamente 25'8% e a sua riqueza conjunta 30')% a respeito do ano anterior. Japom concentrava em 1009 54'6% de todos os HNWI da regiom e 40'3% da riqueza dos mesmos.

A conclusom do informe de Capgemini e Merryl-lynch é: "arredor do planeta, a criaçom de HNWI e de riqueza depende muito estreitamente do êxito de cada país na gestom da incipiente recuperaçom económica... e dos desafíos globais nas condiçons financeiras". O que tem por condiçom, já em palavras mais directas, "servir-se da crise bancária (gerada por empréstimos imobiliários de má qualidade e pola morosidade, nom por uns coustos laborais altos) como ocasiom para mudar as leis e permitir que as empresas privadas e os entes públicos podam despedir barato e mais discrecionalmente aos trabalhadores, assim como reduzir as aposentadorias e o gasto social a fim de pagar aos bancos" [2]. Umha guerra de classes em toda regla.

Notas: [1] Pueden obtenerse en http://www.at.capgemini.com/. [2] Michael Hudson (2010): “Huelgas contra un golpe de Estado financiero en trance de obligar a Europa a cometer suicidio económico, demográfico y fiscal” (en http://www.sinpermiso.info/articulos/ficheros/hudsonh.pdf).

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