14/12/2010

De Maura a Rajoy

Antom Fente Parada.



O Reino de Espanha propom umha reduçom de mil milhons de euros no orçamento de Defesa para o ano 2011, umha poupança de 7% a respeito do exercício anterior. A medida estrela é a reduçom de 3.000 efectivos, mas o Governo nom anulou nengum dos seus grandes projectos industriais de armamento em que ainda investirá 15.000 milhons de euros. Realmente mais, já que a dilaçom prevista significa refinanciar os projectos com as indústrias militares para rematar pagando mais juros e encarecendo as armas. Mais um caso de parasitismo para a economia real, enquanto se aumentam os impostos indirectos que recaim sobre as maiorias sociais, por exemplo a subida do tabaco operada desde o Governo Central ou a muito mais preocupante e ilógica criaçom dum imposto sobre a auga planificado pola brigada de demoliçom e limpeza étnica instalada na Junta da Galiza. 

Entre tanto, as rendas altas seguem desfrutando duns privilégios incríveis na linha desse "socialismo dos ricos" tam do gosto ultraliberal. No recente livro de Ignácio Ramonet, A catástrofe perfeita, indica-se:
As 225 fortunas mais grandes do mundo representam um total de mais dum bilhom de euros, quer dizer, um equivalente ao ingreso anual de 47% dos indivíduos mais pobres da populaçom mundial (2.500 milhons de pessoas!). Uns poucos indivíduos som mais ricos do que estados enteiros.
Contodo, no último barómetro do CIS, apresentado em 9 de dezembro, indica-se que a populaçom do Reino de Espanha acredita que a melhor instituiçom do Reino som as Forças Armadas (5'71 pontos) seguida pola monarquia (5'36 pontos) à vez que 40% está pouco ou nada satisfeito com a Constituiçom e 47'1% está pouco ou nada satisfeito com a democracia, enquanto o Parlamento só recebe o apoio de 20% dos cidadaos. Os dados som tam contundentes que nom merecem praticamente comentários e estám em qualquer manual que explique as condiçons necessárias para o ascenso da ultradireita nacionalista e xenófoba e ainda do fascismo disfarçado com novas roupagens. Como assinala Boaventura de Sousa Santos:
  O fascismo social é uma forma de sociabilidade em que as relações de poder são tão desiguais que a parte mais poderosa adquire um direito de veto sobre as condições de sustentabilidade da vida da parte mais fraca. Quem está sujeito ao fascismo social não vive verdadeiramente em sociedade civil; vive antes num novo estado de natureza, a sociedade civil in-civil.
A absoluta perda de creto da caste política tem sido também analisada em reitaradas ocasions por Xosé Manuel Beiras: "unha cidadanía que reiteradamente se sinte defraudada polas opcións e os dirixentes políticos aos que sucesivamente vai conferindo o poder para a solución das súas necesidades e a defensa dos seus dereitos e intereses", e, em sintonia com o exposto por Sousa Santos:
A substancia de toda cultura cívico-social-democrática disípase para dar paso a unha nova especie de totalitarismo que impón ideoloxemas enraizados no darwinismo social. A competitividade, ou sexa, o combate interindividual como método para a supervivencia dos máis fortes nunha dinámica social atomizada, que exclúe o principio de cooperación, estimula ao cabo actitudes e comportamentos asociais, é dicir, ao remate, a erradicación da vivencia e do concepto mesmo de comunidade, tanto na valencia cultural como na valencia socio-política, incluídos mesmo primordialmente a vivencia e o concepto de comunidade no sentido da socioloxía dun Tönnies e do pensamento político dun austro-marxista como Otto Bauer. Mesmo da vivencia e o concepto de comunidade nacional que se converte entón en branco prioritario dos ataques do pensamento único porque se revelou, na Historia Contemporánea, como forma de comunidade dotada de maior ou menor cohesión e enraizamento na conciencia social dos pobos, mesmo á marxe da existencia ou non dun aparato de Estado uninacional com superestrutura xurídico-política propia desa comunidade (1).
Bem é certo que se poderia aduzir que tanto pola esquerda como pola direita se pode chegar aos resultados antes apresentados no inquérito do CIS, mas parece mais do que evidente a quem responde a hegemonia no momento actual e quem modela o horizonte de expectativas social. Como dizia Carvalho Calero no poema "Elegia":  Tantos anos junguidos à mesma canga. Tantos / abalando o pescoço para espilir o jugo (....) / Rumindo o tempo e arrastando o carro / juntos.

A crise da II Restauraçom bourbónica lembra assim poderosamente ao ponto em que Maura encabeça um Governo de concentraçom nacional, algo polo que já clamam os todólogos, mercenários dos poderes fácticos como o impresentável Mario Vargas Llosa. Outros todólogos já falam abertamente de submter-se "a la dictadura de los mercados". Todavia, a pior instituiçom valorada polos cidadaos som os partidos políticos (2'88 pontos) e enquanto 48'9% acredita que a política é tam complicada que a gente nom a entende, 74'6% pensa que, esteja quem esteja no poder, sempre primarám os seus interesses persoais.

A trama Gürtel, a mercantilización e professionalizaçom da política - reduzida realmente a simples administraçom do Estado - e, em definitiva, a farsa desta II Restauraçom bourbónica condicionam este desmoronamento e descrédito das instituiçons e parecem abrir passo nom a mais democracia, mas a novas formas de fascismo social, financeiro e político. Quase nada, voltando ao Carvalho Calero, desta volta em "Les nourritures célestes", Umha liçom de geografia económica / nom é farinha para o meu coraçom. De Maura a Rajoy, e da Unión Patriótica e a Falange às unions de "progresso" e "democracia" aos partidos "populares" e da "liberdade".

(1) Xosé Manuel Beiras Torrado (2002), "Permanencia e cambio estrutural na mundialización" em Por unha Galiza liberada e novos ensaios, Culheredo: Espiral Maior, 2008, p. 326.

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