09/12/2010

"Avenç democràtic o involutió: dues alternativas de sortida a la crisi", jornadas de "Sin Permiso" em Barcelona

Antom Fente Parada.


 O 10 e o 11 de dezembro celebram-se em Barcelona  as jornadas de Sin Permiso 2010 com representantes do mais selecto da intelectualidade de esquerdas mundial. Lamentando profundamente nom poder assistir sim que no guieiro ou relatório da organizaçom já há inúmeras questons e apontamentos a termos em conta os irmandinhos agora que nos dispomos à celebrarmos o próximo 15 de Janeiro a nossa III Assembleia Nacional no trance histórico mais importante e decisivo de quantos tem vivido até agora o nosso colectivo.

O Reino de Espanha topa-se submetido pola mao-de-ferro dos "mercados", quer dizer, das elites, da bancocracia ou plutocracia que esmaga o poder político e a soberania popular da mao dos seus lacaios, o binómio político-mediático. A última nota grotesca, quase tirada das Luces de Bohemia de Valle-Inclán dérom-no-la os impresentáveis que apresentárom perante o rei um documento crítico-alternativo. Empresários, economistas e sociólogos de meio pelo, mercenários da escrita, rendistas e parasitas vários reclamavam, com escasso rigor e pior metodologia, pouco menos que um golpe brando de Estado a fim de submeter o Reino de Espanha, cito literalmente, a umha "dictadura de los mercados". Logo dirám que o Boaventura de Sousa Santos nom levava razom quando falava da ditamole ou que a história nom se repite como tragédia e como farsa com as cada vez maiores concomitáncias entre a crise da I Restauraçom bourbónica e o decrépito esborralhamento desta II Restauraçom bourbónica, só que agora o Primo de Rivera chama-se "Legión" como o dianho da Bíblia, porque som muitos.

Debate I: A crise do modelo do pacto social da pós-guerra

O ultraliberalismo, a financiarizaçom e a globalizaçom das três últimas décadas som características consustancias do Imperialismo na etapa dum capitalismo em permanente crise pola sobreproduçom e a concorrência desmedida e que cada vez padece mais para desprazar geograficamente as suas contradiçons inerentes. Isto dificulta a acumulaçom e acelera o que Marx denomiou no livro III de O Capital como a lei da baixa tendencial da taxa de ganho.  A "eutanásia do rendista" propugnada por lord Keynes deu passo a denominanda por alguns analistas "vingança do rendista" desde a contrarregorma ultraliberal dos Hayek e Freedman ensaiada no fascista Chile de Pinochet e implementada no centro por Tatcher e Reagan. Em 1936 Keynes pensava que a "eutanásia do rendista" poderia conseguir-se em "umha ou duas geraçons" permitindo pôr fim ao capitalismo catastrófico. 

Em quê consistiria hogano esse programa de eutanásia do rendista? Quais som as suas bases sociais? Abriria um caminho para a reorganizaçom democrática da vida económica e dum socialismo democrático para este terceiro século de socialismo? Como evoluiu a distribuiçom da renda em Eurolándia, no Reino de Espanha e na Galiza nas últimas décadas? Poderia hoje um programa político-económico sério de "eutanásia do rendista" ser o eixe da luita política dumha esquerda séria e nom resignada, ora à capitulaçom social-liberal, ora ao pataleio seitário e narcisista?

Debate II: A crise de representaçom política

Como já apontamos a instáncia política mostra-se impotente perante a aristocracia financeira internacional face a que só se ergue a expresom política de resistência dos sindicatos operários, mediaticamente acosados,  e dos movimentos sociais, ainda muito fragmentados. Assim o golpe de estado financeiro na Eurolándia nom está topando praticamente resistência o que leva a alguns cidadaos a perguntar-se se somos idiotas.

Tal e como Keynes anunciara nos anos quarenta a remundializaçom da economia implicou a criaçom dum parlamento virtual do dinheiro, que nom é eleito polos cidadaos e ainda por parte anula as decisons dos parlamentos eleitos que se convertem em "cámaras de gás". Porém isto é ainda hoje muito pior do que no tempo de Keynes com novos instrumentos especulativos como os CDS, os mercados de matérias primas a futuros e toda guisa de máfias para lembar-nos que a palavra trabalho vem de TRIPALIUM, um instrumento de tortura empregado polos amos para disciplinar os escravos. Em Eurolándia a actuaçom do BCE e a "armadilha do euro" apenas fai piorar a situaçom com um horizonte a cada passo mais preto.

Seguem valendo os partidos políticos que se dim de esquerda? Que peagens tem de pagar hoje a esquerda política para inserir-se nuns sistemas políticos crescentemente percebidos pola cidadania como impotentes? Deveriam os sindicatos e os movimentos sociais resistentes começar a pensar na organizaçom dumha representaçom política de novo carimbo que faga ouvir as suas vozes nas instituiçons democráticas ou no que ainda fica em pé delas? Como reartelhar a relaçom entre a esquerda social realmente existente e os seus cauces de representaçom política?


Debate III: A natureza da crise

A presente crise é umha das três grandes crises registadas historicamente e se atendemos à tese do longo declínio umha das últimas, ou a crise constante do capitalismo muribundo. Umha longa doença sobre um animal ferido que morrerá matando. Estourou como umha crise creditícia nas subprime nos EUA e mudou em crise bancária e financeira para passar à economia produtiva "real" geranto desempregados a moreias, inçar a inflaçom por sobreendividamento privado e, por último tornar a dívida privada em pública e possiblitar o contra-ataque deste capitalismo mágico-financeiro nos inamovíveis dogmas do ultraliberalismo... começava a história, estória mais bem, da austeridade.

Porém nom só se lhe acaba o tempo ao capitalismo, também pode rematar para humanidade e tornar-se certa a dicotomia exprimida já por Marx e logo resgatada por Rosa Luxemburgo: "socialismo ou barbárie". Vivemos umha auténtica crise de civilizaçom desconhecida nas anteriores crises do capitalismo e que trouxo consigo desorientaçons nas análises da esquerda coma o pós-industrialismo ou pós-fordismo na estrutura e o pós-modernismo na superestrutura. Umha crise de civilizaçom que contempla a crise ecológica, a crise alimentar e a crise energética derivada do esgotamento dos combustíveis fósseis que criárom a ficçom dum crescimento perpétuo e exponhencial da mao do "progresso",a destruiçom criativa do capitalismo.

Em quê sentido é a actual crise  umha crise económica capitalista clássica no sentido marxiano? Quê traços históricos a singularizam como crise económica capitalista a respeito da crise da década de trinta? Quê relaçom guarda com a crise energética? Quê relaçom com a crise alimentar derivada, entre outras cousas, da destruiçom da agricultura tradicional e ainda das "economias camponesas naturais", assim como da irruçom dos mercados internacionais de especulaçom financeira a futuro com matérias primas? Quê relaçom é que tem com a crise do meio ambiente e a ameaça da mudança climática que o ultraliberalismo só vê como negócio?



Debate IV: E se houvera que sair do euro?

A pertença ao euro e a renúncia à soberania monetária rematou por colocar as economias periféricas da UE numha situaçom insustentável em que a soberania fiscal se perdeu até o extremo que parece nom existir alternativa aos recortes, o famoso TINA tatcheriano. Em 1934 Keynes, muito citado no guieiro de Sin Permiso como podedes comprovar, lembrava-lhe a Roosevelt, criador da política de porta aberta que dotou aos EUA da hegemonia Imperialista que agora parecem perder, que "nom há a menor possibilidade de praticar reformas sociais sérias, sem lograr previamente sacar a economia do poço da depresom com políticas expansivas".

É possível luitar ainda por umha UE democratizada? E se nom o é -o que cada vez resulta mais evidente-, é inevitável a ruptura da uniom monetária europeia e a saída do euro de estados como o Reino de Espanha? Sair do euro teria uns terríveis custes, nom apenas económicos, deve a esquerda séria começar a pôr-se à cabeça deste processo de recuperaçom da soberania económica plena (começando pola monetária)? Nom seria umha catastrofe que a esquerda for a remolque desse possível processo sem antecipá-lo e encabeçá-lo abrindo com a sua passividade um espaço político imenso a aventuras populistas e nacionalistas neofascitas?

No Encontro Irmandinho estaremos atentes às respostas que estas perguntas gerarám no marco destas excelentes jornadas. Entre tanto, muitas senom todas estas questons já estám na agenda dos relatores da s ponência política e organizativa da nossa III Assembleia Nacional e muitas delas centrarám os nossos debates o vindouro quinze de janeiro. Quantos mais sejamos melhor... que assim seja.

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