17/01/2011

O projecto universitário europeu bate com a crise económica

Artigo extraído de aqui e traduzido por nós.

O despliegue de Bolonha coincide com recortes generalizados. Os maiores cisalhaços produziram-se em Reino Unido, Letónia, Itália e Grécia
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O texto deixa bem as claras como enquanto o centro de Europa advoga por melhorar a sua educaçom superior para formar os técnicos das empresas e do capital do manhá, a periferia (e já nom digamos a periferia da periferia onde se insire Galiza como parte dos PIG) que fica como fornecedora de mao-de-obra barata e, em definitiva, fai-se umha reactualizaçom do conceito da geografia antropológica ou antropogeografia desenvolvida por Friedrich Ratzel, pai do termo "lebensraum", que o toma do conceito do "destino manifesto" vigente na altura nos EUA, e desenvolvido logo, o lebensraum, polos nazis para  justificar as suas acçons em política exterior no Leste.


Especialistas e professores queixavam-se faz tempo de ter que sacar adiante a reforma universitária européia (o processo de Bolonha) a custo zero, isto é, sem financiamento extra. Mas é que, finalmente, o têm que fazer, inclusive, com menos dinheiro que dantes pelas restrições orçamentas que decidiram os Governos para fazer frente à crise económica na maioria dos países do continente. Isso sim, com diferente grau de impacto na cada um.

Em Reino Unido, Letónia, Itália e Grécia é onde os recortes de financiamento público estão a ser mais drásticos, segundo o último relatório do observatório dos recortes universitário de Associação Européia de Universidades (EUA, em suas siglas em inglês). Reino Unido recortará o 40% do orçamento universitário até o curso 2014-2015, redução que pretende paliar, ao menos em parte, aumentando o preço das matrículas.

Em Letónia, a um descenso de 48% em 2009 seguiu-lhe outro de 18% em 2010, entre outras razões, por recomendação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Em Itália, onde o recorte será de 20% até 2013, a situação é já crítica "em 25 universidades", diz o texto da EUA, ainda que se resiste às citar por seu nome. E em Grécia, o Governo impôs às universidades uma redução de 30%, mas serão elas mesmas as que decidam como o fazer.

O relatório também assinala recortes de até o 10% em Irlanda, Islandia, Estónia, Romênia, Lituania, República Checa, Croácia ou Macedonia. Neste grupo, ainda que não se menciona, tem de estar Espanha, ainda que só seja pela baixada de 5% do salário aos servidores públicos públicos. A Conferência de Reitores das Universidades Espanholas (Crue) calcula que por esse motivo a baixada será de uns 300 milhões de euros.

Em países como Bélgica ou Áustria, o que ocorreu é que as universidades tiveram que renunciar às promessas de aumentos orçamentas. Os únicos Estados nos que não teve recortes ou foram realmente mínimos são Noruega, Suécia, Finlandia, Dinamarca, Países Baixos, Polónia e Suiça. No entanto, ali o que ocorre é que têm que atender a mais alunos com o mesmo dinheiro, diz o relatório.

"Não é o Processo de Bolonha, como tal, o que está em perigo", explica por correio electrónico o secretário geral da EUA, Lesley Wilson, "no entanto, parece claro que sua correcta aplicação poderia se frear nos países onde há importantes recortes ou incrementos no número de estudantes sem a suficiente asignación de fundos". Desde depois, nessas condições, parecem, no mínimo, complicar-se os objectivos de Bolonha, isto é, modernizar a universidade européia, com uma estrutura comum, com novas formas de ensinar e aprender, para poder competir com as melhores universidades estadounidenses e com a emergente pressão das asiáticas.

Para o experiente em educação José Joaquín Brunner, recorte-los terão efeitos contradictorios. "Por um lado, podem acelerar o processo de Bolonha, dado que obrigarão em alguns casos a racionalizar o serviço docente e a modernizar sua provisão. No entanto, em outros casos, o impacto será negativo, pois vários dos objectivos de Bolonha implicam, por necessidade, aumentos de custo: a movilidade de estudantes e professores, a introdução da perspectiva européia no currículo ou a aprendizagem de um segundo idioma", explica o especialista chileno.

O presidente do Crue e reitor da Universidade de Cantabria, Federico Gutiérrez-Solana, resume: "A adaptação será mais lenta, e com piores resultados, simplesmente, porque os meios não são os adequados".

Em qualquer caso, as universidades de dois países europeus, com independência de Bolonha, sairão previsivelmente da crise em melhores condições para competir no mundo. São França e Alemanha, que longe de congelar ou reduzir orçamentos, os aumentaram: em França foram 11.000 milhões extra no ano passado e 4.700 milhões este; e em Alemanha, 3.500 milhões até 2015.

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