A mais recente previsão de resultados da eleição para o parlamento regional da Escócia aponta para um considerável aumento da votação dos independentistas escoceses que lideravam a intenção de voto com valores entre 45% e 51%.
O partido independentista, que conseguiu 31% dos votos e 47 deputados nas últimas eleições, deverá agora eleger 65 representantes num parlamento com 129 lugares, o que lhe dá uma maioria absoluta pela primeira vez na história parlamentar escocesa.
Entre as promessas eleitorais dos nacionalistas do SNP (Scottish National Party) está a realização de um referendo sobre a independência da Escócia.
A questão da independência escocesa é muito antiga. A Escócia mantém tradicionalmente uma relação conflituosa com a Inglaterra. A Escócia foi independente durante 760 anos desde 843 até 1603, ano em que ocorreu uma União Dinástica entre as coroas da Escócia e da Inglaterra.
A União Dinástica não representou no entanto o desaparecimento da Escócia, já que o país continuou a existir separadamente da coroa inglesa, partilhando no entanto o mesmo monarca.
A União Dinástica foi facilitada pelo facto de o novo monarca ser na realidade escocês. Na prática, foi o rei da Escócia que se tornou rei de Inglaterra.
De uma forma ou de outra a identidade escocesa foi sendo mantida ao longo de séculos, chegando ao século XX com capacidade para impor um referendo em 1979. Nesse referendo 51% dos eleitores votaram favoravelmente a separação mas a lei determinava que tinham que votar a favor, pelo menos 40% dos eleitores inscritos. Como apenas 32% dos eleitores inscritos se mostraram favoráveis à separação, a proposta não foi aprovada.
A questão escocesa é vista com interesse em vários países europeus onde as questões dos nacionalismos internos se colocam com particular relevo.
Na Bélgica, a separação das duas principais regiões do país, a Flandres e a Valónia continua na ordem do dia e o país está há quase um ano sem governo por causa disso.
Na Espanha os nacionalismos catalão e basco, continuam a dar suores frios aos «espanholistas» do governo de Madrid.
Ao contrário da Bélgica ou da Grã Bretanha, em que a separação é vista como indesejável mas não dramática, em Espanha teme-se uma reacção violenta por parte dos militares caso a questão da separação se venha a colocar no futuro. Em 1936, por causa de questões autonómicas e para preservar a unidade da Espanha, o general Francisco Franco revoltou-se contra o governo dando origem à mais sangrenta guerra civil da Europa ocidental [em realidade sob a "unidade de Espanha" acochavam-se interesses de classe]. Espera-se uma vitória eleitoral dos neo-franquistas do PP Partido Popular nas próximas eleições legislativas espanholas.
Teme-se também que, qualquer separação dentro da União Europeia, contribua para que vários movimentos secessionistas europeus ganhem força, tanto na Itália como na França.
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