07/11/2011

Escócia: via livre para a independência

Traduçao galega do Diário Liberdade (aqui).

Todo parece estar de cara para os partidários da separação: uma maioria absoluta parlamentar, um contínuo aumento de independentistas nos inquéritos, uma oposição sem líderes nem propostas claras, e inclusive uma doação multimilionária por parte de um dos grandes poetas escoceses.

O vento sopra a favor dos independentistas escoceses, capitaneados de uma maneira mais decidida que nunca pelo primeiro ministro e líder do Scottish National Party (SNP), Alex Salmond, um homem que recolhe uma listagem de sucessos políticos em progressão exponencial -primeira vitória independentista em Holyrood, em 2007, primeira maioria absoluta independentista em Holyrood, em 2011- mas que se encontra agora no momento mais doce dos seus quase 40 anos de trajetória política.

O SNP apresentou, após o congresso do partido em Inverness na semana passada, uma proposta que traça o caminho para o referendo de independência no final desta legislatura, no ano 2014. Uma tarefa que, não precisa dizê-lo, o partido encara com uma relativa tranquilidade graças à maioria parlamentar de quel dispõe. Mesmo, até há bem pouco o relato oficial de analistas e partidos de oposição era que, se bem a SNP desfruta do apoio da maioria de população, não passa o mesmo com a sua proposta estrela, de modo que o resultado de um potencial referendo seria, com toda probabilidade, a vitória do 'não' à separação.

Agora, porém, também isto pode ter mudado. Um inquérito recente realizado para o jornal inglês The Independent mostra como o povo escocês aprova a independência nuns 49%, enquanto que 37% votaria contra. E, o que ainda resulta mais surpreendente é que mesmo o conjunto da população do Reino Unido está, segundo este inquérito, a favor da separação, ainda que seja só por um ponto percentual.

Rumo à independência

Muitos factores fazem que este pareça um momento realmente favorável para os ventos independentistas à nação celta. O executivo liderado por Salmond ganhou-se uma fama de boa equipa gestora, sem populismos e sobretudo esgrimindo argumentos económicos pela independência, olhando-se no espelho dos países pequenos que têm petróleo -como a Noruega- e os que estão na vanquarda das energias limpas -a Dinamarca-.

No entanto, no campo contrário, o dos partidos unionistas, a confusao é considerável. Nem Laboristas, nem Conservadores nem Liberaldemocratas parecem ter uma alternativa que possa contrarrestar o discurso de um SNP cada vez mais seguro de sim próprio, mais contundente nas suas propostas e mais beligerante perante Londres. Estes três partidos tiveram de mudar de líder como consequência dos maus resultados eleitorais do maio passado, e mesmo um antigo dirigente laborista, Henry McLeish, alertou do perigo da “aplanadora” do SNP, partido que, segundo o seu parecer, “tem o controle de uma estrada constitucional que tem um só sentido”.

Outros analistas aventuram que as chaves do sucesso de Salmond estám na sua audácia -arrogância, mesmo-, combinada com um uso inteligente das ferramentas de comunicação, com uma maquinaria de campanha que, segundo Allegra Stratton de The Guardian, “faria chorar o Partido Democrata dos EUA”.

Por se todo isto não fosse suficiente para fazer sorrir os independentistas, nesta semana o SNP anunciou que recebeu uma generosa doação -quase um milhão de libras esterlines- do defunto poeta Edwin Morgan, a qual será destinada na “íntegra” à promoção da independência nacional de aqui ao final da legislatura.

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