O Partido Social-Democrata português (de centro-direita) venceu as eleições legislativas realizadas neste domingo em Portugal, colocando fim ao período de seis anos do Partido Socialista (centro-esquerda). Com o apoio do aliado CDS-Partido Popular, o PSD, de Pedro Passos Coelho, deverá ter maioria absoluta no parlamento. Esquerda sofre dura derrota. Comunistas mantiveram votação da última eleição e Bloco de Esquerda perdeu metade de sua bancada parlamentar. Em meio a uma grave crise econômica, eleição apresentou uma alta abstenção (cerca de 40%).
O Partido Social-Democrata (PSD, de centro-direita) obteve 38,6 por cento dos votos nas eleições legislativas deste domingo, elegendo 105 deputados. Graças aos 11,7 por cento de votos do aliado CDS - Partido Popular (direita), que elegeram 24 deputados, o PSD terá maioria parlamentar. O resultado acaba com o período de seis anos do Partido Socialista (centro-esquerda) no poder. Os socialistas devem ficar com 28,1% dos votos. O CDU (comunistas e verdes) teve 7,9% e o Bloco de Esquerda conseguiu 5,2% dos votos.
Dessa forma, o PSD ficou com 105 deputados; o PS 73; o CDS-PP 24; o CDU 16 e o Bloco de Esquerda 8. Ainda há 4 cadeiras a serem definidas. Dos 5.554.002 votos computados, 1,4% foram nulos e 2,7% brancos -- a abstenção chegou a 41,1%.
Os sociais-democratas conseguiram uma vantagem de mais de dez pontos sobre o PS, bem acima da distância que as várias sondagens durante a campanha indicavam.
Pedro Passos Coelho, principal vitorioso da eleição e último dos líderes dos cinco principais partidos a falar esta noite, frisou a "vontade de mudança" que acabou por se traduzir no voto no PSD. "É uma vontade inequívoca de abrir uma janela de esperança e de confiança para o futuro", afirmou.
Passos Coelho garantiu, no seu discurso de vitória, que fará todos os esforços para assegurar que “os portugueses terão um Governo de maioria liderado pelo PSD”.
O líder do PSD disse acreditar que o entendimento com o CDS-PP é possível, até pelo que já ouviu de Paulo Portas.
“Esta noite quem ganhou foi Portugal”, afirmou Passos Coelho, que se mostrou satisfeito com o resultado, mas salientou que, devido à crise em que o país vive "este não é o momento para triunfalismos".
Passos prometeu “trabalho absoluto” e “transparência total” no que respeita aos sacrifícios pedidos aos portugueses e acrescentou que vai ser necessária muita coragem.
“Os anos que nos esperam vão exigir de todo o nosso Portugal muita coragem. Sabemos as dificuldades que enfrentamos. Precisamos de muita coragem para vencer as enormes dificuldades, precisamos também de alguma paciência, porque nós sabemos que esses resultados não aparecerão em dois dias”, afirmou.
"Vai ser difícil, mas vai valer a pena. Eu sei que vai valer a pena", acrescentou.
O líder do PSD reiterou a sua indisponibilidade de ‘abrir’ o Governo ao PS, mas garantiu disponibilidade para dialogar com os socialistas e fez votos para que o PS respeite aquilo que negociou com a 'troika'.
“Julgo que o país não perceberia que eu dissesse na noite das eleições o contrário”, frisou.
O PS ficou-se pelos 28,1 por cento de votos (73 deputados) – é o pior resultado socialista nos últimos 20 anos. As eleições de 1991, quando Cavaco Silva foi eleito primeiro-ministro pela terceira vez, tinham sido as últimas em que o PS tinha obtido menos de 30 por cento.
O resultado levou José Sócrates a assumir a derrota e a demitir-se do cargo de secretário-geral, num discurso ainda antes de o escrutínio ter terminado.
“Regresso à condição de militante de base. Deixarei a primeira linha da actividade política e não pretendo ocupar qualquer cargo político”, esclareceu Sócrates.
Já o CDS consegue nestas legislativas mais três deputados do que nas anteriores eleições. “Com menos cidadãos a votar, convencemos mais cidadãos a votar em nós”, observou esta noite Paulo Portas, que se mostrou preocupado com o número de pessoas que não foram às urnas.
A abstenção foi de 41,1 por cento, a mais elevada numas legislativas desde 1976.
O Bloco de Esquerda foi um dos derrotados da noite. O partido reduziu para metade o número de assentos na Assembleia da República, tendo obtido pouco mais de cinco por cento dos votos, muito longe dos quase dez por cento das últimas legislativas. O Bloco desce assim de 16 para oito deputados.
“O BE não atingiu os seus resultados, eu sou o primeiro dos responsáveis de não termos conseguido os resultados que queríamos”, disse Francisco Louçã, em conferência na sede do BE.
A coligação PCP e Os Verdes manteve praticamente inalterada a votação de 2009 (teve 7,9 por cento dos votos), mas elegeu mais um deputado. Ao todo, a CDU conseguiu 16 mandatos.
“A CDU, com grande empenhamento, fez a sua parte”, declarou o líder comunista, Jerónimo de Sousa, que prometeu "luta" face à vitória da direita.
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