12/04/2010

"Os mulás nom som suicidas" Entrevista a Noam Chomsky

Entrevista tirada de aqui. A traduçom para o galego é própria (desde o castelhano nom desde o original).

David Goeßmann e Fabian Scheidler entrevistárom a passada semana a Noam Chomsky para a revista alemana Freitag.

Freitag: Barak Obama obtivo em 2009 o Prémio Nobel da paz mentras destinava a Afeganistám mais tropas. Quê é que foi do “cámbio” prometido?

Noam Chomsky: Som dos poucos que nom está desilusionado com Obama porque nom tinha depositado expectativas nel. Já escrevim sobre as posiçons de Obama e as suas perspectivas de êxito antes de que començara a sua campanha eleitoral. Vim o seu site e para mim estava claro que se tratava dum demócrata moderado ao estilo de Bill Clinton. Hai, claro, muita retórica sobre a esperança y o troco. Porém isso é como umha folha em branco. Pode-se escrever nela o que um queira. Quem desesperou com os últimos coletaços da era Busch procurou esperanças. Mas nom existe nengumha base para expectativa nengumha toda vez se tenha analisado correctamente a substáncia do que dixo Obama.

O seu governo tratou a Irám como umha ameaça devido ao seu programa de ariquecimento de uránio, enquanto países que tenhem armas nucleares como Índia, Pakistám e Israel escapam à presom. Como julga esta maneira de proceder?

Irám é sentido como umha ameaça porque nom obedeceu as ordes dos Estados Unidos. Militarmente, esta ameaça é irrelevante. Este país nom comportou agressivamente fora das suas fronteiras durante séculos. O único acto agressivo deu-se nos anos setenta sob o sah de Pérsia, quando, com o apoio dos EE.UU., se invadírom duas ilhas árabes. Naturalmente, ninguém quere que Irám ou qualquer outro país disponha de armas nucleares. Desde logo, sabe-se que este estado está induvitavelmente governado por um regime abominável. Porém apliquem-se os estándares reclamados a Irám a sócios os americanos como Arábia Saudita ou Egipto e entom apenas pode criticar um a Irám en matéria de direitos humanos. Israel invadiu com o beneplácito e ajuda dos EE.UU. Líbano en 30 anos até cinco vezes. Irám nom fixo nada que se asemelhe.

Contodo, considera-se o país como umha ameaça.

Porque Irám seguiu um caminho independiente e nom se subordina a nengumha orde das autoridades internacionais. Nom se comportou de outro modo com Chile nos anos setenta. Quando este país passou a estar governado polo socialista Salvador Allende, fui desestabilizado polos EE.UU. para produzir “estabilidade”. Nom se tratava de nengumha contradiçom. Era mester derrocar o governo de Allende –a força “desestabilizadora”– para manter a “estabilidade” e poder restaurar a autoridade dos EE.UU. O mesmo fenómeno temo-lo agora na regiom do Golfo. Teherám opom-se a essa autoridade.

Como é que valora o alvo da comunidade internacional de impor pronto graves sançons a Teherám?

A comunidade internacional: curiosa expressom. A maioria dos países do mundo pertence ao grupo do bloco nom alinhado e apoiam energicamente o dereito de Irám a poder enriquecer uránio com fins pacíficos. Repetêrom com frequência e abertamente que nom se consideram parte da assi denominada comunidade internacional. Obviamente pertencem a ela só os que siguem as ordes dos EE.UU. Som os EE.UU. e Israel os que ameaçan a Irám. E esta ameaça deve tomar-se a sério.

Por quê razons?

Israel dispom neste momento de centos de armas atómicas e sistemas de lançamento. Destes últimos, os mais perigosos provenhem da Alemanha. Este país proporciona submarinos nucleares Dolphin, que som praticamente indetectáveis. Podem equipar-se com mísseis de cabeça nuclear. Israel está pronto para despregar estes submarinos no Golfo. Mercê a ditadura egípcia podem os submarinos israelitas passar polo canal de Suez.

Nom tenho a certeza de se se informou disto na Alemanha, mas fai um par de semanas a marinha estadounidense informou de que construira umha base para armas nucleares na ilha Diogo Garcia, no oceano Índico. Ali disporiam-se os submarinos equipados com mísseis nucleares, incluído o chamado “destrutor de búnkers”. Trata-se duns coetes que podem atravessar muros de cimento de vários metros de grossor. Fôrom pensados exclussivamente para umha intervençom no Irám. O destacado historiador militar israelí Martin Levi van Creveld, um home claramente conservador, escreveu no 2003, imediatamente despois da invasom estadounidense do Iraque, que “trás esta invasom os iranís tornarám-se doídos por nom ter desenvolvido ainda nengumha arma atómica.” Na páctica, como é que se pode evitar de outro modo umha invasom? Por quê os EE.UU. nom se estám ocupando de Coreia do Norte? Porque ali hai um instrumento de disuasom. Mais umha vez: ninguém quer que o Irám tea armas nucleares, mais a probabilidade de que Irám empregue armas nucleares é mais bem mínima. Pode-se comprovar nas análises dos serviços secretos estadounidenses. Se Teherám quisser equipar-se com umha soa cabeça nuclear, o país seria possivelmente banido. Umha fatalidade desse tipo nom é do gosto dos clérigos islamistas no governo: nom mostrárom até a data nengum impulso suicida.

Quê é que pode fazer a Uniom Europeia para disipar a tensom desta situaçom tam explossiva?

Poderia reduzir o perigo de guerra. A Uniom Europeia poderia exercer pressom sobre a Índia, o Pakistám e Israel, os mais prominentes nom assinantes do tratado de nom proliferaçom de armas nucleares, para que finalmente o suscrevam. Em Outubro de 2009, quando se protestou contra o programa atómico iraní, a AIEA (Agência Internacional da Energia Atómica) aprovou umha resoluçom, que Israel desafiou, para que este país subscrebera o tratado de nom proliferaçom de armas nucleares e permitira o acesso aos seus sistemas nucleares a inspectores internacionais. Europa tratou de bloqueiá-lo. Os EE.UU. tamém: Obama permitiu a Israel saber de imediato que nom devia prestar nengumha atençom a esta resoluçom.

É interessante o que sucede na Europa desde que rematou a Guerra Fria. Quem acreditara a propaganda de todas as décadas anteriores deveu esperar que a OTAN se disolvesse em 1990. A organizaçom criara-se para proteger a Europa das “hordas russas”. Agora já nom existem as “hordas russas”, mas a organizaçom expande-se e viola todas as promessas que fogera a Gorbachov, quem foi o suficientemente ingénuo como para acreditar o que lhe dixérom o presidente Bush e o chanceler Kohl, a saber: que a OTAN nom se desprazaria nem um milímetro para o Este. Gorbachov creu, segundo opinam os analistas de estado, todo o que dixéron. Nom foi mui sábio. Hoje a OTAN espalhou-se a grandes zancadas rumo ao Este e segue a sua estrategia de controlar o sistema mundial de energia, os oleodutos e gasodutos e as rotas de comércio. Hoje é umha amostra do poder de intervençom estadounidense por toda a parte. Por quê é que a Europa aceita isto? Por quê nom se planta e olha face-a-face os EE.UU.?

Embora os EE.UU. quigerem seguir sendo umha superpotência militar, a economia estadounidense praticamente quedou em 2008. Figérom falha milheiros de milhons para apontalar Wall Street. Sem o dinheiro procedente de China, os EE.UU. quiçais entraram em falência.

Muito se fala dos quartos chineses e muito se especula a partir deste feito sobre um despraçamento de poder no mundo. Poderia China relevar os EE.UU.? Tenho a esta pergunta por umha amostra de extremismo ideológico. Os estados nom som os únicos actores do cenário mundial. Até certo ponto som importantes, mas nom de todo. Os actores, que dominam os seus estados respeitivos, som sobretodo económicos: os bancos e as corporaçons. Se se examina quem controla o mundo e determina a política, um abstem-se de afirmar um despraçamento do poder mundial e nom digamos já da força de trabalho mundial. China é o exemplo extremo. Lá dam-se interacçons entre empressas transnacionais, instituiçons financeiras e o estado na medida em que isso serve aos seus interesses. Esse é o único despraçamiento de poder, mas nom proporciona nengum titular.

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