06/09/2010

Desporto e festas identitárias

Iñaki Gallastegui. Artigo tirado e traduzido desde aqui.

Enquanto dura o domínio e a represom dumha naçom, acolher desportos e espectáculos do estado dominante constitui um grave problema. E nom apenas em Euskal Herria.
Se visse a um home maltratando a um cam, torturando-o, sentiria grande pena polo pobre cam, mas muita mais polo pobre home, pola sua saúde mental, pola sua falha de sentido humanitário, em fim, pola sua escassa humanidade. Que dizer entom de quem maltrata a um touro, aliás, prolongando a sua tortura até a morte? E que dizer, por muito "artística" e festivamente que o toureiro, o bandirilheiro e o picador o fagam, de quem presenciam e se divirtem com esse crudel espectáculo? Essa gente preocupa-me. Porém nom vou tratar desde ponto de vista as corridas de touros neste escrito. Preocupa-me mais o seu desígnio identitário.










Quando um chega a um país onde a gente joga a cricket, pode dizer sem temor a equivocar-se que está em Inglaterra ou em algum povo colonizado por ela. Se jogam a petanca, com certeza que está na França, e se celebram corridas de touros está em Espanha ou nalgum povo colonizado por ela. Esses jogos, desportos e espectáculos som expressons típicas e identitárias de cada um desses estados.
Pouco importa que pegar a umha bola com um pau ou um bate fosse inventado em deus sabe onde, hojé o cricket é inglês o basebol norte-americano, ainda que se jogue também em alguns outros estados. Com certeza que em muitos sítios se boleava contra umha parede, mas hoje a bola, nas suas diferentes variantes, é um desporto netamente basco. Dim que o toureo a pé foi historicamente iniciado em Nafarroa, mas hoje as corridas de touros estám internacionalmente como algo característico de Espanha, a pesar de que tenha aficionados em povos bascos.
Se um inglês vem a Euskal Herria e constata que nas festas de alguns dos seus povos se celebram coridas de touros; as selecçons espanholas de futebol e basquet jogam partidos internacionais também em Sam Mamês e Anoeta ou no Buesa Arena; que a Volta Ciclista a Espanha tem etapas em Iruñea, Donostia ou Gasteiz; se presenciou a muito andaluza e espanhola processom de Semana Santa nas ruas de Bilbo, com a sua música militar e os seus capirotes ao Ku-klux-klan; e se no espectáculo ao que acode depois de cear cantam e bailam por bulerias, vai ser impossível fazer-lhe reconhecer que nom está em Espanha, por muito que se lhe insista em que the Basque country is not Spain.
Alguns bascos dim irreflexivamente que é absurdo misturar problemas identitários com espectáculos, jogos e desportos. Quererám dizer-nos que a festa nacional dos touros, a Volta ciclista a Espanha e as selecçons espanholas de basquetebol ou de futebol (com Manolo o do bombo e todo!) nom se identifica com Espanha e o espanhol, quando precisametne promulgam essa identidade nacional concreta? Há algo que excite mais o patrioterismo dos espanhóis que "la Roja"?
Um basco, se está fachendoso de sê-lo e ama todo o basco, é muito consciente dos esforços e as tácticas sibilinas dos espanhóis que o dominam para espanholizá-lo, a ele e ao seu povo. Portanto, dizer que as corridas de touros, a Volta ciclista a Espanha, as processons de Semana Santa, os partidos de basquet ou futebol que jogam as selecçons espanholas nom afectam à identidade nacional basca se se celebram em Euskal Herria, é querer disimular a sua intençom espanholizadora.
Eu podo gostar, por exemplo, do flamenco quando é cantado em Andaluzia, mas crispa-me se o sinto em Elorrio ou em Etxarri-Aranatz. Pode-me nom desagradar escuitar em Madrid ou em Valladolid a uns clientes que num bar cantem "Que viva Espanha", mas ouví-lo em qualquer lugar ou rádio de Euskal Herria irrita-me.

Enquanto dura o domínio e a repressom dumha naçom, acolher desportos e espectáculos do estado dominante constitui um grave problema. E nom apenas em Euskal Herria. Em Irlanda, a finais do século XIX, fundou-se a Gaelic Athletic Association, que proibiu a qualquer praticante de desportos ingleses (como o futebol ou o rugby) que participara em desportos nativos, e viceversa, porque esses jogos anglificavam o povo irlandês e perjudicavam a sua cultura. E essa proibiçom durou até data recente, até que Irlanda, após conseguir a sua independência e bem assentada a sua personalidade própria, nom teme a anglificaçom. 
Que os hispanos o fagam nom é de extranhar, mas é-me incomprensível que quem se dim nacionalistas bascos pretendam fazer-nos acreditar que a cousa nom tem importáncia, que nom deveriamos misturar questons identitárias com a celebraçom em Euskal Herria de desportos e espectáculos que nos identificam aos bascos com a naçom espanhola e, todavia, nos espanholizam. Os que opinam isto e predicam podem ser nacionalistas bascos, como dim, ou simples espanholistas? Porque, como dixo Sabino Arana y Goiri: "Nacionalista e espanholista nom se pode ser a um tempo!" Pensade-o.

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