02/09/2010

Motivaçons para a greve geral

Vicenç Navarro, artigo tirado de aqui. O autor é catedrático de Políticas Públicas da Universidade Pompeu Fabra e professor de Public Policy em The Johns Hopkins University. A ilustraçom é e Mikel Jaso. A traduçom desde o castelhano mais umha vez é nossa.



É importante que se perceba e se conheça que estivo ocorrendo na UE durante estes últimos anos (e nom me refiro apenas ao que passou desde o início da crise em 2007). A participaçom das rendas do trabalho como percentagem da renda nacional no promédio dos estados da UE-15 foi descendo desde princípios do estabelecimento da Uniom até hoje, baixando de 69 para 56%. Esta descida foi muito mais acentuada na zona euro, e ainda maior no Reino da Espanha. Isto acompanhpu-se dum aumento do desemprego no promédio da UE-15 (interrumpido provisionalmente em Espanha pola bolha imobiliária até que estourou) e dum deterioro das condiçons de trabalho. A percentagem de trabalhadores que declara trabalhar em condiçons estresantes no promédio da UE-15 passou de 32% da populaçom empregada para 54% em 2008. No Estado espanhol foi inclusso maior.
Umha conseqüência disto é que as doenças laborais por estrés aumentárom. Por se isto nom fora suficiente, a protecçom social deteriorou-se. A taxa de crescimento do gasto público social (que cobre os gastos públicos nas transferências de serviços do Estado do bem-estar) desceu no promédio da UE-15 desde princípios da década dos noventa (interrumpindo-se o desdenso entre 2004 e 2008 no Reino da Espanha durante a aliança - informal- do PSOE com IU-ICV, ERC e BNG). Voltou descer desde entom, e Espanha ficou na cola da Europa social, sendo o estado da UE-15 com o gasto público social por habitante mais baixo. Aliás deste descenso vimos umha diminuiçom dos direitos laborais na maioria dos estados da UE-15.
Quanto a classe trabalhadora e grandes sectores das classes meias viam diminuir a sua capacidade aquisitiva ( a maior causa do enorme endividamento das famílias), vimos um enorme incremento dos benefícios empresariais. Estes aumentárom 38% na meia da UE-15 e 42'3% na zona euro durante o período 1999-2008, enquanto que os custes laborais aumentárom apenas 17%. No Reino da Espanha, este contraste entre a austeridade imposta às classes populares e o abastamento e exuberáncia dos ganhos empresariais foi inclusso mais acentuado. Durante o mesmo período, as maiores empresas espanholas vírom aumentar os seus benefícios netos 73% (quase o duplo da meia da UE-15), enquanto que os custes laborais aumentárom durante o mesmo período 3'7% (quase cinco vezes mesnos que na UE-15). Dentro destas empresas, as que alcançárom elevadíssimo níveis de benefícios fôrom as financeiras, que baseárom a sua riqueza no enorme endividamento das famílias europeias e espanholas e em actividades altamente especulativas, incluindo as inversons imobiliárias, que se convertêrom no motor do crescimento económicos em vários estados, incluíndo Espanha. A banca espanhola, sob a pésima supervisom do Banco de Espanha, tem umha enorme responsabilidade no desenvolvimento do complexo bancário-imobiliário-construtor e a sua bolha que ao estourar criou o enorme problema económico, para além de dificultar enormemente a acessibilidade ao crédito por parte da cidadania e da mediana e pequena empresa. É umha enorme incoerência (para pô-lo dumha maneira amável) que o governador do Banco de Espanha, Francisco Fernandez Ordóñez, que junto com anteriores governadores é responsável dumha das maiores causas da crise em Espanha, esteja agora liderando o movimento ultraliberal, e responsabilice os sindicatos polo elevado desemprego causado, segundo ele, por umha suposta rigidez dos mercados laborais.
A nível europeu, os factos apresentados nos parágrafos anteriores devem-se, nom aos mercados financeiros, mas ao desenvolvimento das políticas ultraliberais, promovidas polas maiores intituiçons da UE, e muito em especial polo Banco Central Europeu, a Comissom Europeia e o Conselho Europeu, controlado este último polas direitas (cristao-demócratas e liberais). Estas instituiçons estivérom imbuídas do pensamento ultraliberal, o qual adaptárom grande parte dos partidos socialdemócratas governantes que abandonárom elementos chaves da tradiçom socialdemócrata para converter-se e partidos sócio-liberais.
Estas políticas venhem consistindona desregulaçom dos mercados laborais, a reduçom da protecçom social, a reduçom dos impostos, o aumento da sua regressividade (responsável, em parte, de que as desigualdades sociais na UE-15 tenham alcançado o maior nível conhecido nos últimos 20 anos), as privatizaçons dos serviços do Estado do bem-estar, e a reduçom dos benefícios laborais e sociais. A reduçom de impostos, por certo, determinou o crescimento da dívida pública em todos os estados.
Todas estas políticas respondêrom ao enorme poder de classe, quer dizer, do capital (mundo empresarial e financeiro e rendas superiores), que está aproveitando agora a crise criada por eles para conseguir o que desexou todos estes anos: debilitar ainta mais o mundo do trabalho ao que pertencem as classes populares. Daí que seja fundamental que exista um protesto massivo o dia 29 de Setembro, a nível europeu e a nível espanhol, para iniciar um processo de reversom de tais políticas , nom tanto por um troco político em que ganhem as direitas (PP em Espanha e CiU em Catalunya) que pioraria ainda mais a situaçom, mas por um troco muito substancial nas esquerdas e, muito em especial das governantes, que nom ocorrerá a nom ser que haja um protesto generalizado em contra de aquelas políticas. Assim aconteceu, por certo, nas últimas greves gerais, e assim deverá acontecer agora.

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