Nikolái Kondrátiev. Artigo tirado e adaptado de aqui. O autor é Ricardo González e emprega a Kondrátiev desde umha visom pragmática dum inversor capitalista. As nossas engádegas vam noutra direcçom, desde logo, com o alvo de incentivar o debate e a reflexom, a que acreditamos se empresta o texto. A traduçom é de nosso e as adaptaçons ou engádegas vam em marrom. Neste blogue existem vários artigos que focam a teoria de Kondratiev, por exemplo algum de Immanuel Wallerstein. Este autor é muito respeitado na escola do sistema-mundo e também o segue Eric J. Hobsbawn. Kondrátiev (1892-1938) foi um dos teóricos da NEP sob a URSS de Lenine e em 1922 apresenta o seu livro A economia mundial e a sua conjuntura durante e depois da guerra com a teoria das "onda longas". Em 1926 aperfeiçoa a sua teoria no livro As ondas longas da conjuntura. Em 1928 cai em desgraça porque advogava pola agricultora e os bens de consumo (o bem-estar da cidadania) face o industrialismo e os equipamentos pessados, obsesom do socialismo de estado de Stáline. Em 1930 é processado no Processo dos Mencheviques, fora membro do Partido Social-Revolucionário, pola suposta formaçom dum governo pró-gulak sendo fusilado no cárcere em 1938.
Os momentos em que a tendência nom é claramente definida, na minha opiniom devem ser explorados para seguir formando-se neste fascinante mundo da economia e da sua história. Eu entendo que a algum leitor nom lhe interesará miga isto, e prefiram conselhos para comprar e vender, mas permitam-me agora falar um pouco da história, porque a compreensom da economia fará-nos mais fácil posicionar-nos nos mercados e o mais bonito de todo, entendê-los.
Nikolái D. Kondrátiev (1892-1938) foi um famoso economista russo. Fundador do Instituto de Moscova (1920), é autor de Os grandes ciclos da vida económica (1932), obra em que assinala a existência, na economia, de oscilaçons periódicas longas, conhecidas com o nome de «ciclo longo» ou «ciclo de Kondrátiev». A mim pessoalmente, tem-me fascinado como esta interpretaçom tam "singela" da economia se ajusta tam bem à realidade décadas depois da morte do seu autor.
Kondrátiev puxo de relevo ciclos dumha longitude de entre 50 a 70 anos. Estes podem-se resumir em quatro fases:
1-. Primavera: Um tempo marcado pola expansom económica. Os aforros estám em níveis bastante altos, e os juros som baixos. As acçons e os bens raízes som as inversons mais sucedidas. A Primaveira mais recente: 1949-1966. Outras Primaveras anteriores: 1794-1800, 1844-1858, 1896-1907.
2-.Verao: Umha época marcada pola alta inflaçom, altos tipos de juros e pola volatilidade. Produtos básicos, ouro, e bens raízes funcionam muito bem nesta fase. O verao mais recente: 1966-1982. Outros veraos anteriores: 1800-1816, 1858-1864, 1907-1920.
3-. Outono: a etapa mais feliz do K-Cycle. As inversons em activos financeiros, como as acçons e os bonos, sempre som as que melhor comportamento registam. O outono caracteriza-se polas bolhas especulativas em acçons, bonos, bens raízes e objectos de colecçom. Por outra banda, ouro, prata e produtos básicos sofrem colapso. O outono caracteriza-se também por um deterioro grave na poupança, e um aumento perigoso e temerário da dívida. Os desequilíbrios acumulam-se até o ponto em que nom podem continuar. O outono mais recente: 1982-2000. Outros outonos anteriores: 1816-1835, 1864-1874, 1920-1929.
4-. Inverno: os excessos da loucura do outono purgam-se ou arrumam-se. O resultado final é umha recesom deflacionária ou umha depresom. A dívida é repudiada por bancos e empresas. Polo geral, adoita produzir-se algumha crise bancária, quedas, um aumento das execuçons hipotecárias, ao igual do que um descontetamento social massivo. Durante o inverno de Kondrátiev, o ouro e a liquidez som a melhor inversom. Ser proprietário de acçons de empresas mineiras que produzem ouro é sábio durante esta fase invernal. O inverno mais recente: 2000-? [2010-2020? ou ainda mais pola crise energética? conflito sino-norteamericano?]. Outros invernos: 1835-1844, 1875-1896, 1929-1949.
Como dixem anteriormente, a longitude du ciclo completo, que contenha todas as estaçons, ronda entre os 50 e 70 anos, e é por isto que se considera um ciclo vitalício. A maioria da gente que o experimenta umha soa vez ao longo da sua vida, e isto explica por quê cada geraçom nom está pronta para cada fase do ciclo, já que nunca o viu antes.
Do ciclo de Kondrátiev, sempre me surpreendeu que as melhores etapas económicas fôrom precedidas, ou até chegárom a coincidir no tempo, com grandes batalhas bélicas. A Guerra Anglo-Americana de 1812, a Guerra Civil norte-americana (1861-1865), Grande Guerra (1914-1918), ou a guerra do Vietname (1956-1975).
Na actualidade, encontramo-nos num inverno do ciclo económico de Kondrátiev, caracterizado por períodos difíceis para as matérias primas (excepto metais preciosos), e que é justo quando as forças deflacionárias começam a exercer a sua influência nas bolsas de valores (como sucedeu em 1930 e 1998.
Este novo inverno de Kondrátiev está sendo menos duro que em anteriores ocasions pola "socializaçom das perdas" através da mao invisível do livre mercado - o Estado e mais em concreto as classes trabalhadoras-. Mália que a presom deflacionária se está fazendo notar desde o 2000 (com um aviso em 1998), o certo é que os benefícios das grandes empresas nom deixam de medrar e a destruiçom criativa continua avante em duas direcçons: por umha banda ressucitar os oligopólios de finais do XIX, com razom Arrighi via nesta crise um paralelo com a de finais do XIX (1873-1914) e nom com a do 27, e por outra banda avançar do velfarismo para o shanganismo, numha nova etapa de encloussers e caminhando para um capitalismo selvagem e altíssimamente destrutivo que também é próprio das primeiras revoluçons industriais por toda a parte. Ora, esta redistribuiçom da riqueza cada vez mais assimétrica e desigual reportará, para além de conflitos sociais, a restriçom do consumo, da poupança... Pode produzir-se umha sobredimensom de stocks coma no 27 ou "guerras de preços" e "divisas" que provocam o mesmo efeito: o fortalecimento dos olipólios e um novo ciclo onde opere a lei da descida da taxa tendencial do ganho contemplada por Marx. [Se bem é certo que o inverno ainda está começando e nom rematando como a ortodoxia di.]
Em qualquer um dos cenários, a crise apresentam-se como especialmente longa lá onde opera, já que parece que América Latina e a Ásia sinaizada, os centros fabris do mundo, superárom a crise, por enquanto os centros capitalistas, sob a primacia do capital financeiro se resintam. Isto provoca umha descida nas inversons nesse centro e pode conduzir, já nom apenas à perda da hegemonia norte-americana face a China (em duas ou três décadas), mas também a conversom da Europa em periferia com euro ou sem ele. Nom é tam desatinado como alguns acreditam.
O ideário deste capitalismo era o liberlismo, agora em versom "ultra", e a soluçom as contradiçons gravíssimas de classe que operavam nessa sociedade e ao "perigo" do comunismo totalitário foi o fascismo. O fascismo, no entanto, advogava por um capitalismo de estado (pode-se dizer da China que se alinha com isto afora a autarquia?) e punha travas a livre circulaçom do capital, era daquela antiliberal. Semelha que o novo fascismo, guarda os métodos de manipulaçom das massas, a xenofobia, o totalitarismo, o nacionalismo opresor e chauvinista, o centralismo, o irracionalismo e o estado como repressor descarnado... mas tocante à economia, desbotando as versons quiçais mais ultras, nom parece incomodar o mais mínimo a ortodoxia, ou já doxa, do ultraliberalismo. Som duas vertentes complementárias: o fascismo financeiro e o fascismo social.
A continuaçom imos deter-nos a analisar de forma suscinta os invernos (eras deflacionárias), precedentes, e desta forma tentaremos visualizar o final do "tunel", por analogias e duraçom dos mesmos. O primeiro inverno, do que temos dados, permaneceu desde 1835 a 1844, o que supom umha duraçom de 9 anos. Pola sua banda, o segundo inverno mantivo-se desde 1875 a 1896, uns 21 anos. E o terceiro, o último inverno completo conhecido, produziu-se entre 1929 e 1949, o que supom umha duraçom aproximada de 20 anos.
A meia dos três é, aproximadamente, 16 anos e meio (embora haja poucos dados, a analogia pode ser válida). O inverno em que estamos submergidos empezou no ano 2000, polo que entre 2016 e 2020, aproximadamente, deveria chegar a sua fim e empezar a florecer a primavera. Isto será tomado como umha referência aproximativa, mas como sempre o final serám os gráficos os que nos indiquem o último sinal de que chegam melhores tempos para a economia. Como em qualquer ciclo, ainda dentro dumha etapa podem dar-se altibaixos e cumpre indicar também que neste caso, como nos anteriores, se produze umha queda da hegemonia dumha potência grosso modo. Em 1835-1844 paila o desenvolvimento de Alemanha e França que racham com a "exlussividade" do capitalismo na Grande Bretanha -mas que o colonialismo resolve-, de 1875-1896 o ascenso das "potências emergentes" (EUA e logo Rússia e Japom) e entre 1929-1949 a perda da primazia europeia face os EUA, quando menos no sistema-mundo capitalista. Também é salientável que a cada passo, poda que se reduza em ocasions a violência estrutural aparente da crise, mas a custa de fazê-las mais longas. Os paralelos com o XIX também fam pensar na possibilidade, quando menos digna dumha maior análise, de que as crises sejam cada vez mais profundas, violentas e menos espaciadas no tempo, com a novidade dos limites ecológicos do planeta.
As principais pistas virám da mao dumha rendibilitade do bono em ascenso, para controlar a pequena inflaçom, que virá causada por uns ascensos nom muito fortes, mas sim constantes, nas matérias primas. Esse será o momento em que o inverno chegará a sua fim e empezará a primavera, que consigo trairá melhores tempos para a renda variável. Contodo, também aqui é novidade o pico do petróleo que pode estar já acuando ou começando a actuar. A demanda china de combustíveis só fará ir em aumento e as mudanças geopolíticas já começam também a notar-se.
Volvendo à actualidade, e ao triste inverno, devemos de ser cientes de que nom vivemos a melhor época para a renda variável, e devemos ser pacientes. A mim pessoalmente, nestes casos, gosto sempre de pôr-me como exemplo os piores casos. Desta forma todo o que poda vir será como mínimo igual de mao ou melhor (como o pequeno ciclo alcista de 2003 a 2007 em que se pudo fazer dinheiro, e o posterior ciclo baixista 2007-2009 no lado curto).
Fixade-vos, por exemplo, neste gráfico do Dow Jones Industrial entre os anos 1938 e 1942, correspondente ao anterior ciclo deflacionário. A dificuldade operativa foi extrema, das piores da história, já que a deflaçom é o hábitat mais hostil para a economia, e, como é lógico e normal, vê-se nos mercados.
Com isto nom quero dizer que vaiamos nos próximos anos a algo igual do que isto, mas nom é nem muito menos descartável. Os seguidores da tendência temos que estar prontos para o pior ds casos, e qualquer cenário melhor a este seria recebido com os braços abertos. A MM30 sempre será a nossa melhor aliada, e nom duvio da sua validez. Por outra parte, tratar de encontrar solos, ou teitos, de forma constante poderia levar-nos à desesperaçom num cenário tam complexo. Outro indicador de longo prazo, que segue mostrando um futuro complexo, é a rátio preço/dividendo. Comentado por Stan Weinstein, no seu livro Segredos para ganhar nos mercados alcistas e baixistas, como um dos seus favoritos, e que me tomei a liberdade de desenvolvê-lo para Pro Real Time sobre o índice S&P500.
Este indicador expressa os preços como múltiplos dos seus dividendos. Por outras palavras, é o que custaria em termos de preço do valor, comprar dividendos por valor dum dólar. Este é um modo de objectivar o que realmente é barato ou caro. Os descensos na proporçom P/D para a área 14 ou 17 produzírom-se quando os valores eram bagatelas pouco comuns. Por outro lado, um movimento por cima de 26 foi umha leitura muito perigosa, enquanto que umha cifra superior a 30 um sinal de que os valroes estám extremadamente caros. A longo prazo é um indicador muito útil e como se observa, no ano 2000, que finalizou o outono de Kondrátiev, o indicador encontrava-se na incrível cifra de 89 pontos, algo nunca visto, e que nos indicava claramente a existência dumha bolha.
Na actualidade topamo-nos nos 45 pontos, polo que desde esta rátio o mercado segue sendo caro, e por ajustes [traumáticos e rumo a concentraçom de capitais e a distribuiçom da renda do trabalho para o capital] de mercado seguirá tendendo à zona de "normalidade", situada entre os 30 e 17 pontos. Para chegar a esse ponto necessitam-se duas cousas; estas podem produzir-se de forma xebrada ou bem conjunta. A necessidade primeira seria umha descida nos índices, e a segunda um aumento dos dividendos.
A soluçom intermeia, passa por um mercado lateral/baixista, com uns dividendos que se mantenhm. É a opçom que vejo mais provável, e concorda com a situaçom dificultosa que devemos ter prevista para os próximos anos. Quando este indicador se volva a encontrar na zona "verde" a primaver estará a piques de começar.
Realmente gostaria de trazer melhore perspectivas para o longo prazo, e compartilhá-las com vós, mas devemos ser realistas e conscientes da situaçom. Este mercado, a diferença do vivido entre os anos 1982 e 2000, onde se fazia dinheiro com praticamente todo, é muito complexo, devemos saber elegir bem as nossas inversons, nom esperar enormes mais-valias, e assimilar com naturalidade as perdas.
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