04/05/2014

As uvas da ira, capítulo V



Fragmento do capítulo V das Uvas da ira, de John Steinbeck, que podedes ler en portugués aquí
A imaxe é da película de John Ford, de 1940.

O banco desaloxa familias das súas terras, pero o banco non ten rostro para que as persoas desaloxadas poidan ir axustar as contas cunha escopeta. 
Estados Unidos na Gran Depresión.

-Construi-a por minhas mãos. Endireitei pregos velhos para lhe pôr oforro. Liguei os barrotes às traves com arame de rolo. É minha. Cons-truí-a eu. Se você vem para a derribar, eu apareço à janela com umaespingarda. Se você se aproxima muito, mato-o como a um coelho.

- Mas se não sou eu o culpado! Nada posso fazer. Perco o meu emprego senão cumpro as ordens. E, olhe: suponhamos que você me mata. Que acon-tece? Enforcam-no a você, mas muito antes mesmo de você ser enforcado,aparece outro sujeito no tractor e ele então deitará a casa abaixo. Você não pode matar o verdadeiro responsável.

- Sim, tem razão-assentiu o rendeiro. Então quem lhe deu ordens? Vouprocurá-lo. É esse tipo que eu devo matar.

- Ai é que você se engana. Esse recebeu ordens do banco. O banco disse-lhe: expulse essa gente toda, senão, perde o seu empre-go.

- Sim, mas deve haver um presidente do banco. Deve haver um conselho deadministração. Vou encher a espingarda de balas e entro no banco.

- Mas ouvi dizer que o banco recebeu as ordens do Este -explicou o condutor. - E essas ordens eram: fazer com que a terra dê lucro ou então fechamovos a porta.

- Aonde vai então isso parar? Quem devemos alvejar? Não quero morrer de fome sem matar o homem que me está a tirar o pão.

- Não sei. Talvez que não haja ninguém a alvejar. Talvez que não seja de modo algum questão de homens. Talvez, como você disse, seja culpa da propriedade. Seja como for, já lhe disse as ordens que me deram.

- Deixeme pensar -disse o rendeiro. - Todos nós temos de pensar. Talvez haja maneira de evitar isto. Não pode ser como o relâmpago e o terramoto. Se os homens fizerem uma coisa má, haverá, por Deus, alguma coisa que se possa alterar.

Nenhum comentário: