10/05/2010

Grécia poderia sair avante soa.

Artigo tirado de aqui.

Grécia pode gerar e colocar nova dívida a um baixo tipo de juro de forma exitosa. O truco está em inserir umha cláusula, segundo a que, em caso de suspensom de pagos, o acredor pode, se assi o require, usar esses títulos para pagar impostos ao Estado grego. Isto converteria em óbvio para os inversores que esses novos títulos som "seguros", e conseqüêntemente, estes volveriam inefinidamente ao seu valor nominal, sempre que o Estado grego seguira fixando e recaudando impostos. Isso nom só permitiria a Grécia voltar a emitir dívida a um tipo de juro reduzido, mas tamém serviria de exemplo para o resto da zona euro, aliviando assi as presons sobre a financiaçom da dívida em toda a regiom.


Admitimos, por suposto, que esta proposta planejaria tamém umha questom de chou moral. Esta recém descoberta nova forma de financiar-se, se for empregada de forma abusiva, poderia ser altamente inflacionária e por isso debilitar o euro. De facto, a razom pola qual se proibe ao BCE mercar dívida soberana é a de permitir a "disciplina de mercado" limitar a capacidade de expansom fiscal dos Estados membros, ameazando-os com a queda. Quando essa ameaça desaparece, o mal comportamento vê-se recompensado, já que o país que gera mais deficit vence, numha acelerada carreira inflacionárica para o abismo.

Poderia comparar-se com umha situaçom em que umha naçom federal como os EUA, por pôr um exemplo, nom tivera regulados os seguros a nível nacional. Em tal caso, os estados federados, cada quem por sua conta, lançariam-se a umha carreira para ingente comareiro, em que o estado menos exigente resultaria mais atractivo para as companhias de seguros, obrigando aos demais, já a rebaixar as suas exigências, já a resignar-se à fuga dos seus contribuintes. Isto adoita acabar mui mal, com quedas do estilo de AIG.

Destarte, o Banco Central Europeu ou o ECOFIN perdêrom sem dúvida a sua capacidade de impor as suas demandas de austeridade e impedir que os países abandoraram, trás reconhecer que é demasiado arriscado deixar falir a algum país da zona euro.

O que os líderes europeus quigeram fazer é topar a maneira de isolar a Grécia e mitigar o seu efeito contágio, mantendo por sua vez a disciplina de mercado criada polos Estados membros, hoje convertidos em entidades muito sensíveis ao crédito. De aqui que as propostas de "choque e amedrentamento" que agora fam augas geraram umha suba de 8% a passada quinta-feira no mercado de valores grego.

Porém essas propostas nom tocam realmente o essencial do problema. Qualquer pacote de ajuda debilita aos demais países que tenhem que financiá-lo através do mercado, porque eles som tamém dependentes dos seus ingresos; hoje som entidades muito sensíveis ao crédito. De jeito parecido aos estados federados de Norteamérica, nom controlam as operaçons do Banco Central, e por isso devem manter um bom nível de recursos nas suas contas, se nom querem vê-las gravemente comprometidas.

As naçons [estados] da zona euro encontram-se todas ainda de maos dadas, e as suas obrigadas medidas de austeridade impedem-lhe seguir a senda da recuperaçom global. E a restruturaçom financeira grega que reduze a extraordinária dívida, reduze tamém os activos financeiros do euro, reforçando polo momento a divisa, mas mais adiante debilitando tamém a produçom e o emprego, enquanto que paralelamente a legitimaçom da reestruturaçom do risco debilita a calificaçom do crédito de todos os estados europeus.

Nom semelha que os mercados tenham descontado completamente as ramificaçons dumha suspensom de pagos grega. Usando a analogia da falência bancária de Chapter 11, grande parte do país afundiria-se, e a "companhia" (por exemplo, Grécia S.A.) apenas poderia gastar os seus ingresos fiscais. Porém os recortes do gasto que implica representam um ainda mais substancial recorte da demanda agragada e umha caída dos ingresos, numha nada virtuosa espiral que só pode rematar com um aumento das exportaçons ou umha rebeliom social gerada polas privaçons.

A capacidade de Grécia para usar os fundos do pacote de resgate a fim de extinguir o passivo do estado melhorará os seus "rátios" financeiros e evitará o colapso financeiro, polo menos, a curo prazo, com o efeito paralelo dumha espiral de reduçom da sua produçom e emprego, enquanto as preocupaçons sobre o risco soberano passarám a Espanha, Portugal, Irlanda, Itália e mais alá. Estas dificuldades soberanas tamém se transformam numha crise da banca privada a todos os níveis, que pode rapidamente provocar quedas bancárias que levem a afectar a todo o sector.


A nossa sugerência resgataria a Grécia e a toda a zona euro dos perigos da insolvência financeira dos Estados, e lograria provocar um giro de 180 graus no foco de atençom dos dirigentes da zona euro, que se centrariam entom no seu papel tradicional –conter os potenciais acasos morais dimanantes da excessiva geraçom de deficit por parte dos governos nacionais— através do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Se os Estados membros decidem finalmente que os parámetros do Pacto de Estabilidade e Crescimiento devem ser modificados, é a sua decisom. Porém este pacto desempenha o papel dum "orçamento nacional" da zona euro, precisamente desenhado para previr um processo hiperinflacionário que a "carreira para o comareiro-abismo" poderia provocar. E para finalizar, a nossa proposta mitigaria o impacto deflacionário que a disciplina do mercado impom aos governos nacionais que hoje som sensíveis ao crédito, freando a diseminaçom potencial do contágio financeiro global e evitando, ao próprio tempo, ser inflacionário.





L. Randall Wray é um dos analistas económicos mais respeitados de Estados Unidos. Colabora com o projecto newdeal 2.0 e escreve regularmente em New Economic Perspectives. Professor de economia na University of Missouri-Kansas City e investigador no "Center for Full Employment and Price Stability". Foi presidente da Association for Institutionalist Thought (AFIT) e formou parte do comité de direcçom da Association for Evolutionary Economics (AFEE). Randall Wray trabalhou durante muito tempo na análise de problemas de política monetária, macroeconomía e políticas de pleno emprego. É autor de Understanding Modern Money: The Key to Full Employment and Price Stability (Elgar, 1998) e Money and Credit in Capitalist Economies (Elgar 1990). Warren Mosler é um economista que escreve amiudo com Randall Wray.

Nenhum comentário: