Sobre o emprego e a recuperaçom
O prémio Nobel de Economia, Paul Krugman, volve à carga contra a Reserva Federal dos EUA. Num artigo publicado em The York Times, critica a sua mornura e a do governo de Obama, que segundo ele, segue sem se recuperar, já que o desemprego segue sem descer. O emprego nos EUA segue caindo em barrena: as empresas apontam-se ao "mais por menos".
Krugman segura que é doado saber o que dirá hoje Bernanke: que a economia segue recuperando-se, se bem o fai dumha maneira mais lenta do que lhe gostaria. No entanto, o Nobel replica-lhe, "isto nom é umha recuperaçom em nengum sentido". Krugman ataca a queles que dim que a recuperaçom está em caminho já que o PIB segue aumentando e nom estamos numha recesom clássica. E quê, pergunta-se o Nobel, que assegura que "a questom importante é se o crescimento é suficiente para reduzir o desemprego, que está polas nuvens. Necessitamos um crescimento de 2'5% apenas para evitar que o desemprego aumente, e um crescimento muito mais rápido para que caia dum jeito significativo.
Aliás, pergunta-se que "a quem é que lhe importa que entremos de facto numha nova recessom e o PIB caia novamente? Se o desemprego segue inçando o resto do ano, como parece provável, da igual que o PIB seja ligeiramente possitivo ou ligeiramente negativo".
Depois ataca directamente o Governo e a Reserva Federal e pergunta-se por quê é que, se som os que melhor conhecem a realidade económca, a adoçam. "A resposta, sinto dizê-lo, é que estám eludindo responsabilidades". Segundo Krugman, a Fed nom quer contar todo porque entom veria-se pressionada para fazer mais. E até agora, a Fed parece que tivo mais medo a actuar e equivocar-se que a nom fazer nada e assegurar que todo vai bem a custa do cidadao, afirma. Quanto o Governo de Obama, critica-o por pôr ao mal tempo boa cara, sem ter convencido a ninguém.
Perante esta parálise que os acusa, recomenda-lhe tomar pronto medidas. À intuiçom dirigida por Bernanke di-lhe que poderia mercar mais dívida, segurar que vai ter os tipos baixos mais tempo ou elevar os objectivos de inflaçom, de maneira que as empresas nom lhes resulte atractivo reter liquidez.
Quanto a Obama, pede-lhe que use a Freddie Mac e a Fannie Mae para que as famílias podam seguir refinanciando as suas hipotecas e que "se ponha a sério com China sobre a manipulaçom da sua moeda", ainda que neste aspeito nom fornece mais detalhes e sabemos que nos últimos anos já tivo que revalorizá-la em mais de 20% quando isto nom afectou para nada as suas exportaçons.
EE.UU. some-se na oscuridade
Paul Krugman
As luzes apagam-se em todos os EUA, literalmente. A cidade de Colorado Springs copou cabeçañhos com a sua tentativa desesperada de poupar dinheiro apagando um terço das suas lámpadas, mas estám ocorrendo ou baralhando-se cousas semelhantes em todo o país, desde Filadelfia até Fresno*.
Por enquanto, um país que no seu dia assombrou o mundo com as suas visionárias inversons em transportes, desde o canal de Erie até o sistema de auto-estradas interestatais, agora acham-se num processo de despavimentado: em vários Estados, os governos locais estám destruíndo estradas que já nom podem permitir-se manter e reduzindo-as a grava.
E umha naçom que outrora valorava a educaçom, que foi umha das primeiras em oferecer escolarizaçom básica a todas as suas crianças, agora está fazendo recurtes. Os professores estám sendo despedidos, e os programas, cancelados. Em Hawai, até o curso escolar se está acurtando de maneira drástica. E todo aponta a que no futuro se produzirám ainda mais ajustamentos.
Dim-nos que nom temos eleiçom, que as funçons gubernamentais básicas - serviços essenciais que se proporcionaram durante geraçons- já nom som viáveis. E é certo que os Governos estatais e locais, duramenta açoutados pola recessom estám faltos de fundos. Porém nom o estariam tanto se os seus políticos estiveram dispostos a considerar quando menos algumhas subidas de impostos [directos, progressivos e redistributivos].
E no Governo Federal, que pode vender bonos a longo prazo protegidos contra a inflaçom com um tipo de juro de apenas 1'04%, nom escaseia o dinheiro em absoluto. Poderia e deveria oferecer ajuda aos Governos locais e proteger o futuro das nossas infraestruturas e dos nossos filhos.
Porém Washington está emprestando ajuda com conta-gotas, e até isso o fai a reganhadentes. Devemos dar prioridade à reduçom do déficit, dim os republicanos e os demócratas centristas. E logo, quase a fileira seguida, afirmam que devemos manter as subvençons fiscais para os muito adinheirados, o qual terá um custe orçamentar de 700.000 milhons de dólares durante a próxima década.
Na prática, boa parte da nossa classe política está demonstrando quais som as suas prioridades: quando se lhes dá a eleger entre pedir que 2% dos estadounidenses mais acaudalados volvam pagar os mesmos impostos que durante a expansom da era Clinton ou permitir que se derrumbem os cimentos da naçom - de maneira literal no caso das estradas e figurada no da educaçom-, decantam-se por isto último.É umha decisom desastrosa tanto a curto como a longo prazo. A curto prazo, esses recurtes estatais e locais suponhem um pessado lastre para a economia e perpetuam o desemprego, que é devastadoramente elevado.
É fulcral ter nos miolos os Governos estatal e local quando ouvimos à gente despotricar sobre o desbocado gasto público durante a presidência de Obama. Si, o Governo federal estadounidense gasta mais, embora nom tanto como se pensa. Porém os Governos estatais e locais estám fazendo recurtes. E se os somamos, resulta que os únicos incrementos relevantes no gasto público fôrom em programas de protecçom social, como o seguro por desemprego, cujos custes se disparárom por mor da gravidade da crise económica.
Por outras palavars, a pesar do que dim sobre o fracasso do estímulo, se observamos o gasto guvernamental no seu conjunto, quase nom vemos estímulo nengum. E agora que o gasto federal se contrai, à vez que continuam os grandes recurtes de gastos estatais e locais, imos marcha atrás.
Porém, nom é tambem por acaso umha forma de estímulo o manter baixos os impostos para os ricaços? Nom como para notá-o. Quanto salvamos o posto de trabalho dum professor, isso ajuda o emprego sem lugar a dúvidas; quando, a contrário, damos mais quartos aos multimilhonários, é muito possível que a maior parte desse dinheiro fique imobilizado.
E que há do futuro da economia? Todo o que sabemos sobre do crescimento económico di que umha populaçom culta e umha infraestrutura de alta qualidade som cruciais para o crescimento. As naçons emergentes estám realizando enormes esforços por melhorar as suas estradas, portos e colégios. No entanto, nos EUA estamos recuando.
Como chegamos a este ponto? É a consequência lógica de três décadas de retórica antigovernamental, umha retórica que convenceu a numerosos votantes de que um dólar recaudado em conceito de impostos é sempre um dólar malgastado, que o sector público é incapaz de fazer algo bem.
A campanha contra o governo sempre se planejou como umha oposiçom ao despilfarro e à fraude, aos cheques enviados a reinas da Seguridade Social que conduzem luxosos Cadillac e a grandes exércitos de burócratas que movem inutilmente documentos dum lado para outro. Mas isso, como nom, som mutos; nunca houvo nem de longe tanto tanto despilfarro e fraude como segurava a direita. E agora que a campanha começa a dar fruitos, vemos o que havia realmente na linha de fogo: serviços que todo o mundo, excepto os muito ricos, necessita, uns serviços que deve proporcionar o Governo ou ninguém o fará, como o alumeado das ruas, umhas estradas transitáveis e umha escolarizaçom decente para toda a cidadania.
Portanto, o resultado final da prolongada campanha contra o Governo é que temos dado um giro desastrosamente errado. Agora, os EUA transitam por umha estrada a escuras e sem asfaltar que nom conduze a nengumha parte.
______________________________* [N. T galego] A camára municipal de Ribadeo, governada polo BNG, também decidiu perante a calamitosa situaçom económica dos concelhos galegos por falta de financiamento apagar umha de cada duas farolas a partir das 2:00 a.m. para poupar em energia. A cámara municipal de Chantada, onde é tenente de alcaide o nosso irmao Ildefonso Pinheiro, paga mais de 1.000 € diários polo alumeado público e dispuxo-se a trocar as lámpadas para poupar mais de 20% implementando a tecnologia LED. Recentemente publicamos neste blogue um artigo de Immanuel Wallerstein onde advertia que umha das estrategias para subir impostos dos governos centrais era precisamente recurtanto o investimento/financiamento das estáncias inferiores da estrutura administrativa do estado obrigando-as a recurtar serviços (com o que se perjudica às maiorias e se obriga às minorias adinheiradas a recorrer a serviços privados) ou subir impostos.
O próprio PP em Madrid proclama que descerá os impostos e, entre tanto, na Galiza, Feijoo subirá-os através da Lei de augas, onde, para além de instalar contadores homologados nos poços particulares e privados (de nom fazê-lo as sançons ascenderám até 30.000 €, obrigará os usuários a afrontar subidasno recibo da auga (em caso de que a paguem que muita gente no rural nom) superiores nalguns tramos ao 300% umha lousa mais sobre as exploraçom lácteas da nossa naçom. É curioso ver como em Europa os "Partidos da Liberdade" som os xenófobos que expulsam emigrantes, e os "Partidos Populares" os que elaboram políticas que atacam directamente às maiorias sociais, quer dizer, à base popular que os apoia nas furnas. Como dixo deus em boca de Curros "se eu figem este mundo que o demo me leve".
O próprio PP em Madrid proclama que descerá os impostos e, entre tanto, na Galiza, Feijoo subirá-os através da Lei de augas, onde, para além de instalar contadores homologados nos poços particulares e privados (de nom fazê-lo as sançons ascenderám até 30.000 €, obrigará os usuários a afrontar subidasno recibo da auga (em caso de que a paguem que muita gente no rural nom) superiores nalguns tramos ao 300% umha lousa mais sobre as exploraçom lácteas da nossa naçom. É curioso ver como em Europa os "Partidos da Liberdade" som os xenófobos que expulsam emigrantes, e os "Partidos Populares" os que elaboram políticas que atacam directamente às maiorias sociais, quer dizer, à base popular que os apoia nas furnas. Como dixo deus em boca de Curros "se eu figem este mundo que o demo me leve".
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