Cortes de energia tentem evitar derretimento dos reatores. Cresce, em todo o mundo, rede de apoio às vítimas. Fotos e novas tecnologias revelam (ver aqui: 1 2) gravidade da destruição
Por volta do meio dia (hora de Brasília), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou comunicado em que sustenta: diminuíram os riscos de derretimento do reator da usina nuclear japonesa em Fukushima — e, portanto, de um acidente que poderia aproximar-se do de Chernobyl, na Ucrânia (então União Soviética), em 1986.
Situada a poucas dezenas de distância do epicentro do tremor, a Fukushima sofreu uma explosão no sábado, mas o núcleo de seus reatores permaneceu intacto e a contaminação resultante é moderada, no momento (cerca de 180 pessoas expostas a índices de radiação anormais, mas com boas chances de recuperação). Cerca de 1/3 da eletricidade gerada no Japão provém de fontes atômicas. Para prevenir acidentes, diversas usinas foram paralisadas, o que está provocando blecautes em diversas partes do país, inclusive Tóquio (onde o fornecimento de energia é interrompido por três horas, a cada dia. A área num raio de 8 quilômetros, a partir de Fukushima, foi evacuada. Cerca de 170 mil pessoas estão desalojadas.
O engenheiro nuclear norte-americano Edwin Lyman, membro da União de Cientistas Preocupados, advertiu que os riscos de um desastre de maiores proporções não estão afastados. “Pode haver superaquecimento e derretimento em proporções incontrolávies. Neste caso, haveria emissões radiotivas em larga escala”, disse ele também no domingo. Teme-se, sobretudo, as consequências de novos tremores secundários. Sismólogos citados pelo jornal londrino The Guardian avaliam em até 70% os riscos de um novo terremoto com intensidade de até 7 graus na escala Richter, nos próximos três dias.
No Japão, prossegue um imenso esforço social em busca de sobreviventes e apoio às vítimas. Há intensa mobilização de recursos humanos e materiais. Dezenas de países ofereceram ajuda. A riqueza material do Japão e a seriedade impressionante das normas que regem a construção civil evitaram, por enquanto, uma tragédia maior. Mas a intensidade dos tremores, e a força do tsunami que se formou em seguida, são impressionantes. A partir de estudos comparativos de imagens, cientistas dos EUA avaliaram que a ilha principal do arquipélago japonês (com área semelhante à do Estado de S.Paulo) pode ter se deslocado, por inteiro, cerca de 2,5m, em relação à sua posição geográfica anterior. Houve deslocamento (pequeno, mas perceptível) de 2,5cm no próprio eixo do planeta — cuja inclinação é responsável pelas estações do ano.
Milhares de imagens e vídeos sobre o desastre estão circulando pelo planeta. Dois trabalhos merecem atenção, por articularem inovações tecnológicas com trabalho jornalístico. Tirando proveito do Google Earth, a agência de notícias australiana ABC produziu uma série notável de fotografias comparando as situações antes e depois do terremoto, nas localidades japonesas mais atingidas. O trabalho pode ser conferido aqui. Já o New York Times produziu, com auxílio do Google Maps, um infográfico multimídia que, além de apontar com precisão o epicentro do tremor e as áreas mais atingidas, associa, a cada uma delas, dados, vídeos e fotos sobre o Japão pós-terremoto.
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