A ministra espanhola de Negócios Estrangeiros, a senhora Jiménez, tem-se permitido assinalar que a flotilha de Gaza nâo é a maneira ajeitada de resolver os muitos problemas que se revelam nos territórios que Israel ocupa de forma ilegal desde há mais de quarenta anos. A ministra tem agregado que a diplomacia oferece à respeito possibilidades sensivelmente superiores.
Suponho que Jiménez pode mencionar algum dos efeitos positivos derivados da açâo das chancelarias ocidentais. A mim, porém, nâo me vem à cabeça nenhum. E a razâo parece fácil de enunciar: essa diplomacia da que Jiménez fala nâo fez outra cousa nos últimos decénios que permitir todo tipo de abusos por parte do Estado de Israel. Será suficiente com propor um exemplo: a Uniâo Europeia mantém desde muito tempo atrás, en proveito do Estado mencionado, um trato comercial de privilégio que recompensa -cumpre concluir- o respeito dos direitos humanos que carateriza de sempre, como é sabido, a Tel Aviv.
Nâo lembro que em momento nenhum a Uniâo asumisse a perspetiva de fazer o que, por lógica, devia ter feito há muito: ameaçar com a cancelaçâo desse trato de privilégio se Israel nâo mudava umas ou outras políticas. Estes sáo -parece- os efeitos saudáveis duma diplomacia que responde lamentavelmente a prosaicos interesses comerciais e esquece de forma sistemática as violaçôes dos direitos humanos.
Bem é certo que as cousas nâo terminam aí. Mal fariamos em esquecer que a nulidade da diplomacia occidental é consequência direta dum facto principal: Israel é o aliado mais importante que as potências ocidentais têm no Próximo Oriente. É, se o queremos dizer assim, o seu polícia local. As cousas nestes termos, o único que podemos afirmar com certeza é que da repressâo da flotilha de Gaza serâo responsáveis, também, os nossos governantes.
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