10/11/2011

França e Alemanha já falam em reduzir a zona euro

Artigo tirado do portal Esquerda.net (aqui). Neste blogue publicamos um artigo há um tempo em que advertíamos que ao cair a globalização do capitalismo sem travas começava o salve-se quem poda com funestas consequências.  

"Podemos chamar-lhe à mesma euro, mas terá menos países", disse um governante alemão à Reuters. Foto francediplomatie/Flickr
A agência Reuters revela que os dois países têm debatido nos últimos meses o cenário duma Europa a duas velocidades, com uma zona euro mais pequena que avance mais depressa na integração económica que os restantes países da UE. Durão Barroso diz que o preço dessa divisão também será pago pelos alemães.

Num discurso em Berlim, o presidente da Comissão Europeia avisou para os custos económicos de quaisquer cisões na zona euro, prevendo a contracção do PIB alemão e a perda de um milhão de postos de trabalho. "Não pode haver paz e prosperidade no Norte ou no Oeste da Europa se não houver paz e prosperidade no Sul ou no Leste", disse Barroso, no dia em que os juros da dívida voltaram a disparar, aumentando também a preocupação quanto às consequências de um pedido de resgate financeiro do país.

Mas os altos responsáveis governamentais europeus contactados pela Reuters, todos sob anonimato, dizem que o cenário da divisão está hoje em cima da mesa. "Temos de ser muito cuidadosos, mas a verdade é que temos de saber ao certo a lista dos que não querem fazer parte do clube e aqueles que simplesmente não podem entrar", disse uma das fontes da agência noticiosa, um alto responsável europeu em Bruxelas. Uma discussão que tem sido feita no plano "intelectual", segundo a mesma fonte, não tendo ainda passado aos detalhes técnicos e operacionais.

"Isto vai desfazer tudo aquilo que os nossos antepassados construíram cuidadosamente e rejeitar tudo o que defenderam nos últimos 60 anos", disse um diplomata europeu à Reuters, acrescentando que a avançar esta proposta, ela "vai redesenhar o mapa geopolítico e despertar novas tensões. Pode mesmo ser o fim da Europa como a conhecemos".

A Reuters cita ainda um governante alemão com ideias claras sobre o assunto. "Podemos chamar-lhe à mesma euro, mas terá menos países", afirma, sem querer nomear os que sairiam desta nova moeda. "Não conseguiremos falar a uma só voz e tomar as decisões difíceis na zona euro tal como está hoje. Não podemos ter um país, um voto", defende o membro do governo de Angela Merkel.

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