16/04/2012

Umha moeda alternativa para a Galiza? Economia social e construçom nacional

Tirado de Galizalivre (aqui).

EUA, Alemanha, Inglaterra, Brasil... e agora também Grécia, os Países Cataláns ou o País Basco, som algumhas das partes do mundo onde se estám a pôr em marcha moedas alternativas às oficiais, basadas na criaçom de umha economia mais justa, de tipo social e solidária. Nalgumhas naçons sem Estado, ademais, criam-se ao serviço da construçom nacional e para inciar já o exercício da soberania num ámbito mais da vida. Nesta reportagem repassaremos algumha destas experiências e a possibilidade de implementá-las na Galiza. Chegará o dia em que, como dizia Castelao, “o dia que nós emitamos papel-moeda nom estamparemos nele o retrato dos políticos, nem dos sábios, nem dos artistas; estampariamos somente, a figura dumha vaca, como símbolo da nossa economia humanamente distribuida”?

Moeda sueva. Os suevos estabeleceram um reino independente na Galiza pós-romana. Ainda depois da anexom visigoda mantiveram a sua moeda e leis próprias. 


História das moedas alternativas às estatais

As primeiras moedas sociais aparecêrom, como agora, nas grandes crises do capitalismo. Nos anos 20 e 30, em Alemanha e Estados Unidos de América, produzírom-se experiências alternativas mui semelhantes às que volvem estar nos nossos horizontes de hoje: criaçom de hortas urbanas, volta ao rural, economias solidárias e... moedas sociais ou locais, como os empregados em Wörgl (Áustria), nos 30. Nos 80 reparecérom em Vancouver (Canadá), com os Local Exchange Trade Systems, e posteriormente os Ithaca Hours, umha nota física que se empregou por América Latina.

Grécia: moeda local como saída à crise

O movimento grego leva anos atraindo as olhadas da Europa rebelde, como um laboratório vivente de novas formas de resistência. Acuciadas pola crise, um grupo de pessoas pujo em marcha na cidade de Volos (de uns 150.000 habitantes) a moeda local TEM, apoiada mesmo polo governo municipal. O alcalde Panos Skotiniotis sinala que “apoiamos a iniciativa porque é umha boa maneira de sair da crise, mas nom queremos que substitua o euro”; mas a realidade da gente do projeto é mais radical: “o euro é cousa do passado”, afirmam. O TEM é um sistema de troco e um banco de tempo tecnificado, centralizado e sistematizado por computadores. Umhas 800 pessoas empregam a moeda, e unírom-se também pequenos negócios e cooperativas. Realizam periodicamente mercadinhos onde materializam os intercâmbios.

Países Cataláns: moedas ecológicas

Nos Países Cataláns há atualmente várias moedas alternativas funcionando. Umha delas é a moeda eletrónica RES, a imagem da Rede belga RES, que tem já 15 anos e 5.000 pequenos comércios empregando-os. Cada transaçom tem umha taxa de 3,4%, que se reinvestem em créditos sem interesse aos comércios membros e ofertas para as compradoras, visando criar um sistema de fidelizaçom e confiança.

Mas também há moedas físicas, como o Ecoseny e a Eco, que à sua vez tenhem formato virtual. A Eco é gerida pola Xarxa Eco de Tarragona, e a Ecoseny pola EcoXarca Montseny. As duas empregam o programa CES (Community Exchange System), que dá infraestrutura a umhas 180 experiências semelhantes em todo o mundo. O objetivo é chegar a criar umha rede de usuárias a nível nacional, com umha moeda única. De momento empregam-na em feiras de intercâmbio de produtos e serviços, e contam com comércios que as aceitam.

Numha entrevista a Diagonal, Didac Sánchez-Costa, da EcoXarca Montseny, explicava o funcionamento desta moeda: “Todos começamos com zero ecos. Ao fazer um intercâmbio, quem recebe o produto ou serviço contrai umha dívida, que pode saldar com qualquer outro usuário da rede. Nisto consiste o troco multirrecíproco, distinto do troco direto ou clássico antigo. Se eu recibo umha aula de ioga, por exemplo, quem ma oferece cobra 10 ecos, e a minha conta baixa a -10 ecos. Nesse momento estamos criando dez novas unidades monetárias no sistema. Se alguém acumula moeda social, ao nom haver juros, nom ganha nada, e deixa de perceber bens e serviços em troques dos que já ofereceu. Quem necessitam moeda social nom podem endividar-se como ocorre com os euros: chega com que ofereçam qualquer bem ou serviço na rede para poder participar nos intercâmbios”.

Ipar Euskal Herria: construçom nacional

A associaçom AMBES espera que no 2013 já esteja em marcha a primeira moeda alternativa para o País Basco situado sob administraçom francesa, umha rede de prestatários de serviços e usuários que favoreçam práticas ecológicas, sociais, e ademais promovam o uso da língua basca. A moeda, que se chamará eskualde, será lançado progressivamente por zonas. O objetivo, sinalam, é criar umha sinergia solidária em base às práticas sociais, ecológicas e bascófonas, favorecendo circuítos cortos e criaçom de riqueza no próprio território.

E na Galiza?

Rastrejando a história, o historiador Manuel Paços situa em Traço, na comarca de Ordes, umha efémera experiência com moeda social. Ao produzir-se o golpe de Estado do fascismo em 1936, a agrupaçom local do CNT erige-se em comité de defesa, e segundo umha testemunha oral: “nesses poucos dias até chegárom a implementar um sistema de moeda própria consistente nuns documentos com o selo oficial do concelho”.

Mais atrás na história, o Reino da Galiza conformado polos suevos nom só foi o primeiro Estado da Europa após o Império Romano, senom que também foi o primeiro em cunhar moeda própria. Primeiro seguindo o sistema monetário de Constantino mantendo a imagem do emperador mesmo depois da sua morte. Requiári foi o primeiro rei da Galiza em cunha moeda com o seu próprio nome, IUSSU RECHIARI REGIS.

Nenhum comentário: