06/07/2010

A douta incompetência da teoria macroeconómica actual

Paul Krugman*


Mark Thoma e Brad DeLong chamam-nos a atençom sobre a crítica de James Morly à teoria macro-económica actual. Hai algum tempo, eu mesmo escrevim sobre isso. Como deixei dito entom, a história básica da macro-economia “moderna” discorre sobre pouco mais ou menos assi:

1.- Lucas e os seus discípulos coincidiam em que a economia tem umha apariência keynesiana –quer dizer, todo ocorre como se as políticas monetária e fiscal tiveram efeitos reais—, mas sustentárom que um enfoque teórico em termos de equilíbrio com informaçom imperfeita podia explicar por quê, e ao mesmo tempo, liberar-se das implicaçons políticas keynesianas. E ridiculiçárom a teoria económica de Keynes.

2.- Cara 1980 --¡hai já três décadas!— estava já claro que o projecto científico de Lucas fracassara. Os modelos de equilíbrio com informaçom imperfeita nom podem, com efeito, explicar factos chave sobre os ciclos económicos, especialmente o da persistência das recessons ainda quando todos os agentes sabem que se acham em recessom.

3.- No entanto, longe de admitir que seguiam umha senda equivocada, os advogados da teoria macro-económica que se pratica nas universidades de auga doce [1] dobrárom a aposta, e buscárom explicar o ciclo económico em termos de shocks reais.

4.- Tampouco este enfoque se ajustava aos factos. Assi que, tratando de salvar os seus modelos, engadírom mais epiciclos, e se algumha vez tivérom um intre de claridade, agora perdérom-na toda.

5.- Os economistas de auga doce declaram que o ciclo económico é profundamente enigmático, e que necessitamos mais investigaçom denantes de poder fazer recomendaçons políticas.

Em soma, estamos perante umha douta incompetência. Os economistas que nom se adentrárom por essa senda e nom arrojárom ao buraco da memória todo que a professom apreendeu entre 1936 e 1973 nom estám particularmente desconcertados ante a situaçom em que agora nos achamos... A contrário; parece umha versom extrema dalgo bastante familiar, e as políticas recomendáveis nom som difíceis de encontrar.

Só quem segue comprometido com um projecto de investigaçom fracassado –um projecto que fracassou hai umha geraçom, mas que se negou em redondo a admiti-lo— está perplexo.

NOTA do tradutor castelhano: [1] Chama-se “economistas de auga doce” aos economistas antikeynesianos concentrados em várias universidades do interior dos EUA, situadas cerca de grandes lagos (como a de Chicago), por enquanto se conhece como “economistas de auga salgada” aos keynesianos, concentrados mais bem nas universidades norte-americanas da costa atlántica e da costa pacífica.

*Paul Krugman foi Prémio Nóbel de Economia em 2008. O presente artigo foi tirado de aqui.

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