01/03/2013

Breve comentário ao estudo do CIS

Rosa Díez, líder do partido de extrema direita UPyD. No entanto, a maioria dos cidadãos do Estado espanhol segue a perceber a esta formação como de centro-esquerda. O populismo de toques esquerdistas têm dado também bons resultados a Marine Le Pen na França.

O Cis vem de publicar o avanço dos resultados recolhidos em fevereiro deste ano após o debate sobre o Estado. Os menos informados deste fato, com uma notável diferença, eram precisamente os votantes dos dous maiores partidos: o PP e o PSOE. Porém atá a maioria dos votantes do PP consideram que o que lá se fala pouco ou nada tem a ver com os problemas reais da cidadania.

Por idades quem menos segue o debate (e a política em geral) é a mocidade entre 18 e 24 anos seguidos da seguinte franja etária (25-34) onde aumenta a responsabilidade vital e cidadã da mocidade do Estado, sempre e quando aceitemos a existência duma adolescência prolongada de que falam alguns psicólogos (nas sociedades do centro do sistema-mundo capitalista).  A consulta a rádio, televisão ou jornal é também menor nestes grupos, mas em contrapartida é maior o seu emprego de Internet, especialmente entre os que têm 25-34 anos. Semelha, pois, que hoje um dos setores que deveria encabeçar qualquer mudança pela esquerda nas ruas do Estado é a franja que tem entre 25-34 anos.

Nos dous extremos da pirâmide é onde menos se fala de política. No entanto, os que nunca falam de política (predominando as mulheres) são, porém, mais no conjunto quanto maior é a idade. 

Outro dado significativo e que as pessoas que votaram nulo, branco ou se abstiveram leem ou vem menos notícias políticas que os que sim votaram. Também recorrem menos à rádio e a seguir notícias na rede. Isto aponta talvez para um reforço a meio prazo da tendência abstencionista, o que dificultará a emergência dum bloco social hegemônico pela esquerda no Reino de Espanha. E são más notícias porque o PP e o PSOE em recentes sondagens ainda roçavam 50% dos apoios entre os votantes, pelo que com a alça calculada de UPyD o quendismo da II Restauração bourbónica poda continuar.

Também é bastante significativo que os que votaram nas passadas eleições por UPyD se interessam  bastante pela política à altura por vezes com os votantes da esquerda como os de EU, demonstrando assim como o populismo cria uma forte lealdade dos seus aderentes. E como o perigo primoriverista existe quando a II Restauração toca também fundo.

As intervenções de Rajoy são apenas aprovadas pelos seus votantes 81'9% dos seus votantes o que quer cotejando com outros dados que, ainda no seu pior momento, o PP dificilmente baixará de 9 milhões de votos e seguirá jogando o papel de força mais votada e mais beneficiada pela lei eleitoral como acontece com Nova Democracia em Grécia. E resulta curioso que o segundo grupo que mais aprova o feito por Rajoy seja os que votaram branco nas passadas gerais (também lembremos que este grupo era um dos que menos seguia e se informava sobre a política). Quanto a quem chefia as filas do PSOE, Rubalcaba, nem sequer é aprovado entre os seus votantes (em mínimos históricos nas passadas gerais). Para os votantes do PSOE e do PP, no entanto, quem sim merece aprovar é Rosa Díez, a nova Gil Robles espanhola. 

Igualmente interessante é a pergunta que faz uma escala de 1 a 10 e pede que cada pessoa se coloque nela, sendo 1 extrema esquerda e 10 extrema direita. A maioria dos moços entre 18-24 anos coloca-se entre o 3-5, os que têm idades compreendidas entre 25-34 anos o mesmo (com maior tendência para 5) e o mesmo incluindo 6 para as demais idades. 

Um 6'6% dos votantes do PSOE nas passadas gerais consideram-se de extrema esquerda e entre 3 e 5 colocam-se quase 80% dos seus votantes. É então evidente que o PSOE está à direita dos seus votantes. Aliás, o PSOE e o PP recebem os seus melhores resultados em número de votos entre as franjas etárias mais envelhecidas, mas estão muito erosionados entre as camadas que não participaram da denominada Transição. 

Quanto ao PP mais de 80% dos seus votantes ubica-se entre 5 e 7. Porém, vem ao PP mais a sua direita. A maior parte dos votantes do PP têm a secundária como nível de estudos (22'8%) e o segundo grupo mais numeroso é o das pessoas com estudos universitários superiores (20'4%). Entre os 18 e os 24 anos tanto o PSOE como o PP têm uma percentagem de votantes residuais. Por sexos, entre as mulheres o PSOE e o PP seguem a estar por cima de 50% dos apoios.

Entre 4 e 6 a maioria dos votantes de UPyD, a direita do PSOE porém ainda se consideram à esquerda do PP (talvez pelas questões populistas do programa deste partido de extrema-direita). Olhando a valoração da intervenção de Rosa Díez por escala ideológica é a que suscita mais reconhecimento e apoio entre todos os setores com um nível de conhecimento alto.

No tocante aos que votaram nulo, branco ou se abstiveram nas últimas gerais a maioria coloca-se entre 5 e 6 o que coincide com o extremo centro de que fala Tariq Ali, coincidindo também com o espaço que ocupa no imaginário das sociedades do Reino a posição de UPyD. 

Como dado específico para Catalunya a maioria dos seus votantes consideram-se entre 4 e 5, algo que explica a fácil permeabilidade de votantes CiU-ERC que se acentua para a esquerda com a crise e obrigará a CiU a ter que seguir avante com a sua aposta independentista. 

Quanto ao BNG a maioria dos que responderam ao inquérito do CIS não conhecem a Mª Olaia Fernández Davila. O conhecimento mais alto desta deputada têm-no curiosamente os que se colocam na escala entre 9-10 (valorando-a logicamente muito negativamente), seguidos pelos que estão entre 3-4. A maioria dos votantes do BNG situa-se na escala entre 3-6 e têm entre 18 e 34 anos. Os de ERC, por exemplo, ubicam-se entre 1-4 maioritariamente. E os de Amaiur entre 1 e 2. A estrategia de inventar por mímese uma plataforma autodeterminista (junto com Nós-UP, Causa Galiza e outros) numa estéril jogada de apresentar-se como única força nacionalista pode, já que logo, jogar na contra do próprio BNG e vendo os dados que dizem que os votantes do PSOE estão à esquerda do partido (situando-se entre 1-6)... parece que a Syriza galega, Alternativa Galega de Esquerdas consolida a sua emergência.

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