O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou na noite de segunda-feira (25) a expropriação da filial da fabricante americana de embalagens de vidro Owens Illinois, que segundo o governo não respeita o meio ambiente e explora os trabalhadores.
Chávez também aproveitou a oportunidade para acenar com a nacionalização de bancos privados que não colaborarem no desenvolvimento do país com a concessão de créditos.
Anos de exploração
"Já está pronta a expropriação, Owens Illinois, exproprie-se", disse Chávez em um ato de governo transmitido em rede nacional de rádio e televisão. O presidente acrescentou que trata-se de “uma empresa de capital americano, que tem anos explorando os trabalhadores, destruindo o ambiente no estado Trujillo (oeste) e levando o dinheiro dos venezuelanos".
A Owens Illinois é líder mundial na fabricação de embalagens de vidro, com 22.000 funcionários e presença em 21 países.
A empresa americana está presente há 52 anos na Venezuela, onde tem duas fábricas, que produzem embalagens de vidro e garrafas para cervejas e bebidas, além de recipientes para alimentos.
Lista
Chávez destacou ainda que o governo tem uma lista com mais nomes de empresas para expropriação, mas não revelou os nomes. E alertou os ricos banqueiros. "Banco que não quiser colaborar no desenvolvimento nacional deve ser estatizado sem atraso de nenhum tipo. Os bancos privados são obrigados a assumir isto. Não há volta atrás".
Ele citou como exemplo a necessidade de que os bancos concedam créditos para a habitação, uma das principais necessidades dos venezuelanos no momento.
"Não podemos fazer nenhuma concessão aos que não querem contribuir podendo fazê-lo (...), porque nós, sozinhos, não podemos fazer tudo", completou Chávez.
Desde novembro de 2009, mais de 10 bancos, todos de pequeno e médio porte, sofreram intervenção e posteriormente foram liquidados ou nacionalizados por Caracas. O objetivo é "garantir o saneamento do sistema bancário".
Estado forte
O papel do Estado no setor bancário do país ganhou força nos últimos meses, e atualmente concentra mais de 25% do sistema financeiro nacional, principalmente em função da nacionalização do Banco da Venezuela, concluída em 2009.
Nos último 30 dias, Caracas nacionalizou a produtora de lubrificantes Venoco, a empresa de fertilizantes Fertinitro e a Agroisleña, uma empresa com capital espanhol dedicada à produção de químicos agropecuários e suporte tecnológico à agricultura.
Desde 2007, a Venezuela nacionalizou mais de 340 empresas em setores estratégicos como energia elétrica, bancos, cimentos, aço, petróleo e alimentos. Além disso, três milhões de hectares de terras consideradas improdutivas foram resgatadas para a produção, nas palavras do governo, desde a chegada de Chávez ao poder. O reforço do papel do Estado na economia, em contraposição às políticas de “Estado mínimo” dos governos neoliberais, é um dos caminhos da revolução bolivariana na direção do socialismo do século XXI.
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