A crise nas negociações de paz pode trazer um efeito colateral não previsto por Israel ou pelos EUA: a saída do seu agente na palestina, Mahmoud Abbas, e a dissolução da Autoridade Nacional Palestina.
As negociações de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP), pelo seu caráter contraditório e falso, causou uma crise mais profunda e transparente do que as tentativas anteriores.
Ficou evidente que as negociações entre Israel e a ANP, intermediadas pelos EUA, são uma fraude. A posição do Hamas, partido que lidera a população na Faixa de Gaza, contribuiu para aprofundar a crise, desmoralizando a direção do Fatah ao recusar o pacto proposto pelo imperialismo e denunciar o acordo de paz como uma mentira grotesca. A recusa em aceitar o tratado, diante do avanço incontestável de Israel sobre o território palestino em meio às próprias negociações, provocou discórdia entre os próprios membros do Fatah, pressionados pela população oprimida pelos agentes do imperialismo na região.
Houve ainda um esforço da parte da ANP para manter as negociações, mesmo diante do inconveniente de Israel estar arrasando casas em Jerusalém Oriental para construir novos assentamentos judeus.
Mahmoud Abbas, que é um agente do imperialismo junto com o partido Fatah, se viu encurralado e sem resposta para o que se tornou senso comum entre a população palestina: "para quê continuar negociando uma paz para um futuro distante se Israel voltou a expandir seu território em terras palestinas agora?".
A única solução encontrada por Abbas foi pressionar o próprio governo norte-americano, o verdadeiro dono da negociação, ameaçando deixar o cargo à frente da ANP caso Israel não pare a expansão de seus territórios.
Na prática, caso Abas realmente deixe o cargo na ANP, os maiores prejudicados serão os governos norte-americano e israelense, que perderão um interlocutor "confiável" e terão, em troca, que enfrentar os termos propostos pelo Hamas e a maioria da população palestina: o fim da ocupação sionista.
A ANP sem os seus verdadeiros donos
Sem Abbas, não há nenhum membro do Fatah com autoridade o suficiente para assumir o cargo - ao que deve-se acrescentar que nem mesmo o próprio Abbas possui a autoridade ou respeito entre seus pares para ocupar o lugar do falecido líder Iasser Arafat. O próprio Fatah passa por uma crise interna devido a sua política de colaboração de classes e de conciliação com os invasores sionistas. A saída de Abbas da ANP, como consequência da própria crise do Fatah e da sua política, levaria, de maneira inevitável, à crise da ANP e a uma crise ainda maior do próprio Fatah.
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