Gustavo Duch. Artigo tirado de aqui. Os artigos deste autor aparecem publicados em galego com regularidade em Altermundo. Gustavo Duch é coordenador da revista Soberania Alimentaria, Biodiversidad y Culturas. A ilustraçom é de Javier Olivares.
Som muitas as conjeturas que se fam a respeito de quando a nossa civilizaçom alcançará o zénite do petróleo, quer dizer, quanto tempo fica até chegar ao ponto em que a extracçom de petróleo alcança um máximo e empeza a sua descida definitiva. Algumhas opinions exponhem que já temos alcançado essa data, que já superamos o teito. Outras som mais optimistas e situam este momento no próximo ano 2030.
Entom, para além da discusom do quando, conviria concentrarmos as nossas energias (que de isso estamos falando) em como afrontar umha realidade pós-petroleira. Teremos mais dificuldades para a nossa mobilidade? Em quê estado de desenvolvemento se encontrarám as energias alternativas? E, sobre todo, teremos capacidade para alimentar-nos todos no planeta? Porque, ainda que a maioria nom vejamos a relaçom directa, se nom mudamos nada, umha das repercusons mais graves do esgotamento do petróleo sofrerá-a o nosso modelo de agricultura e alimentaçom. Existem dous factores para fazer dita afirmaçom.
Primeiro, dotamo-nos dum modelo maioritário de produçom de alimentos dependente do petróleo. Em aras de supostos rendimentos instalam-se regadios (com sistemas de bombeio) em terras de secano e baixo céus de plástico, que também é petróleo. Temos granjas de animais em Europa às que a totalidade da sua alimentaçom lhes chega por barco ou aviom desde o Cono Sul Latinoamericano. Pratica-se umha agricultura torpedeada por pesticidas, ervicidas e abonos, todos eles derivados de combustíveis fósseis. O uso da maquinária (tractores, segadoras, etc.), que fôrom um alívio do trabalho no meio rural, sobredimensionárom-se, o que representa também um alto custe de combustível. Somando estes e outros gastos energéticos resulta que hoje em dia para produzir umha caloria de alimento consomem-se 10 calorias de energia fóssil.
O segundo e mais patente tem a ver com o modelo de distribuiçom e comercializaçom que a globalizaçom foi conformando: incrementa-se a quilometragem da nossa comida, por um lado, e por outro centraliza-se em cadeias de distribuiçom, de forma que a dependência do transporte, a congelaçom, empacotado, refrigeraçom, etc. (todos, gastos energéticos) convertem-se na nossa subjugaçom.
Deveriamos interiorizar dalgumha maneira a fragilidade do sistema alimentar. A nossa alimentaçom foi desenhada em base à suposiçom de disponibilidade energética ilimitada e barata, até o ponto de que os custes energéticos (a outra face da moeda dos custes ecológicos) nunca representou umha percentagem significativa no preço final do consumidor. Como é que podemos comprar umha ananá de Costa Rica por um euro? A energia, até agora, custou muito pouco, igual que pouco ou nada recebêrom as pessoas que cultivárom e colheitárom estes alimentos.
Após o zénite, com menos petróleo e mais caro, poderiamos optar por reduzir as nossas viagens low cost, mas com certeza que queremos seguir alimentando-nos. Para isso, ou bem aguardamos pacientemente umha milagre tecnológica, ou exigimos que se adotem já medidas de reconversom da nossa alimentaçom em torno a autosuficiência das fincas agrogandeiras (modernizadas com tecnologias apoiadas em saberes e experiências tradicionais e agroecológicas) fortemente relacionadas com as comunidades mais achegadas para favorecer o consumo de proximidade.
Algumhas naçons já apostárom por esta volta à comida local, como Escócia, cujo Parlamento aprovou em 2008 umha resoluçom em apoio às cadenas de suministro local para segurar a alimentaçom da populaçom. Polo de pronto, no estado espanhol, imos por detrás: desde o passado 14 de junho, o Governo tem pendente responder a umha pergunta apresentada por Esquerda Unida sobre o zénite do petróleo e as possíveis manipulaçons da Agência Internacional da Energia (AIE).
Primeiro, dotamo-nos dum modelo maioritário de produçom de alimentos dependente do petróleo. Em aras de supostos rendimentos instalam-se regadios (com sistemas de bombeio) em terras de secano e baixo céus de plástico, que também é petróleo. Temos granjas de animais em Europa às que a totalidade da sua alimentaçom lhes chega por barco ou aviom desde o Cono Sul Latinoamericano. Pratica-se umha agricultura torpedeada por pesticidas, ervicidas e abonos, todos eles derivados de combustíveis fósseis. O uso da maquinária (tractores, segadoras, etc.), que fôrom um alívio do trabalho no meio rural, sobredimensionárom-se, o que representa também um alto custe de combustível. Somando estes e outros gastos energéticos resulta que hoje em dia para produzir umha caloria de alimento consomem-se 10 calorias de energia fóssil.
O segundo e mais patente tem a ver com o modelo de distribuiçom e comercializaçom que a globalizaçom foi conformando: incrementa-se a quilometragem da nossa comida, por um lado, e por outro centraliza-se em cadeias de distribuiçom, de forma que a dependência do transporte, a congelaçom, empacotado, refrigeraçom, etc. (todos, gastos energéticos) convertem-se na nossa subjugaçom.
Deveriamos interiorizar dalgumha maneira a fragilidade do sistema alimentar. A nossa alimentaçom foi desenhada em base à suposiçom de disponibilidade energética ilimitada e barata, até o ponto de que os custes energéticos (a outra face da moeda dos custes ecológicos) nunca representou umha percentagem significativa no preço final do consumidor. Como é que podemos comprar umha ananá de Costa Rica por um euro? A energia, até agora, custou muito pouco, igual que pouco ou nada recebêrom as pessoas que cultivárom e colheitárom estes alimentos.
Após o zénite, com menos petróleo e mais caro, poderiamos optar por reduzir as nossas viagens low cost, mas com certeza que queremos seguir alimentando-nos. Para isso, ou bem aguardamos pacientemente umha milagre tecnológica, ou exigimos que se adotem já medidas de reconversom da nossa alimentaçom em torno a autosuficiência das fincas agrogandeiras (modernizadas com tecnologias apoiadas em saberes e experiências tradicionais e agroecológicas) fortemente relacionadas com as comunidades mais achegadas para favorecer o consumo de proximidade.
Algumhas naçons já apostárom por esta volta à comida local, como Escócia, cujo Parlamento aprovou em 2008 umha resoluçom em apoio às cadenas de suministro local para segurar a alimentaçom da populaçom. Polo de pronto, no estado espanhol, imos por detrás: desde o passado 14 de junho, o Governo tem pendente responder a umha pergunta apresentada por Esquerda Unida sobre o zénite do petróleo e as possíveis manipulaçons da Agência Internacional da Energia (AIE).
Para os produtores, di Manuel Casal, "umha reconversom pode que se veja como umha reduçom dos ingresos, mas se o fazemos com bom critério a reduçom dos custes compensará os menores ingresos". Como consumidores teremos que modificar alguns hábitos, mas o ganho é claro: manter a despensa cheia e com bons alimentos.
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