13/12/2010

WikiLeaks revela que o Governo espanhol inventou acusações contra conhecido preso político basco

Tirado de aqui.
101210_dois O ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, reconheceu em 2007 ante o então embaixador de Estados Unidos em Madri, Eduardo Aguirre, que o ministro da Justiça da altura não quis que Iñaki de Juana Chaos ficasse livre depois de cumprir a condena imposta.
Por isso, e para garantir que o preso basco continuava em prisão depois de cumprir mais de 20 anos efetivos de prisão, apresentou "uma acusação adicional, sem bem é verdade que pouco clara e de argumentos pouco sólidos, para que o membro da ETA continuasse no cárcere", afirmou o ministro, segundo Aguirre.
Assim consta num cabo confidencial remetido à Secretaria de Estado em Washington publicado pelo portal Wikileaks, recolhido pela agência burguesa Europa Press e datado a 3 de março de 2007. Nesta comunicação, relata-se uma conversa entre Pérez Rubalcaba e Aguirre, na qual o agora vice-presidente primeiro do Governo teria justificado a decisão do manter De Juana Chaos sob detenção domiciliário num hospital depois de protagonizar uma greve de fome de quatro meses.
Rubalcaba também detalhou ante Aguirre que o Batasuna estava tentando então poder participar nas eleições municipais de maio de 2007, mas que o atentado da Terminal 4 de Barajas com que a organização armada pôs fim o seu cessar-fogo complicou esse cenário.
"Teria sido mejor deixá-lo livre"
Quanto à greve de fome protagonizada polo independentista basco e militante da ETA, Rubalcaba alegou, informa Wikileaks, que a intenção do Governo era evitar o falecimiento, para que não se convertesse "num mártir para a juventude radical da ETA durante décadas".
No entanto, a informação mais valiosa desse cabo da diplomacia seria que o ministro Rubalcaba reconheceu, "em confiança", ao embaixador Aguirre que, quando a condenação imposta a De Juana estava a ponto de se esgotar em 2005, o então ministro de Justiça, Fernando López Aguilar -o mesmo que afirmou publicamente que o Governo "construirá imputações" para evitar a liberdade de presos políticos bascos-, não quis "que um assassino preso ficasse em liberdade".
Segundo o cabo, o ministro de Interior e vice-presidente espanhol reconheceu que, "visto com perspectiva, teria sido melhor" permitir que De Juana fosse libertado, como correspondia por lei, em 2005, e que em 2007 o Governo do PSOE estava "pagando o preço" por aquela decisão.
Em outro ponto do cabo, atribuído ao embaixador dos EUA pelo Wikileaks, também reconheceu que o Executivo espanhol não tinha explicado bem à opinião pública espanhola que Iñaki de Juana tinha cumprido de forma íntegra a sentença imposta pelos tribunais espanhóis.

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