22/02/2011

A horta é feminina

Tirado do nosso site de referência em questons de decrescimento. A traduçom corre por conta nossa.



Ainda que a agricultura se associou tradicionalmente a umha actividade masculina, junto àqueles homens fortes que levavam a junguidos os bois, chamavam o carro ou agora chamam tractores, sempre houvo umha mulher que ordena os números ou planta flores à porta de casa.

Enquanto o homem ia ao campo a lavrar, a mulher cultivava o morteiro que tinha cabo da casa ou cuidava da fazenda. O elemento feminino sempre está presente, anónimo e discreto, depois dos grandes tratados de agricultura.

Nos estados mais pobres a horta que cultiva a mulher alimenta a toda a família. E se sobra algo ainda pode  vender-se no mercado ou presentear ao médico a mudança dos seus serviços.

A mulher cozinha e selecciona. A mulher prova e elege os frutos mais doces, a fruita que se conserva melhor, as nabiças mais tenras, as cebolas menos picantes e os tomates mais saborosos. É ela quem se ocupa das sementes, elege-as e guarda-as para o ano seguinte. Ela também se encarrega de semear, num recuncho do morteiro agarimado dos ventos ou numa maceta dentro da cabana, junto à janela.

Pratica a biodiversidade enchendo as hortas de flores que querem ser decorativas mas jogam um papel muito importante no controle de pragas. E entre as tomateiras coloca a manjerica para que nom piquem os mosquitos, e menta para as más digestons, tominho para as catarreiras ou alucema para que a roupa cheire bem.

A mulher guarda os restos da cozinha (folhas de leituga, paras de patata, um chisco de sémola que se voltou rança...) e dá-lhos às pitas. Assim tem ovos frescos para comer. Em troca  as galinhas também lhe dão um abono muito rico que terá que utilizar com cuidado para não queimar as plantas.

Ela corta as camisas dos domingos, que já nom se podem zurcir mais, e com as suas calaças amalhoa bem as tomateiras, os chícharos e as feixoeiras. E com a grande colheita de tomates prepara conservas para poder desfrutá-las durante o inverno.

A horta e o morteiro som femininos. Por isso há tantos homens que encontram a paz nela.

Extraído do livro El huerto escolar ecológico escrito por Montse Escutia.

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