28/02/2011

Reino de Espanha: paraíso fiscal

Antom Fente Parada.
Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?
Quam diu etiam furor iste tuus nos eludet?
Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?, início das Catilinárias de Cícero, ano -63.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a3/Maccari-Cicero.jpg/360px-Maccari-Cicero.jpg
Neste alucinante Reino em que nos tocou por má ventura viver topamo-nos todas as semanas com novas que semelham estar tiradas das brincadeiras de Gila ou dos filmes de Berlanga. Enquanto a populaçom cada vez está mais asqueada com a vomitiva berlusconizaçom da política-mercadotecnia PP-PSOE, os "popes" da política estatal esforçam-se com afouteza por demonstrarem até onde chega a sua incompetência e a sua total falha de ética. A surrealista medida de reduzir a velocidade a 110 quilómetros por hora para poupar em gasolina nom pode ver-se mais que como um novo imposto indirecto sobre as classes trabalhadoras cobrado em forma de multas de tráfico.

Mas a falta de vergonha na cara nom é apenas património dos políticos do establishment. Nadal, Fernando Alonso ou os becerros de ouro da selecçom espanhola tenhem as suas contas bancárias no estrangeiro enquanto aos pobres Fazenda lhes exprime até o último centavo. Pela já tanta caradura e a passividade dos explorados. Os referentes para as crianças do Reino som artistas da farándula em Sálvame, parásitos que sentam cátedra da idiócia no Grande Irmao, modelos esqueléticas e famintas ou multimilhonários que correm detrás dumha bola e ainda por cima cotizam nada e contam com um regime próprio na Segurança Social. 

Mas estas linhas eram para falar-vos um bocado doutra cousa. O jornal El País recolhe que a maior empresa do mundo emprega o Estado espanhol como paraíso fiscal. Exxon Móbil ganhou 10.000 milhons de euros em dous anos sem pagar nem um só peso em impostos. Esta empresa usa umha filial para poder safar-se do "fisco" que em realidade semelha mais bem um cisco. Enquanto o gigante do petróleo engrossa, as carteiras dos trabalhadores enfraquecem cada vez que enchem o depósito dum combustível cada vez mais proibitivo. Uns imos a cada vez menor velocidade nesta sociedade-cangarejo, mentres os da cima aceleram os seus benefícios e se fai mais e mais grande o lanho entre as rendas do capital e as rendas do trabalho. Até quando, oh capitalismo vas abusar da nossa paciência? Até quando esta loucura seguirá rindo-se de nós e empurrando-nos para a barbárie? Quando acabará esta terrível audácia da burguesia e os seus mercenários do PPSOE?

A máxima de Júlio César do divide e vencerás avança imparável. As vítimas som incapazes de identificar os verdugos e a classe trabalhadora pratica o canibalismo: entre os empregados do público e os do privado, entre os desempregados e os migrantes... Estamos correndo para um darwinismo social militarizado perante um capitalismo em crise terminal e a emergência dum capi-feudalismo onde os ricaços sortearám a crise ecológica reduzindo o nível de vida das maiorias sociais. 
Ao matar abel por nom poder matar o senhor, caim deu já a sua resposta. Nom se augure nada bom da vida futura deste homem, José Saramago: Caim.
 As conseqüências serám longas e terríveis senom o evitamos opondo a isso um socialismo libertário que tenha as liçons do XX bem aprendidas. Contodo, polo de pronto, somos menos os que advertimos deste preto futuro dos que ainda, na direita e na esquerda, confiam no industrialismo... até os nazis topárom daquelas com mais oposiçom. Terrível. Adaptando a resenha de Terry Eagleton sobre o último livro de Hobsbawn: É possível que o capitalismo esteja nas últimas, mas nada assegura que venha algum socialismo. Pode vir algum fascismo,ou a barbárie.(...) o capitalismo, escreve Marx, pode terminar “na ruína comum das classes concorrentes”. Não se deve descartar a possibilidade de que o único socialismo que talvez venhamos a conhecer seja o que nos for imposto por circunstâncias materiais,depois de uma catástrofe nuclear ou ecológica.


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