02/03/2011

Seis focos da revolução árabe hoje

Juan Cole. Tirado de aqui. Tradução: Bruno Cava.




1. Jordânia. Cerca de 6.000 manifestantes marcharam na sexta. Protestaram pela transformação da monarquia jordaniana numa monarquia constitucional aos moldes europeus e o retorno à constituição de 1952 sem alterações.

2. Tunísia. Cerca de 100.000 tunisianos saíram às ruas de Túnis na sexta para exigir a renúncia do primeiro-ministro interino Mohamed Ghannouchi. O governo de transição marcou eleições para meados de julho, uma demanda chave dos manifestantes. Também dissolveu o antigo partido no poder [do ditador Zine Ben Ali], a União pela Democracia Constitucional, negando-a vantagens que usufruía no processo eleitoral. Não acreditam em Ghannouchi, alguém orgânico do regime do presidente deposto, para supervisionar as eleições. Ghannouchi tenta ganhar popularidade prendendo elementos do núcleo duro corrupto de Ben Ali, mas até agora isso não foi suficiente para abalar sua reputação como cupincha do ditador.

Atualização (13:32 BR): O primeiro-ministro da Tunísia, Mohamed Ghannouchi cedeu às pressões e anunciou a renúncia na tarde de hoje, na capital Túnis.

3. Egito. Dezenas de milhares de manifestantes ocuparam a Praça Tahir no centro do Cairo, na sexta, exigindo o cancelamento das leis de exceção que suspenderam os direitos civis no Egito nos últimos 30 anos. Também querem que o primeiro-ministro Ahmad Shafiq, indicado pelo presidente deposto Hosni Mubarak, renuncie, de modo que possa haver uma ruptura clara com o antigo regime. O exército egípcio preveniu a multidão de marchar até a residência do primeiro-ministro, e reprimiu, em geral, os dissidentes.

4. Bahrein. Cerca de 200.000 manifestantes marcharam através de Manama, a capital, na sexta. Querem que a monarquia se torne um regime constitucional, com garantia dos direitos civis. Também querem a exoneração do primeiro-ministro. O rei despediu três outros ministros.

5. Iêmen. Manifestantes em Aden, a capital, exigiram que o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos, renuncie. Pelo menos quatro pessoas foram mortas e duas dezenas feridas pelas forças de segurança, que se excederam na repressão dos protestos.

6. Líbia. As forças de segurança do ditador Muammar Gaddafi abandonaram o distrito de Tajoura, habitado pela classe trabalhadora, no sábado, depois de vários dias em que tentavam alvejar os manifestantes para acabar com os protestos. A repressão falhou. Se Gaddafi está perdendo posições significativas em Trípoli, sua sentença já está escrita pelos muros do país.

Os protestos no Egito e Tunísia tiveram sucesso somente parcial, removendo um homem forte, mas ainda imaginando onde foi parar a reforma genuína que desejavam. Líbios ainda não removeram o ditador Gadddafi. E, no Bahrein, Iêmen e Jordânia, exigências populares por reformas políticas e econômicas genuínas têm caído em ouvidos moucos.

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