04/04/2011

O darwinismo social militarizado (recunque)

 Antom Fente Parada. Este artigo é umha continuaçom dum outro artigo anterior que podedes consultar aqui.

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Ao meu ver, os "nazis de arestora" son o o "fascismo financeiro" globalizado que camiña da man co sionismo mesiánico. E eu son un vello que segue a considerar aos nazis de arestora coma o inimigo principal da humanidade. Combatelos de calquer xeito é pra min a prioridade na loita emancipatoria dos cidadáns e os povos deste planeta en perigo de "solución final". Para iso, a esquerda do centro do sistema, vella ou nova, ten que proceder a duas remudas na sua óptica ideolóxica. A primeira consiste en deixar de concebir á esquerda, ou sexa a si mesma, nos esquemas do sistema -porque, de non facer tal, só contribuirá, dialéticamente, a reproducilo. E a segunda, en deixar de ollar á periferia cos lentes do centro e mesmo, en troques, aprender a dexergar o sistema dende a perifeira, a examinalo cos lentes do sul -a exploralo guiada pola "epistemoloxía do sul". Mais poucos o intentan. Menos aínda o fan. Por iso eu son, ou síntome, como un "becho raro". Un vello lagarto arnal verdeprata -dos que xa en Galiza estamos tamén en extinción. (1)
 O efeito de conjunto é (...) que o capitalismo gera a pretensom perpétua de criar umha contorna geográfica que facilite as atividades capitalistas num lugar e momento determinado, apenas para ter que destruí-lo e construir umha contorna totalmente diferente num momento posterior, sem poder saciar nunca a sua perpétua sede de acumulaçom. Assim vai-se escrevendo a história da destruiçom criativa no panorama da geografia histórica real da acumulaçom de capital. (2)
Por "pós-moderno" entendo, em termos gerais, o movimento de pensamento contemporáneo que rechaça as totalidades, os valores universais, as grandes narraçons históricas, os fundamentos sólidos da existência humana e a possibilidade do conhecimento objectivo. O pós-modernismo é céptico perante a verdade, a unidade e o progresso, opom-se ao que entende que é elitismo na cultura, tende para o relativismo cultural e celebra o pluralismo, a discontinuidade e a heterogeneidade. (3)

 Um dá-se de conta da fragmentarizaçom e do significado da cidade da cultura quando ouve a universitários num autocarro dizendo que Hume é o pai da teoria do super-home. Se eu for Zapatero ou Rajoy, ou qualquer outro mercenário do poder, faria o único honesto que poderia fazer de cara a cidadania: a cidade da política, para celebrar, pós-modernamente of course, a pós-política e a época onde o fascismo financeiro ordena e manda às suas anchas. O povo já nom é, se é que algumha vez foi, quem mais ordena. 

Vendo esta cultura seqüestrada e castrada, este desprezo polo "intelectualismo", polas humanidades e esta incapacidade de cada vez mais "cidadaos" de terem umha diagnose e umha cultura política que permitam ter umha cosmovisom própria do mundo entendemos melhor porque o que Eagleton di a respeito da universidade é hoje auga de castanhas:
A sociedade de classe média fora assaz improdunte como para permitir criar instituiçons em que as pessoas jovens, inteligentes e com consciência moral nom tinham outra cousa que fazer durante três ou quatro anos que ler livros e dar-lhe voltas à cabeça; e a conseqüência desta absurda toleráncia por parte da sociedade foi a revolta estudantil ao por maior. (...)O movimento estudiantil de finais da década de 1960 nom impidiu que a educaçom superior ficara cada vez mais fechada em estruturas de violência militar e exploraçom industrial. Porém supujo um desafio para o modo em que as humanidades tinham sido cúmplices de todo isto; e um dos futos deste desafio foi a Teoria cultural. As humanidades perderam a sua inocência: já nom podiam seguir fingindo nom estar contaminadas polo poder. (4)
E é que a alternativa ao dogmatismo nom pode ser o "todo vale" do pós-modernismo. Recentemente na Galiza vimos o nascimento dumha nova organizaçom do estudantado -a Liga do estudanto galego (LEGA)- e um volta os olhos para a história do estudantado galego procurando, agora que sofremos a ditadura dos "mercados", épocas das que tirar liçons e onde deitar a olhada para procurar enxergar as causas da passividade atual, a fragmentarizaçom da sociedade e o individualismo suicida ao que nos enfrontamos em Eurolándia. Um desses momentos entronca na Galiza com o panorama do maio do 68 de que Eagleton falava:
No medio dunha crise económica, con tendencia inflacionista e coa peseta desvalorizada, o Goberno pechaba filas e nomeaba a Carrero Blanco vicepresidente en setembro de 1967. Á crise social e política sumábase unha conxuntura económica desfavorable. (...)
Un dos aspectos máis importantes da loita estudantil na Universidade de Santiago foi o labor unitario e a conexión cos referentes organizativos exteriores para amalgamar unha acción conxunta de todos os universitarios españois contra a Ditadura. Complementariamente, aquí a organización da información foi unha das principais armas de axitación e propaganda do movemento estudantil para estender o conflito. (...) Igualmente foi significativo o elevado número de asembleas de faculdade e de destrito.
(...) Todo isto era unha tentativa para conquistar a visibilidade pública co fin de ser parte dunha sociedade civil activa (transcendental), ata daquela afogada pola Ditadura. (5)
 Sócrates representou dramaticamente na sua epopeia vital a antítese entre a "moral social" e o "foro interno", a "moral fechada" de que falava Bergson, conhecido na Galiza pola sua influência em autores como Outeiro Pedraio. Para José Luis Aranguren o "tribunal" da consciência é, psicogeneticamente, a interiorizaçom do tribunal da moral da comunidade, cujo "juízo" tinha lugar perante a polis, nas assembleias do demos, no campo de batalha e, indirectamente na catarse do teatro - mediante a reproduçom de preceitos de origem religioso tradicional ao jeito da mídia atual-.

A finais do século XVIII a crise da moral recebida bateu com a formulaçom dumha ética individualista na obra de Kant. Essa ética refugiava-se no "tribunal interior da consciência moral", o foro interno. A reacçom foi dupla. Tépeda e parcial no caso do utilitarismo de Jonh Stuar Mill e muitos outros, extrema no caso do idealismo de Hegel e os seus discípulos, entre eles os moços hegelianos com os que trabalhou Marx durante um tempo. De facto, Marx parte filosoficamente da filosofia do "burguês" Hegel, logo mitigada a sua impronta polo influxo de Feuerbach - também influinte em Bakunine- se bem no final da sua vida voltaria recuperar parte do legado hegeliano. Mas os pós-modernos dim-nos que Marx está superado.

E é que resulta cada vez mais palmário constatar, amolados e com mágoa, que o relativismo intelectual pode servir de coartada ao absolutismo político:
Pretender que nada é completamente verdadeiro fai possível impor, tarde ou cedo, os próprios pontos de vista. Privados de critérios de verdade, os interlocutores já nom estám em condiços de defenderem-se. (6)
Retomando o fio e voltando a Aranguren (7), este autor lembra-nos que a ética filosófica surge historicamente como umha secularizaçom da religiom. A ética reduzida à consciência individual tem como principal alvo a intençom e nom o resultado - o que Max Weber chamou Gesinnungsethik-. Porém Max Weber diferenciava entre a subjetiva e irreal Gesinnungsethik e umha cínica moral oportunista atenta apenas ao êxito ou como muito aos resultados - Erfolguethik-. A isto opunha a ética da responsabilidade -Verantwortungsthik- e que também pode denominar-se Wirklichkeitsethik ou ética da realidade.

Nom obstante, para o falangista da "primera hora" existia aliás um condicionamento económico da moral ao tempo que fazia énfase em que a economia nom deveria esquecer que os atos económicos som sempre atos humanos e, daquela, num sentido primário da expresom, morais, quer dizer, livres, eligidos e dos que se fai responsável. Quem podia prever entom até onde estas palavras som acertadas!
A moral individualista surgiu perante a crise do anterior ordenamento comunitário, ao ser vivido este como anacrónico, inajeitado e injusto. (...) A moral realizará-se na sociedade e pola sociedade. A moral é constitutivamente social. (...) Quanto à ética em funçom da política, constituem um capítulo da ética social que o nosso tempo necessita. (8)
Assim, a chamada "ética política" teria por objeto ensinar-nos como deve ser e organizar-se a societas civilis e conforme a que princípios deve governar-se, para esta societas e este governo sejam morais; isto é, para que satisfagam as exigências da "ética geral".Na Declaraçom de Láncara,  o irmao Xosé Manuel Beiras refere-se ao célebre episódio protagonizado por Aranguren. Quando o catedrático de ética foi represaliado (custaria-lhe exilar-se) o nom represaliado catedrático de Estética, José María Valverde, solidarizou-se renunciando à sua cátedra. Aranguren pediu-lhe que se retractara perante o que obtivo umha resposta lacónica, mas rotunda: "nulla política sine ética". Aí é quando Beiras vindica umha ética democrática e na, esquerda, onde os irmaos do Encontro Irmandinho nos situamos (desde o nosso modesto e pequecho Liliput) ética de esquerdas e nom ética burguesa. Esta ética perfila-se antes de mais na fraternidade entendida como solidariedade e valor axial da esquerda. Fraternidade e irmandade no sentido revolucionário da hegemonia da "lei civil" sobre a "lei de família" e ainda sobre a "lei política":
Noutras verbas, a fraternidade significa politicamente o principio da cidadanía igualitaria como alicerce e centro de gravedade da estruturación política democrática da sociedade, significa democracia horizontal. E nunha organización política vén significar asamblearismo - non manipulado, claro, mais tampouco "espontaneísta". Na tradición do nacionalismo galego, tanto na súa historia como até na súa prehistoria, o valor da fraternidade impregna o principio e a vivencia galeguista da irmandade, mesmamente. (9)
Jean Ziegler, Sábato ou agora Stéphane Hessel sublinham dum ou outro modo a resistência, a indignaçom e a revolta. Em frente ao ultraliveralismo e à fragmentarizaçom da sociedade pedem-nos que nos indignemos como primeiro passo para a auto-organizaçom, algo que um bom em generoso, chamado em vida, Daniel Bensaïd nunca nos deixou de repetir. A indignaçom é umha resposta política a prol da justiça social perante a vulnerabilidade da dignidade e os direitos inalienáveis do género humano, que segue sem cantar a Internacional.

A "globalizaçom", o Imperialismo, que reduziu a política ao gerencialismo basea-se na utopia reaccionária ultraliberal que procura a destruiçom de todos os laços sociais e da cultura comunitária. O altar do relativismo pós-modernista e da "economia", sob sacerdócio dos magnates do mundo, queima o presente e o futuro de milhons de pessoas com a única étnica do consumismo. 

Vagos, ignorantes e sectários. Assim viam o sábado o estudantado de CC. Políticas da Complutense no programa de "debate" Cuba de Intereconomia. Era pavero ouvir da boca dos todólogos o mesminho que recolhem os documentos do Banco Mundial sobre a educaçom. A universidade nom forma, o pessoa docente está desencantado, cumpre umha nova gestom - um novo gerencialismo o chamado New Public Management- porque os reitores tenhem pouco liderazgo. Por cima da toleráncia dizia um daqueles mercenários do poder está o rendimento. Aí tenhem até onde chega a mercantilizaçom do conhecimento.

Mais já me estou encerelhando e afastando das minhas reflexons encol o darwinismo social militarizado. É vital para perpetuar a dominaçom, como o foi para o capitalismo, umha sociedade do controlo. Se este controlo se fundamenta na velha máxima de César do  "divide e vencerás" melhor que melhor. A destruiçom de todo laço comunitário é umha baça fundamental para o projecto cada vez menos encoberto do darwinismo social militarizado. Como dizia Gramsci o antigo morre e o novo nom consegue sair sendo neste claroescuro onde surdem os monstruos tam magistralmente recreados por Goya que igualmente ilustrou o sonho da razom.

A utopia reaccionária ultraliberal, as turbulências analisadas por Robert Brenner, produziu umha reestruturaçom capitalista que desmantelou as estruturas de acolhida criadas no seio do welfare state (educaçom, sanidade, serviços sociais...) e levou por diante todas as redes comunitárias (sindicatos, direito à greve, movimentos sociais, etc.) que a cidadania fora tecendo até com sangue para defender-se dos capitalismo, ao que poucas vezes lhe vemos o rosto e que nunca o tivo humano. A movilidade geográfica das empresas ajudou enormente nesta estratégia. Acostumamo-nos a ter por naturais direitos que ganhamos como cidadaos logos de sermos servos no feudalismo. Porém a ideologia do pós-modernismo sublinha a nossa condiçom de neo-servos, de consumidores ao tempo que o capitalismo terminal transforma a sociedade num mercado mundial. A estratégia já nom é apenas a clássica exploraçom do capitalismo, mas também, e sem remorsos, a exclusom, que cria umha sociedade cheia de lanhos, fragmentarizada, divida entre umha elite privilegiada (os novos senhores feudais que aplicam onde quer que seja o Privilegium, quer dizer a sua Lei Privada, e aos que os estados deixam livremente exercer as suas relaçons de Dominium sem exercer o seu Imperium) que tem os recursos, os meios de produçom, o conhecimento e o poder; e um exército de trabalhadores semi-qualificados, cada vez mais delgado no centro capitalista, que conservam o seu ordenado e disponhem de certa capacidade aquisitiva. Na casta dos intocáveis estám os solicitantes do emprego desejosos de serem precários e explorados, os estudantes que para serem escravos fam licenciaturas e os desempregados. Ainda mais abaixo, no caixote do lixo dos "danos colaterais" do capitalismo e nas "externalidades" da teoria económica clássica estám os mais de mil milhons de pessoas que morrem de fame. 
O capitalismo puritano à antiga usanza proibia-nos divertir-nos, já que umha vez adquiriramos o gosto pola questom com certeza nom poderiamos voltar a ver jamais o trabalho desde dentro. Nom obstante, um tipo de capitalismo consumista mais ladino e persuadiu-nos de que satisfagamos os nossos sentidos e nos compraçamos com tam pouca ou nula consciência como seja possível. Desse modo, nom só consumimos mais bens, mas também identificamos a nossa própria satisfaçom com a da sobrevivência do sistema. (10)
A lógica ilógica do capitalismo necessita que o o "crescimento económico" descanse no lombo da miséria e do sofrimento de milhons de mulheres, crianças e homens, tanto do denominado terceiro mundo como do chamado quarto mundo, onde estám por exemplo os 9 milhons de pobres do Reino de Espanha. Em Eurolándia cada vez alternam mais as "zonas vivas" ou "zonas civilizadas" dos distritos urbanos centrais - ou como observa Harvey dos bairros periféricos da gente acomodada que fuge do inferno do centro da cidade- e as "zonas mortas" ou "zonas selvagens", os novos guettos. Isto mantem-se com represom. Wacquant lembra-nos que em 1994 nos EUA existiam 1.544.000 reclusos e em liberdade condicional ou vigiada topam-se 5.000.000 de norte-americanos, ou seja 12'5% da populaçom adulta enquanto Washintong espalha "democracia" e "direitos humanos" no Afeganistám, em Somália, em Bósnia, no Iraque ou em Líbia. 
O preconceito pós-moderno ante as normas, as unidades e os consensos é um preconceito catastrófico no aspecto político. Também é asombrosamente idiota. (...) É umha conseqüencia da aparente desintegraçom da sociedade burguesa tradicional numha multitude de subculturas. (11)
Como o professor Wacquant nos di, o antigo estado benefactor e social converteu-se num estado penal e policial que substitue o estado social por um estado assistencial que vai da mao da criminalizaçom da populaçom marginada e a contençom punitiva das classes desfavorecidas. No plano da superestrutura ideológica isto deu passo a novas formulaçons de darwinismo social e onde o "tanto tés, tanto vales"  recolhe nom apenas as ideias do calvinismo, mas também a ideologia racista e xenófoba do nazismo, bastante palpável na Europa dos nossos dias e alimentada por toda sorte de populismos.
 Os ricos som globais e os pobres som locais (...). Nom é difícil imaginar-se prósperas comunidades do futuro protegidas por torres de vigiláncia, reflectores e ametralhadoras, enquanto os pobres escarvam as terras desoladas do exterior na procura de comida. Por enquanto, dum modo um pouco mais alentador, o movimento anticapitalista está tentando de esboçar novas relaçons entre globalidade e localidade, diversidade e solidariedade [fraternidade]. (12)
Após as deprimentes décadas de conservadurismo posteriores à década de 1970, o sentido histórico foi-se atemperando cada vez mais, já que  quem estabam no poder convilha-lhes que nom foramos capazes de imaginar nengumha alternativa ao presente [o TINA tatcheriano]. O futuro seria simplesmente repetido dum modo infinito [como livro 1984 de George Orwell]. (13)
A propaganda, seja esta requintada teoria pós-moderna ou simples persuasom televisada, é vital para atingir este novo darwinismo social militarizado e a sociedade da quinta parte à que me referim na primeira parte deste artigo ("O darwinismo social militarizado"). É muito o que se tem escrito sobre a propaganda, a publicidade e qualquer outra forma de persuasom. Porém a idiócia, a ignoráncia e a desinformaçom por sobreinformaçom (sem permitir construir conhecimento que require tempo e reflexom) parecem-me elementos centrais.
É evidente que é mais doado de enganar umha populaçom pouco informada que umha outra bem informada. (...) Nos regimes totalitários, o governo esforça-se por controlar toda a informaçom, até o ponto de que se torna impossível distinguí-la da propaganda. Ao recebé-lo todo da mesma fonte [lembremos que hoje as 5 maiores agências de notícias produzem 90% da informaçom da mídia comercial de todo o mundo], a populaçom carece de elementos para axercer o seu espírito crítico, e corre o risco de somar a sua fé às mentiras ou bem, após sucessivas decepçons, tornar-se completamente escéptica. (...) A capacidade dumha populaçom para descodificar a publicidade depende, ao igual que com a propaganda, do seu grau de informaçom e instruçom. (14)
Enorme quantidade de conhecimentos acumulárom-se no curso da história, transmitidos de geraçom para geraçom. Disto resulta que hoje em dia, a maior parte dos nossos conhecimentos descansa sobre a lingugem e nom sobre a experiência de vida. (...) Os propagandistas ao dominar a linguagem, podem controlar o pensamento (...). É o que George Orwell ilustrou no seu livro 1984 no país "Oceania", os dirigentes do Partido impunheram umha nova linguagem, a Novalíngua. Cada ano reducia-se o número de palavras com o galho de encerrar o pensamento dentro de limites estreitos; e criárom umha quantidade de expressons que significavam exatamente o contrário da realidade que designam. Assim o ministério da Paz ocupa-se da guerra, o ministério da Verdade ocupa-se das recreaçons, da informaçom, da educaçom e das belas artes. O ministério do Amor vela polo respeito da lei e da ordem. O ministério da Abundáncia é responsável dos assuntos económicos, por nom dizer da escasseza. (15)
Um vocabulário ad hoc é útil para outorgar o matiz "correto" às cousas. Meidante a ensinança dumha sucesom de tópicos e clixés (...) é muito fácil catalogar como bom ou mao qualquer suceso, com o que se pom súbito fim a todo juízo crítico da mente. (16)
Complementar com a visom de Guy Durandin som muitas passagens de dous psicólogos norte-americanos quando analisam a persuasom e os seus efeitos nas nossas sociedades de pollitos bien. Porém antes convem lembrar que os nazis outorgárom-lhe umha importáncia capital à persuasom, à propaganda e ao "nobre" arte da mentira política.
A propaganda efetiva deve cingir-se a uns poucos pontos e malhar estes eslogans até que o último cidadao dessa audiência entenda que é o que queremos que comprenda com esse eslogan que lhe propomos. (17)
Como Pratkanis e Aronson nos lembram o sucesso da propaganda nazi nom radicava apenas no simples uso dalgumhas táticas de persuasom mais ou menos ingeniosas. Também há que imputar-lho a umha aceptaçom quase em bloco das ideias de que a persuasom tinha que começar pola cima da sociedade e daí espalhar-se às musas. Incumbia à elite governante tomar as decisons e logo, através da propaganda, convencer ao povo da bondade das mesmas. Já Aristóteles sustentava a ideia de que a persuasom era muito necessária para licionar a quem nom alcançavam a razoar com propriedade. Entom, a propaganda nom é mais que um meio para fazer partícipes da "verdade" aos "ignorantes". O aspeito mais perigoso da propaganda nazi era a presunçom de que há umha verdade absoluta e de que apenas umha elite a conhecia. Mutatis mutandis resulta comovedor olhar para Lyontard e os subscrevedores da morte dos metarrelatos enquanto alimentam o deus do mercado e do nom há alternativa. Essa "verdade verdadeira" som as receitas do FMI, do Banco Mundial e das instituiçons de governança global. Como nos lembra Soros os mercados votam todos os dias, ou aludindo a umha brincadeira dum programa da TVGa "o capital nom pára".
Umha cobertura informativa muito sofisticada require um público que esteja por sua vez interessado e bem informado. Se nom se conta com um auditório instuído, os jornalistas e os líderes políticos nom tenhem mais remédio que simplificar a mensagem e fazê-la chegar envolta em forma de "passatempo" ou espetáculo, com o que se reduze ainda mais o grau de refinamento do público em geral. O resultado pode ser, tal como planteja Entman no título do seu livro, umha democracia sem cidadaos [R. M. Entman (1989),Democracy without citizens, Nova Iorque: Oxford University Press] . (18)
 O resultado é umha nefasta "espiral de ignoráncia" que fai das supostas "sociedades da informaçom", outra pós-modernície bem sucedida sociedades com culturas cívicas e políticas anoréxicas. Também a as revoltas árabes e o facto do governo militar provisional do Egito aprovar a derogaçom do direito à greve assinala que nom chega apenas com rebelar-se se nom há umha direcçom e umha massa crítica, ou seja que antes da revolta ou durante a mesma é imprescindível a agitaçom e a pedagogia política, o que requer umha militáncia que esteja muito bem formada.
Isso pode ter calamitosas conseqüências para a democracia. A medida que cresce o número de propagandistas que recorrem à persuasom simplista aumenta o aprémio para competir no emprego de ténicas de persuasom cada vez mais burdas e elementares. Conforme cresce o emprego deste tipo de persuasom, a gente está também cada vez menos informada e é menos exigente nos assuntos que concernem à comunidade. A medida que descresce a informaçom do cidadao de a pé, o propagandista vê-se na precisom de dar saida a formas de ignoráncia, quer dizer, umha cidadania cínica e céptica à que se bombardeia com mais e mais propaganda superflua e que cada vez tem menos tendência e desejos de comparar e menos faculdades para entender. Assim, a conviçom de Adolf Hiler de que as massas som ignorantes cobra o caráter dumha profecia que pola sua própria natureza tende a materializar-se. (19)
Macham-nos com que nom existe alternativa e com a morte de todas as ieologias e de qualquer "metarrelato". Ao tempo, nom ceivam o malho com o que batem umha e outra vez sobre os de sempre. Mas que ninguém pense que isto aginha voltará a ser o de "antes da crise". Esta é umha crise terminal dentro dum caos sistémico onde os EUA vivem o fim da sua hegemonia, como já antes passara com Holanda e Inglaterra. Os limites ambientais do planteta estám aí e som cada vez mais palpáveis. As elites sabem-no e já apostárom polo seu projecto recuperando as velhas ideias do nazismo. O darwinismo social militarizado longe de ser umha profecia é já umha realidade que doravante se fará a cada passo mais crua e brutal. É a barbárie pola barbárie. Claro que isto, é muito socialista e pouco pós-moderno. Sei-no Nunca gostei das imposturas. É o que temos os loucos, que nom só sonhamos quando dormimos e somos capazes de imaginar outros mundos nom apenas possíveis mas também necessários. Muita pedagogia com doses de má hóstia e retranca é o cumpre nestes nossos tempos, onde se espantam os pantasmas da violência sempre que esta nom seja a unilateralmente exercida polo poder.Infelizmente, fai falha algo mais que sexo, drogas e rock & roll para combatermos os nazis de arestora.
O estruturalismo, o marxismo, o pós-modernismo e demais correntes, deixárom de ser os temas atrativos que noutra hora fôrom.O que no seu lugar é atrativo é o sexo. Nas beiras mais inóspitas da acadamia, o interesse pola filosofia francesa deu passo à fascinaçom polo beijo francês. Nalguns círculos culturais, a política da masturbaçom exerce umha fascinaçom muito maior que a política de Oriente Próximo. O socialismo perdeu terreno face o sadomasoquismo. Entre os estudosos da cultura, o corpo é um tema que está de moda, mas, polo comum, trata-se do corpo erótico, nom o corpo famélico. Há um interesse entusiasta polos corpos copulando, mas nom polos corpos trabalhando. (20)

No entanto, por se alguém chegar até o final destas desquisiçons de adolescente morto, nom me fagades muito caso. Felicitar-vos isso sim porque ainda sodes dos que vos presta a leitura neste tempo onde parece que ler mais de quatro páginas é um sacrilégio imperdoável. Nom me fagades caso. Ao cabo, eu som um filólogo empedernido, um moço lagarto arnao verde-prata dos que já em Galiza estamos também em extinçom:
A arte favorece que um fantaseie e deseje. Por todas estas razons é doado aperceber-se de por que som os estudantes de arte ou de filologia antes que os ingenuos químicos quem adoitam erguer barricadas. (21)



Notas:
(1) Xosé Manuel Beiras Torrado: "Eses farsantes xenocidas" em http://revoltairmandinha.blogspot.com/2011/04/eses-farsantes-xenocidas-recunque.html.

(2) Harvey, David (2003), El nuevo imperialismo, Madrid: Akal, 2004,  p. 88. A traduçom da citaçom é minha como em todas as que se seguirám no corpo do artigo.

(3)  229.

(4) Op. cit. pp.37-8.

(5) Gurriarán, Ricardo (2010), Inmunda escoria. A universidade franquista e as mobilizacións estudantís en Compostela, 1939-1968, Vigo: Xerais, pp. 363-366.

(6) Durandin, Guy (1982), La mentira en la propaganda política y en la publicidad, Barcelona: Paidós, 2001, p. 21.

(7) Todas as referências que no texto se fam  ao filósofo espanhol estám tomadas de aqui: Aranguren, José Luis (2010), Ética y política, Público, 2011, pp. 13-22.

(8) Op. cit. p. 19.

(9) Beiras Torrado, Xosé Manuel (2008), Por unha Galiza liberada e novos ensaios, Culheredo: Espiral Maior, p. 422.

(10) Eagleton, Terry (2004), Después de la teoría, Barcelona: Debate, 2005, 17-18.

(11)Op. cit. p.27.

(12) Op. cit. pp. 33.

(13) Op. cit. p. 18-19.

(14) Durandin, Guy (1982), La mentira en la propaganda política y en la publicidad, Barcelona: Paidós, 2001, p. 14.

(15) Op. cit. pp. 178-9.

(16)  Pratkanis, Anthony e Elliot Aronson (1992), La era de la propaganda. Uso y abuso de la persuasión, Barcelona: Paidós, 1994, pp. 328.

(17) Hitler, Adolf (1925), Mein Kampf (ediçom castelhana Mi lucha, Barcelona: Editers, 1984, p. 339).

(18) Pratkanis, Anthony e Elliot Aronson (1992), La era de la propaganda. Uso y abuso de la persuasión, Barcelona: Paidós, 1994, pp. 302.

(19) Op. cit. 356.

(20) Eagleton, Terry (2004), Después de la teoría, Barcelona: Debate, 2005, p.14.

(21) Op. cit. p. 51.

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