Antom Fente Parada.
Enquanto os cabildeiros do grande capital dim que a crise já passou - eles nunca a sofrêrom ou só até que os estados os regatárom com fundos públicos- as gentes do comum padecem cada vez mais as conseqüências dum capitalismo depredador. A taxa de desemprego da mocidade galega (entre 16 e 34 anos) sem estudos atinge já um escandaloso 54%, oito pontos percentuais por cima da taxa meia de desemprego da Galiza. No caso dos universitários a taxa está em 17'6% o que pom de manifesto a importáncia dum bom sistema educativo público garantir a mobilidade social e o acesso ao direito constitucional ao trabalho. Comum a uns e outros é a precaridade que na Galiza chega até um 40'9% [1].
Assim, neste capitalismo em declínio podemos dizer que o capitalismo nom atravesa crise nengumha, a crise é o próprio capitalismo [2]. No Reino de Espanha a metade dos dez milhons de pobres existentes já nem sequera podem mercar menzinhas ou outros tratamentos (53.000 famílias) e quatro de cada dez pessoas com um ordenado anual inferior a 8.000 euros passou fame na última década. Sessenta mil menores de idade passárom fame frequentemente porque nom podem cear nunca e nem sempre tenhem garantida umha refeiçom diária. Um terço destes milhons vivem em menos de quinze metros quadrados (34.000 famílias), outros dormem directamente na rua, até que Gallardón nom decida o contrário [3].
No Estado espanhol o umbral da pobreza mede-se da seguinte maneira: se umha família troncal de três membros ingresa menos de catorce mil euros fala-se de pobreza relativa e fala-se de pobreza severa quando o dinheiro que entra na morada nom alcança os sete mil euros anuais para três pessoas, ou seja, seis euros ou menos ao dia.
O socialismo dos ricaços só fai inçar e inçar cada vez mais a expropriaçom da maioria com a que socializam as suas perdas e com a que partilham cada vez menos dos seus ganhos ao tomarem por assalto os estados para que apliquem políticas fiscais laxas e regressivas. Sem sermos demasiado inexatos podemos tracejar uns dados globais aproximados a partir do que acontece nos EUA , pois as proporçons som aproxidamente as mesmas globalmente: 1% da populaçom apropriu-se dum terço da riqueza nacional total e o seguinte 19% doutro 51%, o que significa que 20% dos estadounidenses mais abastados contam com 84% do valor neto total (ativo menos dívidas). Isto deixa-nos 16% para o restante 80% da populaçom. Se só temos em conta a riqueza financeira (ou seja sem contarmos bens imóbeis nem outros ativos fixos), 1% tem 40% e o 20% da parte superior tem um incrível 91%. Entre 1973 e 2005 os ingresos reais para 5% dos estadounidenses mais ricos aumentou aproximadamente 50%. Que diria hoje o bom de Proudhon que no XIX dizia aquilo de que "a propriedade é um roubo" hoje?.
Na "locomotora" europeia, que para alguns analistas já saiu da crise da a recente subida dos tipos de xuro por parte do BCE, nom som melhores os dados, já que 70% detenta só 9% da riqueza do país enquanto 10% mais abastado atinge 60%, ou seja, nada mais e nada menos do que 6'6 bilhons de euros. 11'5 milhons vivem também ameaçados pola pobreza ou na pobreza mesmo (mas a populaçom duplica a do Reino de Espanha com quase a mesma quantidade de pobres o que se explica em virtude de que em Alemanha existe um welfare state ainda forte enquanto no Reino de Espanha este sempre foi paupérrimo e só convergeu lenemente com Europa entre 1977-1993). 20% das crianças e as suas famílias incluem-se neste "quarto mundo" praticamente invisível.
No Estado espanhol acarom dos dez milhons de pobres estám as fortunas do Ibex que cobram 1.300 milhons só em dividendos, 14% mais a respeito do exercício anterior (4). Esta é a melhor amostra da vigência inquestionável da luita de classes enunciada por Marx e é também o melhor indicador para conhecermos que som os grandes deliqüêntes que seqüestrárom a soberania popular para impor um totalitarismo até o de agora perfeitamente disimulado para grande parte das gentes do comum. Vou-vos apresentar, se mo permitides, aos nossos ricos nacional-socialistas.
O galego Amáncio Ortega, presidente de Inditex (da que tem 59'28%) e explorador urbi et orbe, encabeça a listagem de ingressos por dividendos com 591 milhons. Em 2010 Inditex elevou em 33% a retribuiçom por título até 1'6 euros brutos. Esta revalorizaçom fai aumentar o património de Amáncio Ortega em 5.000 milhons de euros (até os 21.099 milhons). Umha bagatela. A sua ex-mulher, Rosalia Mera - que contrata a licenciados com másters e doutorados a custe cero graças a bolsas de No.Ca.Ga- receberá 60'74 milhons de euros polo seu 6'99% de Inditex (valor da participaçom em 2010: 2.487 milhons).
A família Del Pino, que tem o 44'2% de Ferrovial receberá 136'8 milhons de euros só em dividendos, ao que somam 6'58 milhons de euros de Ebro (tenhem 6'58% do capital) e 5'6 milhons de euros da sua participaçom de 5% em Acerinox. Pola sua banda, a família March - descendentes do banqueiro balear que fixo fortuna na ditadura fascista- 118'1 milhons de euros através da Corporaçom Financeira Alba polas participaçons em ACS. Alba recebe também 33 milhons de Ebro e Acerinox. Através da Corporaçom Alcor, Alberto Cortina e Alberto Alcocer - com 13'86% de ACS- receberám 89'4 milhons de euros e o presidente do grupo , Florentino Pérez, 81 milhons de euros, com umha participaçom do 12'52%. A família Entrecanales com 59% de Acciona obtén 116'2 milhons de euros e Esther Koplowitz por meio da firma B-1998 (53'95% de FCC) percibe 95'7 milhons e euros.
O Ibex é como aquela máxima da máfia siciliana cousa de la familia, la cosa nostra.
Na bancocracia topamos com Emilio Botín que controla 1% de Santader o que lhe reporta em dividendos de 2010 50 milhons de euros. Aliás, como presidente de Santander recebe umha retribuçom directa de 3'86 milhons de euros. A sua filha, Ana Patricia Botín, recebe em qualidade de conselheira delegada no Reino Unido 3'48 milhons de euros. O conselheiro delegado do Santander, Alfredo Sáenz cobra 9'17 milhons de euros e o presidente do BBVA, Francisco González, 5'32 milhons de euros. Pouquinha cousa em comparançça com o conselheiro delegado de JPMorgan, Jamie Dimon, que percibirá 15'91 milhons de euros; o da Goldman Sachs -resgatada com fundos públicos e com múltiplos diretivos na equipa económica de Obama-, Lloyd Blankfein, com 13'14 milhons de euros; ou o conselheiro delegado de Morgan Stanley que mete ao peto umha retribuiçom de 10'38%.
Estes dados espero que sirvam para que nos decatemos de que a limitaçom de bonus do Banco de Espanha nom é mais que um lavado de cara perante a opiniom pública. A alguns exige-se-lhes desprender-se esmoleiramente dalgumhas cadelas enquanto à maioria se lhe aperta um cinto que ameaça já com separar-lhes a cabeça do corpo com 19'4% de desemprego, 2'6% de inflaçom
Assim, enquanto o desemprego atinge cada vez quotas mais e mais altas e o desemprego lhes sai mais barato a estes safados sem vergonha na cara, as amaiores empresas cotizadas ganhárom 50.668 milhons de euros, um 21'8% mais do que em 2009.
O seu (nosso) planeta
Em 2007, o científico Martin Parry, co-presidente do Grupo Intergovernamental sobre Mudança Climática na NATO, criado em 1988 e famoso por fazer pronósticos conservadores, indicava que haveria mais auga nas zonas húmidas e menos nas já secas; que existiriam 250 milhons mais de vítimas da fame; que a malária, o dengue, a febre no Nilo e a febre amarela ganhariam terreno; que exisitiriam treboadas mais fortes, furacans mais freqüêntes, incêndios arrasadores, perdas de colheitas gravíssimas e cheas que poriam em perigo a vida de milheiros de pessoas. Também falavam da morte dos arrecifes de Coral. E aqui caro leitor fago-che umha pequena pergunta, quando cres tu que o reporte situava o horizonte disto? No 2100 quiçais apontaram muitos. Os que lembram o Katrina, os incêndios em Rússia ou o crescimento da pobreza e a desigualdade do mundo (entre outras muitas cousas) sabem que o reporter já ficou obsoleto. Referia-se a 2010. Já estamos em 2011 o que alguns irmaos recebemos no seu momento com um retranqueiro "feliz 1984!" , conscientes de viver sob um novo totalitarismo que Boaventura de Sousa Santos denominou o fascismo financeiro.
Estes nazis de arestora contam com milheiros de todólogos e mercenários ao seu serviço. Os estados - o estado SEMPRE foi um instrumento das elites- som cotos privados de caza. Para eles os melhores bairros, as zonas mais verdes e limpas. Para eles o planeta e o futuro. Para nós as cascudas, a radioatividade, a miséria e a morte em vida. Eles tocam o violim e bailam requintadíssimas baladas em salons cheios de obras de arte que olham quedas o tintineo das copas de champanha francês e caviar russo. Nós nos seu Auschwitz planetário, com mil milhons de pessoas morrendo de fome enquanto especulam por toda a parte após esnifar um bocado de cocaina e contratar os serviços dumha madamme.
NOTAS:
(1) http://revoltairmandinha.blogspot.com/2011/04/taxa-de-paro-dos-mozos-galegos-sen.html.
(2) Vicente Romano (2011), "A asombrosa dexeneración política e intelectual dos Verdes alemáns. Jutta Ditfurth axusta contas co partido que contribuíu a fundar" em http://revoltairmandinha.blogspot.com/2011/04/asombrosa-dexeneracion-politica-e.html. Em concreto saliento o segunte deste artigo, o sublinhado é meu (o fenómeno dá-se também já no Reino Unido e denomina-se welfare to work; vid. p. ex. aqui e aqui):
O último invento do capitalismo, o que se denomina co termo de Leiharbeit, isto é traballo a préstamo, en réxime de cesión. Consiste na creación dunha serie de empresas que non producen nada. Dedícanse a recoller os traballadores e traballadoras en paro, desatendidos mesmo polos sindicatos por estar fóra dos convenios, carentes de toda protección social. Logo, préstanllos ou cedenllos ás empresas que necesitan man de obra en réxime de cesión. Estes traballadores e traballadoras cobran a metade que os demais e traballan 48-50 horas semanais no canto das 38-40 que marcan os convenios. As diferenzas salariais enriquecen os prestamistas e as empresas que os empregan. En Alemaña hai xa varios millóns de traballadores "emprestados", os novos escravos. Así é como a economía alemá é máis produtiva e competitiva. Este negocio da "competitividade" lévano a cabo en España as ETT (Empresas de Traballo Temporal), contrátalas e subcontratas de todo tipo".
(...) o capitalismo non atravesa ningunha crise, o capitalismo é a crise.
(...) A través de campañas, apoiadas polos seus medios de comunicación, esta burguesía agresiva difunde a súa mensaxe brutal: abandonade toda esperanza (Dante), sodes inútiles, a culpa da vosa situación é vosa. Para que serven a solidariedade, a democracia participativa, a responsabilidade social? Se a moral burguesa foi sempre etérea, inestábel, hoxe desapareceu por completo.
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(3) http://www.elmundo.es/elmundo/2011/04/19/espana/1303216502.html.
(4) Expansión, (ano XXV, nº 7457) 12-4-2011, página 3.Neste mesmo exemplar recolhe-se a promesa de Rajoy perante Merkel de reformar a Constituiçom espanhola para impor limites de gasto e endividamentos às insituiçons públicas (na onda da ortodoxia ultraliberal) e numha entrevista a Federico Trillo este di que há que reformar a Constituiçom para "redifinir" as autonomias. Lembro que o FMI dizia na semana passada que o Estado espanhol devia recortar o gasto das CC.AA. o qual interpreto como que deve recortar em sanidade e educaçom. Precisamente Obama viu-se obrigado polos republicanos a fazer fortes recortes em Medicare e Medicaid e na educaçom. Vê-se contodo que a alguns ainda nom lhes chega e nesta semana a chantagem chegou da mao da agência de ranting Standard & Polls que poderia retirar a tripla AAA aos EUA.
Um comentário:
http://www.chuza.gl/story/nacional-socialismo-dos-ricos
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