Aramos sobre os mortos nesta Terra/ e o noso pan ten un sabor de ósos/ familiares. Irmáns (...). Lorenzo Varela.
La ausencia de revisión de la historia de nuestro país explica que la ideología que cohesiona a las derechas españolas continúe siendo el nacional-catolicismo, mezcla de un nacionalismo españolista uniformador y enormemente centralizador que niega la plurinacionalidad de España, con un catolicismo profundamente conservador, intolerante, dominante, antilaico y con escasa sensibilidad democrática, que se reproduce a través de los sectores conservadores de la Iglesia española, qye constituyen su mayoría y que nunca han condenado la dictadura franquista. Este nacional-catolicismo (que ofrece a su proyecto político la visión de una ideología totalizante) no ha sido objecto de una crítica masiva y contudente por parte de las izquierdas (excepto en círculos reducidos académicos), que al reproducir un silencio sobre su propio pasado han estado desarmadas ideológicamente durante estos años ante la enorme capacidad de movilización del nacional-catolicismo. Vicenç Navarro.
Na semana passada reflexionavamos (aqui) sobre a "livre" decisom dos pais. Pouco tardamos em ter que voltar sair à palestra perante mais um ataque da brigada de demoliçom e limpeza étnica instalada em Sam Caetano contra a educaçom.Vimos de conhecer com estupor e franco temor parte do conteúdo dum rascunho em que a Junta de Galiza aposta pola segregaçom depois de três décadas em que se apostara por um modelo de educaçom inclusiva (aqui, aqui e aqui).
A ideia de memória é central se queremos dar umha visom abrangente de quê sentido faz falar de fractura do nosso modelo de educaçom inclusiva, ainda muito incompleto para nom romper a tendência coa maioria das prestaçons sociais desenvolvidas no Reino da Espanha.
A educaçom inclusiva começou a dar os primeiros passos em Occidente a primeiros do século XX, em boa medida como necessidade de maior especializaçom da classe trabalhadora causada polos enormes avanços técnicos aplicados à produçom de manufacturas. Este novo modelo resultou atrasado polas duas grandes guerras mundiais, mas permitírom por sua vez (a raíz da devastaçom originada) reestruturar o tecido produtivo das sociedades capitalistas dando início a novos avanços científicos e técnicos, relanceando mais umha vez o crescimento económico. Chegada a pós-guerra da segunda guerra mundial o modelo também conhecido como compreensivo (pois compreende grandes capas sociais, mais das que a educaçom institucional abrangia anteriormente) estendeu-se praticamente por toda Europa, salvando entre outros países pequenos paraísos mediterráneos como o Estado espanhol e Grécia, herdeiros e continuadores do fascismo europeu.
O estado fascista do general Francisco Franco mantive sempre (apesar das pobres tentativas de abertura dos últimos anos) umhas pautas muito selectivas à hora de permitir a entrada de novos estudantes na educaçom meia e superior: a instituiçom escolar foi entom um dos principais meios de reproduçom das classes sociais naquele reino de Espanha que teimava em nom ter rei. Coa lene morte do general (ex-compatriota nosso) e com o início da segunda Restauraçom bourbónica tivo começo a transiçom para um modelo inclusivo em que sobreviveu por muitos anos a conhecida EGB (herdeira daquele modelo selectivo e excluínte), mas adaptada ao novo contexto político e social introduziu-se pouco a pouco alunado procedente de classes meias e baixas que noutro contexto nom tiveram podido aceder a níveis educativos superiores aos primários (as “quatro regras” dos nossos avôs). A educaçom no estado espanhol seguiu desenvolvendo-se baixo pautas inclusivas até o momento actual; integrando na sala de aulas estudantes provenientes dumha parte muito ampla do espectro social tenderiamos com apoio noutras medidas de ajuda às famílias de renda baixa a umha situaçom de paz social ao jeito europeu (da Uniom Europeia, entenda-se) dos oitentas e noventas... mas Spain is different, e nom ia mudar isso agora.
Nesta análise nom consideramos que o estado social e do bem-estar europeu (hoje do mal-estar como dam fé os protestos da mocidade grega, portuguesa e galega corridos a porradas) conseguisse suspender a polarizaçom da sociedade dentro das suas fronteiras, mas sim que foi capaz de produzir um desaceleramento notável do mesmo processo e fazer que muitos países dentro do universo capitalista fossem mais competitivos que os EUA (mesmo em termos de competitividade capitalista) enquanto contavam com um amplo elenco de políticas de protecçom social. Achamos que tanto a UE quanto os EUA nom puidérom deter o processo de polarizaçom da sociedade derivada da contentraçom da propiedade, mas sim figérom duas cousas: exportar a polarizaçom a países do terceiro mundo e praticar políticas de redistribuiçom dos benefícios das rendas mais altas através de políticas fiscais mais ou menos progressivas. À vista de qualquer um está até que ponto seguiu um ou outro estado este ou estoutro caminho (se bem nengum caminhou umha só das sendas com exclusom da outra) como meio para evitar o que Karl Marx predixo e a socialdemocracia muitas das vezes negou e ainda nega.
Sentadas estas bases veremos quam curta é a memória colectiva que nos levaria a reagir defronte a agressom que prentendem iniciar contra o pobre estado social em que nos incluímos.
A primeiros dos noventas, quando dom Pedro Solbes chegou pola primeira vez a Ministro de Economia, a expansom das políticas sociais que se vinha experimentando estagnou a nível estatal: agora importavam-se de reduzir o déficit orçamentário deixando a um lado o investimento em serviços públicos (embora se seguiu a fornecer com dinheiro público os serviços privados). Esta nova linha de actuaçom levou-nos a um estado social que crescia por baixo do que o faziam os outros estados da UE-15 (quando devia crescer mesmo mais rapidamente para chegar a converger num prazo razoável) durante um prazo menor do que investiram os outros países membros da UE-15 em desenvolver cadanseu estado do bem-estar. A polarizaçom social e o conflito social que ainda nom chegou era um efeito previsível destas decisons já no tempo em que se tomaram... Sabia-se e permitiu-se contodo ou preferiu-se ignorá-lo? As lógicas do sistema parecem inescrutáveis.
Qual sería o efeito previsível desta nova consigna económica dentro da sala de aulas? A escola voltou reproduzir o esquema de classes, que renascia coa força de antano como se despertara dum sono prolongado. Sempre a classe meia alta estivera na escola pública favorecida por cima da meia baixa (porque a linguagem e a cultura à que acedem os primeiros é mais próxima por norma geral às formas de codificaçom do conhecimento por parte da instituiçom escola), mas agora a distáncia começa a aumentar ano trás ano.
Entretanto topamos também em países europeus de referência (como Alemanha ou França) situaçons análogas na escola apesar de terem um estado social muito mais desenvolvido: lá também há umha alta conflituosidade social dentro dos colégios, mas tende a identificar-se antes com o fenómeno recorrente entre populaçons suburbanas da formaçom de guetos (instrumento de integraçom das comunidades migrantes terrivelmente ineficaz, como mostra a experiência histórica) dos que curiosamente o investimento público tende a esquecer-se. Cá, em contraste, a conflituosidade em aulas nom tem de ser por necessidade suburbana nem identificar-se com populaçons migrantes ou com minorias étnicas, mas muito antes com o estrato social de procedência do alunado. Assim, topamos no estado espanhol aulas conflituosas onde a linguagem institucional soa mais com o passo dos dias a chinês mandarim e o professorado proveniente nos mais dos casos da classe meia alta ou alta nom sabe quê fazer.
Em verdade as lógicas do sistema tenhem de ser inescrutáveis pois o que agora se tenta levar avante desde a Junta de Galiza (mas nom pára aqui a cousa, Galiza é apenas o campo de provas) é um projecto de separaçom por grupos em funçom de rendimentos ou problemáticas que cada aluna e aluno apresentem sob pretexto de dar tratamento concreto e mais eficaz aos casos particulares. A diversidade de classes presentes em cada sala de aulas minguará drasticamente e a percepçom que o estudantado tenha da realidade social do mundo exterior se distorcerá até onde os arquitectos de opiniom pública queiram ou prefiram; e por outra banda os rendimentos académicos tenderám a diverger mais a cada ano que passe, polo que os problemas de divergência de rendimentos apenas poderám agravar-se e fazer-se mais e mais profundos, ao igual que as diferenças entre classes.
Quem nos ia dizer há dez anos que a Restauraçom bourbónica é um processo cíclico em que todo dá voltas como a roda dum muinho? Em qualquer momento resucitará de entre os mortos nosso bem querido dirigente, o que tam bem chefeou Espanha “una y grande” polos caminhos que hoje voltamos andar e nos indultará polas nossas tolas aspiraçons democráticas; afinal todos fomos jovens algumha vez. O eterno imobilismo, "um passo adiante e outro atrás Galiza". E na teia dos sonhos da bancocracia a mocidade ergue-se na rua com dignidade berrando "eppure si muove!".
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