Foi enviada a nós polo irmandinho Alexandre Banhos Vidal.
Quando Iñaki Urdangarin e Cristina de Borbón se casaram em Barcelona, o lehendakari Ardanza lhes fez um bom presente. A atuação do Orfeón Donostiarra na vistosa cerimônia de sua catedral gótica. O pai do noivo era um filiado do PNV, o jovem chamava-se Iñaki, Jose Mari Gerenabarrena era amigo da família e todo mundo estava contente. Foi o clássico espetáculo de massas do que nunca soubemos seu custo, mas como os contos de fadas não têm valor, pois todos lhes desejamos fossem felizes e comessem perdizes.
A mim me supôs que me vasquizaran o nome no ABC. Batizado e registrado como Iñaki Mirena, Luis María Ansón a tinha empreendida contra o nome sabiniano. A raiz daquele casamento, recuperei meu nome original no jornal da direita espanhola. Não tenho pois a menor animadversión contra este casal senão muito respeito e solidariedade para os pais do exjugador de handebol, ao que acabam de batizar como talão-mão.
Com este antecedente a pergunta que um se faz é como um menino bem parecido, desportista e com uma vistosa família, se tenha metido em semelhante barrizal que destroçou sua vida e lhe fincou à monarquia espanhola um rejón de fogo. Um submarino republicano para dinamitar desde dentro a instituição? Não parece. Uma incursão nos negócios com a mesma mentalidade do que via a sua ao redor? Quiçá esta pode ser a explicação, pois é difícil que tenha outra.
Bem é verdadeiro que o estatus da família real não está contemplado na Constituição. Não existe. E tanto assim, que o herdeiro só aparece a efeitos sucesorios. Para nada mais. Toda essa ridícula parafernalia de reverências das senhoras, besamaos, leitura de pregões, presidência de atos de todo tipo, entrega de premio, tem o mesmo valor que se você com o seu filho se põem a fazer o mesmo, pois esse papel não lhes está atribuído em nenhum artigo da Constituição. Nela só fala do rei. De ninguém mais.
Daí que todas essas presidências de organismos e da credibilidade que se lhe atribuía nos seus negócios "pois detrás está a Casa Real", não é mais que a evidência de uma corte corrupta, da idiotez do espanhol à hora de ser grajoso (pelota) a um cidadão normal e sobretudo da falta de controle político para uma instituição à que o erário público mantém porque sua ação tem de se basear na exemplaridade. Exemplaridade a de Juan Carlos de Borbón? Vamos homeE!
Eu rompim com todo esse mundo de mentiras a raiz da guerra do Iraque. Até então seguia com essa ficção do Pacto com a Coroa que jamais percebi, mas depois de manter com o rei um diálogo duro no que me disse que ele era militar e gostava das guerras e eu lhe contestar que se fosse ele e lhe mandasse a seu filho, -revisei a Constituição e vim que o artigo 63 lhe dava um papel como chefe das Forças Armadas-. E depois de negar-nos/negá-nos uma audiência aos Grupos da Câmara, salvo ao sumiso Zapatero, em uma das sessões baixei à tribuna do hemiciclo do Congresso e denunciei ao rei pola seu passividade, sua falta de coragem, a deixação das suas funções e sua pouca personalidade ante um Aznar que se tinha reunido nos Açores com Bush, Barroso e Blair e queria mandar tropas a uma guerra "para tirar à Espanha do recanto da história".
Ainda lembro a vaia de Rajoi, Acebes, Rato, Maior Oreja e Arenas. Era a primeira vez que desde aquela tribuna Pulgarcito se atrevia a se meter contra Goliat, o gigante da transição e ademais desde um partido nacionalista. Eram tempos de maioria absoluta de Aznar e naquela Câmara só tinha rolo esmagador de disconformes e te não te moveres.
Depois disto e postas as cousas no seu sítio, dediquei-me a perguntar sobre as caçadas com ursos bêbados, viagens estranhas, despesas inúteis, uso de aviões à toa, mudança constitucional para que não exista primacía do varão sobre a mulher na atual e muito machista Constituição espanhola, os Premio Príncipes das Astúrias a maior glória do herdeiro, custo do casamento de Felipe e Letizia, orçamento da Casa Real, papel do rei o 23-F, e coisas assim.
O Governo jamais me contestou. Respondiam com duas linhas dizendo que o rei é irresponsável, isto é, não responde nem ante os juízes, nem ante Deus, nem ante a história e que faria melhor em condenar a ETA. Curiosamente os mais beligerantes eram os socialistas aos que tudo isto lhes incomodava e deixava patente seu pouco respeito ao republicanismo de sua história. E em casa? "Cousas de Iñaki". Mas a a gente gostava que se fosse contra deste abuso contínuo de poder.
Mas não eram cousas minhas. Independentemente de que o rei Juan Carlos está aí porque no-lo deixou um ditador cruel e sanguinario e ele jamais condenou aquela ditadura senão que se beneficiou dela, e independentemente de que na Constituição se metesse de matute a monarquia parlamentar, sem referendo como teve na Itália, a atual Chefatura do Estado não pode ser irresponsável ante a lei e não pode usar fundos públicos sem que tenha um olho público para vigiar suas despesas. E estas evidências não podem ser "cousas de Iñaki" senão de algo tão simples como a saúde democrática dum país. Eu não sou o Peñafiel basco como algum quis me descrever para anular minhas denúncias, senão um parlamentar que tem a obrigação de controlar o governo e a ser possível, à Chefatura dum Estado, que permite se viva na corrução enquanto se lhe orla com o premio à virtude.
Minha denúncia foi a única e a primeira. Depois veio Tardá, de ERC, e agora IU, mas a efeitos de notaria, foi o PNV, porque eu falava em nome do PNV, quem pôs o dedo na chaga. Que Amaiur tome o dado.
A raiz de toda esta tormenta, a editorial La Esfera de Los Libros pediu-me em 2007 que escrevesse um livro com minhas experiências em este campo. E fize-o e intitulei Uma monarquia protegida pela censura. Em ele falava de minhas vivências com esse mundo de ficção, desde dentro do sistema, e denunciava os negócios de Iñaki Urdangarín desde a página 101 a 104 no capítulo A Família sim recebe. Mas a mim não me receberam. Torpemente a editorial enviou o livro à Casa Real e esta negou sua publicação. Mas a o pouco o livro editou-se. Fê-lo Javier Ortiz mas a sordina que lhe puseram como para escrever outro livro com o que supunha superar aquela carreira de obstáculos.
Curiosamente, o livro publicou-se um ano depois de que o casal e seus meninos fossem enviados a Washington em 2006, nomeando ao duque de Palma conselheiro de Telefônica. Não sabiam em que negócios andava o genro? Por suposto. Mas o rei quis encobrir-lhe sacando-o de circulação. E o encubrimiento é um delito qualificado no Código Penal. Mas o rei é "irresponsable".
Quando ninguém sabe o orçamento exato da Casa do Rei, quando ninguém controla suas despesas como ocorre com outras monarquias, quando o rei recebe presentes de todo tipo e não passam à contabilidade do Patrimônio do Estado, quando a opacidade é total e os meios aplaudem semelhante corrução. Quando primeiros carros, primeiras motos, comissões de jeques petrolíferos fizeram de Juan Carlos de Borbón um dos homens mais ricos da Europa, quando nada de tudo isto podia ser pesquisado, chegou a semelhante pátio de monipodio um menino ao que gabaram, reverenciaram, tentaram e o homem e seu gentil esposa caíram no poço até o ponto que inclusive meteram a seus filhos menores em empresas e águas de bacalhau impropios de uma família respetable. Achavam-se imunes, impunes e protegidos pola censura e a parvoice da Vila e corte. E isso é, para mim, o que se passou. Porque na Zarzuela se alguém se atrevia a dizer algo, seguramente responderiam: "Coisas de Iñaki". Mas de Iñaki Urdangarin, duque de Palma.
A pergunta é: por que Iñaki Urdangarin e a infanta Cristina, sócia em toda esta montagem, não estão ainda imputados se já o está Diego Torre, o sócio e os responsáveis pela Cidade das Artes e das Ciências de Valencia que assinaram esses contratos com essa ONG com ânimo de lucro? Imagino-me que em o PP Trillo, e a Casa Real, estarão metendo horas extras para tratar de salvar algum móvel que outro, sobretudo, à infanta.
O mau é que quem criou o microclima para que isso acontecesse seguirá aí felicitando as Páscoas em sua mensagem de Natal, como se nada ocorresse. Mas quem na verdade está nu, é o próprio rei. Não só seu genro e a sua filha. E quem está tocada na verdade, é esta monarquia herdeira de um ditador.
A mim me supôs que me vasquizaran o nome no ABC. Batizado e registrado como Iñaki Mirena, Luis María Ansón a tinha empreendida contra o nome sabiniano. A raiz daquele casamento, recuperei meu nome original no jornal da direita espanhola. Não tenho pois a menor animadversión contra este casal senão muito respeito e solidariedade para os pais do exjugador de handebol, ao que acabam de batizar como talão-mão.
Com este antecedente a pergunta que um se faz é como um menino bem parecido, desportista e com uma vistosa família, se tenha metido em semelhante barrizal que destroçou sua vida e lhe fincou à monarquia espanhola um rejón de fogo. Um submarino republicano para dinamitar desde dentro a instituição? Não parece. Uma incursão nos negócios com a mesma mentalidade do que via a sua ao redor? Quiçá esta pode ser a explicação, pois é difícil que tenha outra.
Bem é verdadeiro que o estatus da família real não está contemplado na Constituição. Não existe. E tanto assim, que o herdeiro só aparece a efeitos sucesorios. Para nada mais. Toda essa ridícula parafernalia de reverências das senhoras, besamaos, leitura de pregões, presidência de atos de todo tipo, entrega de premio, tem o mesmo valor que se você com o seu filho se põem a fazer o mesmo, pois esse papel não lhes está atribuído em nenhum artigo da Constituição. Nela só fala do rei. De ninguém mais.
Daí que todas essas presidências de organismos e da credibilidade que se lhe atribuía nos seus negócios "pois detrás está a Casa Real", não é mais que a evidência de uma corte corrupta, da idiotez do espanhol à hora de ser grajoso (pelota) a um cidadão normal e sobretudo da falta de controle político para uma instituição à que o erário público mantém porque sua ação tem de se basear na exemplaridade. Exemplaridade a de Juan Carlos de Borbón? Vamos homeE!
Eu rompim com todo esse mundo de mentiras a raiz da guerra do Iraque. Até então seguia com essa ficção do Pacto com a Coroa que jamais percebi, mas depois de manter com o rei um diálogo duro no que me disse que ele era militar e gostava das guerras e eu lhe contestar que se fosse ele e lhe mandasse a seu filho, -revisei a Constituição e vim que o artigo 63 lhe dava um papel como chefe das Forças Armadas-. E depois de negar-nos/negá-nos uma audiência aos Grupos da Câmara, salvo ao sumiso Zapatero, em uma das sessões baixei à tribuna do hemiciclo do Congresso e denunciei ao rei pola seu passividade, sua falta de coragem, a deixação das suas funções e sua pouca personalidade ante um Aznar que se tinha reunido nos Açores com Bush, Barroso e Blair e queria mandar tropas a uma guerra "para tirar à Espanha do recanto da história".
Ainda lembro a vaia de Rajoi, Acebes, Rato, Maior Oreja e Arenas. Era a primeira vez que desde aquela tribuna Pulgarcito se atrevia a se meter contra Goliat, o gigante da transição e ademais desde um partido nacionalista. Eram tempos de maioria absoluta de Aznar e naquela Câmara só tinha rolo esmagador de disconformes e te não te moveres.
Depois disto e postas as cousas no seu sítio, dediquei-me a perguntar sobre as caçadas com ursos bêbados, viagens estranhas, despesas inúteis, uso de aviões à toa, mudança constitucional para que não exista primacía do varão sobre a mulher na atual e muito machista Constituição espanhola, os Premio Príncipes das Astúrias a maior glória do herdeiro, custo do casamento de Felipe e Letizia, orçamento da Casa Real, papel do rei o 23-F, e coisas assim.
O Governo jamais me contestou. Respondiam com duas linhas dizendo que o rei é irresponsável, isto é, não responde nem ante os juízes, nem ante Deus, nem ante a história e que faria melhor em condenar a ETA. Curiosamente os mais beligerantes eram os socialistas aos que tudo isto lhes incomodava e deixava patente seu pouco respeito ao republicanismo de sua história. E em casa? "Cousas de Iñaki". Mas a a gente gostava que se fosse contra deste abuso contínuo de poder.
Mas não eram cousas minhas. Independentemente de que o rei Juan Carlos está aí porque no-lo deixou um ditador cruel e sanguinario e ele jamais condenou aquela ditadura senão que se beneficiou dela, e independentemente de que na Constituição se metesse de matute a monarquia parlamentar, sem referendo como teve na Itália, a atual Chefatura do Estado não pode ser irresponsável ante a lei e não pode usar fundos públicos sem que tenha um olho público para vigiar suas despesas. E estas evidências não podem ser "cousas de Iñaki" senão de algo tão simples como a saúde democrática dum país. Eu não sou o Peñafiel basco como algum quis me descrever para anular minhas denúncias, senão um parlamentar que tem a obrigação de controlar o governo e a ser possível, à Chefatura dum Estado, que permite se viva na corrução enquanto se lhe orla com o premio à virtude.
Minha denúncia foi a única e a primeira. Depois veio Tardá, de ERC, e agora IU, mas a efeitos de notaria, foi o PNV, porque eu falava em nome do PNV, quem pôs o dedo na chaga. Que Amaiur tome o dado.
A raiz de toda esta tormenta, a editorial La Esfera de Los Libros pediu-me em 2007 que escrevesse um livro com minhas experiências em este campo. E fize-o e intitulei Uma monarquia protegida pela censura. Em ele falava de minhas vivências com esse mundo de ficção, desde dentro do sistema, e denunciava os negócios de Iñaki Urdangarín desde a página 101 a 104 no capítulo A Família sim recebe. Mas a mim não me receberam. Torpemente a editorial enviou o livro à Casa Real e esta negou sua publicação. Mas a o pouco o livro editou-se. Fê-lo Javier Ortiz mas a sordina que lhe puseram como para escrever outro livro com o que supunha superar aquela carreira de obstáculos.
Curiosamente, o livro publicou-se um ano depois de que o casal e seus meninos fossem enviados a Washington em 2006, nomeando ao duque de Palma conselheiro de Telefônica. Não sabiam em que negócios andava o genro? Por suposto. Mas o rei quis encobrir-lhe sacando-o de circulação. E o encubrimiento é um delito qualificado no Código Penal. Mas o rei é "irresponsable".
Quando ninguém sabe o orçamento exato da Casa do Rei, quando ninguém controla suas despesas como ocorre com outras monarquias, quando o rei recebe presentes de todo tipo e não passam à contabilidade do Patrimônio do Estado, quando a opacidade é total e os meios aplaudem semelhante corrução. Quando primeiros carros, primeiras motos, comissões de jeques petrolíferos fizeram de Juan Carlos de Borbón um dos homens mais ricos da Europa, quando nada de tudo isto podia ser pesquisado, chegou a semelhante pátio de monipodio um menino ao que gabaram, reverenciaram, tentaram e o homem e seu gentil esposa caíram no poço até o ponto que inclusive meteram a seus filhos menores em empresas e águas de bacalhau impropios de uma família respetable. Achavam-se imunes, impunes e protegidos pola censura e a parvoice da Vila e corte. E isso é, para mim, o que se passou. Porque na Zarzuela se alguém se atrevia a dizer algo, seguramente responderiam: "Coisas de Iñaki". Mas de Iñaki Urdangarin, duque de Palma.
A pergunta é: por que Iñaki Urdangarin e a infanta Cristina, sócia em toda esta montagem, não estão ainda imputados se já o está Diego Torre, o sócio e os responsáveis pela Cidade das Artes e das Ciências de Valencia que assinaram esses contratos com essa ONG com ânimo de lucro? Imagino-me que em o PP Trillo, e a Casa Real, estarão metendo horas extras para tratar de salvar algum móvel que outro, sobretudo, à infanta.
O mau é que quem criou o microclima para que isso acontecesse seguirá aí felicitando as Páscoas em sua mensagem de Natal, como se nada ocorresse. Mas quem na verdade está nu, é o próprio rei. Não só seu genro e a sua filha. E quem está tocada na verdade, é esta monarquia herdeira de um ditador.
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