Max Altman. Tirado de aqui.
Na gelada manhã de 30 de janeiro de 1933 chegaria ao fim a tragédia da República de Weimar, a tragédia de 14 frustrados anos nos quais os alemães buscaram, sem sucesso, pôr em funcionamento uma democracia.
Aproximadamente às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazistas e reacionários da velha escola, somados às forças conservadoras, de centro e de setores sociais-democratas, atravessam o jardim do palácio e se apresentam no gabinete presidencial.
O presidente da República, o velho marechal Paul von Hindenburg, de 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, führer do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, e o encarrega de formar o novo governo.
A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tratativas entre os dirigentes conservadores, em especial o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazistas, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise inflacionária de 1923, o “ano desumano”.
Os conservadores e o empresariado queriam se servir de Hitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazistas representassem um perigo real para a democracia alemã. No entanto, eles sabiam bem quem era Hitler e sua ideologia, desde a publicação do Mein Kampf, a “Bíblia nazista”, oito anos antes.
O Partido Nazi estava perdendo velocidade eleitoral. No pleito de 31 de julho de 1932 havia conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 – 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de novembro do mesmo ano, obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os social-democratas perderam a mesma quantidade. Com esse resultado, os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados superavam largamente as 196 cadeiras nazistas. A perda de dois milhões de votos nazistas sobre um total de 17 milhões, em apenas quatro meses, significava um duro revés. O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazistas, Hitler, entre eles, e Von Papen, como vice-chanceler.
Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a seu talante. Ninguém leva a sério os discursos racistas. Muitos alemães pensam, contudo, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise econômica.
Com uma rapidez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação de seu partido no governo e no Reichstag.
No dia seguinte a sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, chama de “as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho”.
As tropas de assalto de seu partido, as SA (Sturmabteilung), aterrorizam a oposição como forma de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.
Um dos principais ajudantes de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demitindo funcionários hostis e colocando os nazistas nos postos essenciais.
Hitler faz rondar o “espectro da revolução bolchevique”, mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Em 24 de fevereiro, uma batida na sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.
Como toda essa agitação não parecia bastar para acumular a maioria dos sufrágios aos nazistas, decidem pôr fogo no Reichstag.
As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à “insensatez democrática”, esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos, arrancasse as algemas de Versalhes, reconstruísse um grande exército e reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.
O Império dos Hohenzollern fora edificado sobre as vitórias militares da Prússia ; a República alemã sobre a derrota diante dos Aliados depois de uma grande guerra. O Terceiro Reich, porém, nada devia aos azares da guerra. Foi instaurado em tempos de paz, e pacificamente, pelos próprios alemães.
Aproximadamente às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazistas e reacionários da velha escola, somados às forças conservadoras, de centro e de setores sociais-democratas, atravessam o jardim do palácio e se apresentam no gabinete presidencial.
O presidente da República, o velho marechal Paul von Hindenburg, de 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, führer do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, e o encarrega de formar o novo governo.
A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tratativas entre os dirigentes conservadores, em especial o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazistas, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise inflacionária de 1923, o “ano desumano”.
Os conservadores e o empresariado queriam se servir de Hitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazistas representassem um perigo real para a democracia alemã. No entanto, eles sabiam bem quem era Hitler e sua ideologia, desde a publicação do Mein Kampf, a “Bíblia nazista”, oito anos antes.
O Partido Nazi estava perdendo velocidade eleitoral. No pleito de 31 de julho de 1932 havia conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 – 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de novembro do mesmo ano, obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os social-democratas perderam a mesma quantidade. Com esse resultado, os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados superavam largamente as 196 cadeiras nazistas. A perda de dois milhões de votos nazistas sobre um total de 17 milhões, em apenas quatro meses, significava um duro revés. O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazistas, Hitler, entre eles, e Von Papen, como vice-chanceler.
Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a seu talante. Ninguém leva a sério os discursos racistas. Muitos alemães pensam, contudo, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise econômica.
Com uma rapidez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação de seu partido no governo e no Reichstag.
No dia seguinte a sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, chama de “as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho”.
As tropas de assalto de seu partido, as SA (Sturmabteilung), aterrorizam a oposição como forma de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.
Um dos principais ajudantes de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demitindo funcionários hostis e colocando os nazistas nos postos essenciais.
Hitler faz rondar o “espectro da revolução bolchevique”, mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Em 24 de fevereiro, uma batida na sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.
Como toda essa agitação não parecia bastar para acumular a maioria dos sufrágios aos nazistas, decidem pôr fogo no Reichstag.
As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à “insensatez democrática”, esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos, arrancasse as algemas de Versalhes, reconstruísse um grande exército e reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.
O Império dos Hohenzollern fora edificado sobre as vitórias militares da Prússia ; a República alemã sobre a derrota diante dos Aliados depois de uma grande guerra. O Terceiro Reich, porém, nada devia aos azares da guerra. Foi instaurado em tempos de paz, e pacificamente, pelos próprios alemães.
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