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Presidente boliviano enviou carta a seu colega norte-americano advertindo para o risco do retorno de práticas de apartheid nos EUA, com a vigência da chamada Lei Arizona que criminaliza imigrantes ilegais neste Estado. "Como defensor de políticas sociais não deve esquecer a origem migrante de seus pais e fazer esforços para impedir que continue em vigor no Estado de Arizona a mais injusta e dura lei migratória dos Estados Unidos. Em outras palavras, você não pode permitir que o racismo se mantenha em seu país", diz Evo Morales na correspondência enviada a Barack Obama.
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Em uma entrevista coletiva, dia 5 de agosto, o presidente da Bolívia, Evo Morales, manifestou preocupação com a vigência da chamada Lei Arizona, advertindo que ela apresenta o risco de que os Estados Unidos estabeleçam outra vez em seu território “um apartheid de discriminação contra os imigrantes, entres eles milhões de latinoamericanos que contribuem para o desenvolvimento do país ao longo dos anos”.
Evo Morales informou que enviou uma carta ao presidente dos EUA, Barack Obama, na qual manifesta sua preocupação com esses fatos e recorda sua origem, ao ser o primeiro presidente afroamericano que assume o governo de seu país, e também o discurso feito por Obama que defendeu a importância social e multicultural que deve ser dada à relação entre os povos do mundo. A seguir, a íntegra da carta:
V. Excelência
Barack Obama
Presidente Constitucional dos Estados Unidos da América
Washington - USA
Senhor Presidente
Você é o primeiro afroamericano a se converter em presidente dos Estados Unidos da América do Norte. Em seu discurso de posse, ressaltou a importância social e multicultural dos povos e seres humanos, mensagem que o catapultou neste histórico processo político em seu país.
Como parte de um povo historicamente discriminado, com raízes de uma mãe européia e um pai africano, você sabe o quão é difícil a vida para os irmãos latinoamericanos que migram para os EUA em busca da oportunidade de uma vida mais digna e menos injusta.
Seus pais tiveram que iniciar uma vida em um país que não era deles, mas que os acolheu e outorgou uma série de oportunidades para seu desenvolvimento e progresso. Eu não sei o que pensaria seu pai, que foi imigrante, se sentisse que agora não poderia mais viver e trabalhar nos Estados Unidos.
Os Estados Unidos da América do Norte apregoam a justiça social, fala de livre circulação, negócios e mercado. No entanto, castigam o ser humano, neste caso os latinoamericanos, que tanto esforço e trabalho brindam para aportar e apoiar o desenvolvimento de seu país.
Como defensor de políticas sociais não deve esquecer a origem migrante de seus pais e fazer esforços para impedir que continue em vigor no Estado de Arizona a mais injusta e dura lei migratória dos Estados Unidos. Em outras palavras, você não pode permitir que o racismo se mantenha em seu país.
Essa polêmica lei pretende reviver em pleno século XXI um tipo de apartheid de discriminação política, econômica, cultural, social e racial contra os irmãos latinoamericanos. Os Estados Unidos são um país de migrantes. Foram eles que contribuíram decisivamente para fazê-los fortes e prósperos.
A vigência da Lei Arizona, somada à diretriz do retorno voluntário, que começou a valer na União Européia, colocará em uma situação difícil a milhões de seres humanos que tem se esforçado em estabilizar uma situação de trabalho e que sofrem por seus laços familiares, mas que mantém com vontade de ferro suas intenções de integração em um país estrangeiro.
Senhor Presidente, está em suas mãos evitar que, em seu país, retornem os obscuros dias de perseguição pela cor da pele ou origem racial.
Aproveito a oportunidade para renovar a V. Excelência o testemunho de minha mais alta e distinta consideração.
Evo Morales Ayma
Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia
La Paz, 5 de agosto de 2010
Tradução: Katarina Peixoto
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