Jens Grandt, artigo tirado deste site. |
Pois si ho, os japoneses som na verdade autênticos espíritos alemáns, uns románticos. Quando tomam por assalto o castelo de Heidelbergue com as suas cámaras fotográficas ou, fascinados, colhem apontamentos numha das salas de Goethe, um nom pode mais que admirar-se da intensidade com a que se abrem à nossa cultura europeia. Como quando cara o final dum simpósio com professores japoneses em Kioto cantam ao unísono com os seus colegas alemáns "Am Brunnen vor dem Tore" [1]. E nom estamos falando de germanistas, mas de economistas! Se esta cena tem lugar é porque lêrom a Marx. Porque querem lê-lo no seu idioma original: um dicionário e umha gramática alemá a sua esquerda e Das Kapital a sua direita. E lem-no tam a fundo que pudérom encontrar erros nas ediçons existentes das Obras complestas de Marx e de Engles. Que o intente alguém em japonês se se atreve! Izumi Omura tinha vinte anos quando tivo nas suas maos por vez primeira um livro de Marx. Hoje é professor de Economia política na Universidade Tohoku de Sendai e um dos editores das fontes dos escritos de Marx e Engles na nova ediçom das Obras completas de Marx e Engels (MEGA, polas suas siglas em alemám).* Nom é o único descifrando os jeroglíficos garabatados polo economista de Palatinado. Nengum outro país tem tantos catedráticos vermelhos nas suas universidades. Um estudo da recepçom de Marx único na sua espécie No seu estudo Marx global, Jan Hoff examinou as distintas escolas do marxismo na Europa, Ásia e ambas Américas, um estudo único na sua espécie no mundo editorial alemám sobre a recepçom de Marx (Akademie Velag, Berlim, 2009, 345 páginas, 49'80€)**. Hoff dedica um extenso capítulo à influência de Marx e Engels na vida intelectual nipona. Umha questom central em Japom foi, como no resto do mundo, a de quê é que é o valor e como e em que nível do processo de reproduçom tem lugar, e como modifica a sua forma (mercadoria, dinheiro, capital, crédito): um exaustivo e disputado campo de estudo. Mais de duas geraçons trabalhárom nisso seguindo a chamada escola de Kozo Uno [2]. Uno e os seus seguidores tentárom completar o que Marx tivo por impossível, concretamente apresentar um sistema completo da sociedade capitalista no seu estado "puro", um que valera para todos os países e para "os modernos". Queriam, indo além Marx, "a cousa mesma", realizar a "teoria da sociedade capitalista pura" como reça o subtítulo da principal obra de Uno. Izumi Omura prefere todavia ater-se aos escritos originais. Embora desde 1928 existe mais dumha ediçom japonesa das Obras completas de Marx e Engels em três volumes, a nova MEGA, editada pola Academia das Ciências de Berlim-Branderburgo, abre um abano completamente novo de possibilidades no estudo dos escritos originais. Umha quinta parte das cópias editadas da MEGA exportarám-se para o Japom, com gratificante efeito secundário que se apreciará aindamais o alemám como idioma científio. Inconcebíbel: enquanto aqui [Alemanha] duvida-se se continuará a MEGA ou nom, 1.500 académicos japoneses assinárom umha petiçom de apoio. Colaboradores que mostram interesseTanto os três brilhantes volumes duplos com os escritos originais de Marx do segundo livro de O capital como a redacçom e as galeradas de Engels preparárom-se principalmente em Sendai e Tokio. Nom faltam os colaboradores interessados no projecto. A Sociedade Académica para o estudo da Economia Política conta com 800 professores entre os seus membros –ainda que custe acreditar, reconoce-se-lhes noutros otros muchos lugares– y todos son en mayor o menor grado marxistas. Se fora aqui, na Alemanha, já teria intervido a polícia política e os juizes do Constitucional! NOTAS T. castelhano: [1] Poema de Wilhelm Müller (1794-1824) musicalizado por Franz Schubert e popularizado em adaptaçom de Friedrich Silcher. [2] Kozo Uno (1897-1977) está considerado um dos economistas marxistas mais importantes. O seu principal objecto de estudo foi a teoria dol valor. Thomas T. Sekine (1933) e Makoto Itoh (1936) som os seus principais discípulos. Notas T. galego: * ao respeito consulte-se este artigo onde Krätke apresenta o projecto MEGA no Estado espanhol, do qual até em Carta Maior do Brasil se tenhem feito eco. Para entender melhor o artigo de Krätke, ou para fechar o círculo se se quer, também traduzimos umha entrevista a Antóni Domenèch com motivo do 125 aniversário de Karl Marx em 2008 e que é absolutamente recomendável. ** Lembre-se que a Estética da Recepçom inicia-se na Alemanha e deu muito do que falar na Teoria da Literatura dos últimos decénios, em especial a partir de autores como Jaus. |
revolta irmandinha
13/08/2010
Karl Marx en Sendai
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