A encomenda do rei Hamad ibn Isa Al-Khalifa e com o apoio dos Estados Unidos, as tropas de Arábia Saudita penetram em Bahrein o 14 de março de 2011 para esmagar a revolta.
Após reunir-se em Paris com três emissários da rebeliom, o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou, na quinta-feira 10 de março de 2011, que França já não reconhece ao regime do coronel Khadafi como representante de Líbia senom o Conselho Nacional Líbio de Transiçom (CNLT).
Trata-se, neste caso, de um ato contrário a toda a tradiçom diplomática da França que, até agora, sempre nunca reconhecia governos senom Estados. Anteriormente, o 4 de dezembro de 2010, França reconhecia a Alassane Ouattara como presidente de Costa de Marfim, em local de Laurent Gbagbo.
No caso de Costa de Marfim, a maioria da comunidade internacional imitou a decisão de Paris, que espera provocar agora uma reaçom similar no tocante a Líbia. No entanto, ninguém pode deixar de notar que as decisons do presidente Nicolas Sarkozy nom respondem aos interesses da França -cujas empresas estám a ser expulsadas de Costa de Marfim e nom demorarám de ser igualmente expulsadas de Líbia- senom que fôrom tomadas em resposta a encomendas expressas das administraçons do presidente estadounidense Obama e do primeiro-ministro israelita Netanyahu.
Duas operações desenvolvem-se de forma simultânea: a deslocaçom do dispositivo militar estadounidense para a África e o salvamento dos regimes fantoches no mundo árabe.
Meter as tropas imperiais na África
Como vim explicando constantemente desde faz 4 anos e médio, a vitória da resistência libanesa ante Israel no verao de 2006 pôs fim à estratégia estadounidense de redesenho do «Médio Oriente alargado» (Greater Middle East) [1]. Apesar de diversas tentativas, como a «mão tendida» de Barack Obama no seu discurso do Cairo [2], Washington não conseguiu elaborar a sua estratégia de reposto. Tudo parece seguir como dantes, mas em realidade Estados Unidos está-se desentendendo pouco a pouco dessa região.
Após tudo, as reservas petrolíferas do Médio Oriente estám em declive e umha intromisom militar, em massa e cara, só reporta benefícios em longo prazo, pelo que Washington olha atualmente para outras latitudes [a China é um feroz competidor por esse mesmo petróleo tanto nas Áfricas como no Médio Oriente e levava vantagem até agora nas Áfricas; N. do blogger]. Depois de ter estudado a possibilidade de concentrar nas Caraíbas, o Império olha agora para a África. Tem que se apressar porque em 2013 o 25% do petróleo e das matérias primas que se consumam nos Estados Unidos sairá do continente negro. Definitivamente convencido pelos trabalhos do instituto de reflexom e propaganda israelita Institute for Advanced Strategic & Political Studies (IASPS), Washington acelerou a criaçom do AfriCom.
O verdadeiro poder que está governando Estados Unidos desde o golpe de Estado do 11 de setembro de 2011 pôs entom a Barack Obama na Casa Branca e ao general William E. Ward no AfriCom.
Recordarám vocês que o senador de origem kenyano Barack Obama trabalhou ativamente na criaçom desse dispositivo e que empreendeu uma gira especial por África em agosto de 2005, gira que terminou com umha rendiçom de contas na sede do AfriCom, em Stuttgart. O senador Obama ocupou-se entom especialmente dos interesses das assinaturas farmacêuticas no continente negro e dos preparativos para a divisom do território de Sudão [3].
O general Ward, por sua vez, não é simplesmente um negro estadounidense, senom que é também o ex responsável da ajuda estadounidense de segurança à Autoridade Palestiniana, ou seja foi o coordenador de segurança entre Mahmud Abbas e Ariel Sharon. Esteve a cargo da aplicaçom do «roteiro» e da retirada unilateral das forças israelitas de Gaza -anterior à construçom do muro de separaçom, à divisom dos territórios palestinianos em dois (Gaza e Cisjordânia) e à sua transformaçom em «bantustanes» separados entre si.
O conflito de Costa de Marfim entre Laurent Gbagbo, eleito pela maioria da população nacional, e Alassane Ouattara, que goza do apoio de uma minoria local e dos imigrantes originários de Burkina Fasso, marca o início do plano de «redesenho da África». Falta encontrar uma porta primeiramente para as tropas imperiais já que todos os Estados africanos expressaram oficialmente a sua oposiçom ao despregue do AfriCom em território africano. É neste ponto que intervém a sublevaçom líbia.
A onda de oposiçom ao imperialismo que vem sacudindo o mundo árabe desde dezembro de 2010 provocou a queda do governo de Saad Hariri no Líbano, a fuga de Zine al-Abbdine Ben Ali na Tunísia, a queda de OSN Mubarak no Egipto, distúrbios em Iemen, em Bahrein e em Arábia Saudita e confrontos em Líbia. Neste último país, o coronel Muamar al-Khadafi apoia-se nos Khadafa (tribo do centro do país) e na maioria dos Makarha (tribo do oeste) e enfrenta-se a uma ampla coalizão que, além dos Warfala (tribo do este), inclui tanto a monárquicos pro-ocidentais como a integristas wahhabitas e revolucionários comunistas ou khomeinistas.
Washington transformou esta insurreçom em uma guerra civil: os mercenários africanos da empresa israelita CST Global chegaram em auxílio de Khadafi [4] enquanto os mercenários afegãos dos serviços secretos de Arábia Saudita arribárom para apoiar aos partidários da monarquia e grupos islamistas etiqueteados como «Al-Qaeda».
Além dos combates, esta situação está a provocar uma crise humanitária internacional: em duas semanas 230 000 imigrantes fugiram do país (118 000 para a Tunísia, 107 000 para o Egipto, 2 000 para Níger e 4 300 para Argélia).
Esta cruel situaçom justifica uma nova «guerra humanitária», segundo a gastada terminologia da propaganda atlantista.
O 27 de fevereiro, os sublevados fundam o Conselho Nacional Libio de Transiçom (CNLT). Por sua vez, o ministro de Justiça Mustafa Mohamed Abud al-Djeleil, interlocutor privilegiado do Império no seio do governo de Khadafi, une-se à revolução e cria um governo provisório. As duas estruturas fundem-se em uma só o 2 de março, conservam a etiqueta CNLT mas agora é Abud al-Djeleil quem preside o Conselho. Em outras palavras, Washington conseguiu situar o seu peom na cabeça da insurreçom.
Violentas discussons produzem-se durante os primeiros debates do novo Conselho Nacional Líbio de Transição. Os elementos pró-estadounidenses proponhem recorrer à NATO para impedir os bombardeios das forças leais a Khadafi, mas a maioria opom-se.
O 5 de março, um diplomata britânico chega a Bengasi escoltados por comandos do SAS [Siglas do Special Air Service, principal força de operaçons especiais do exército britânico. Nota do Tradutor castelhano], trata de reunir com o Conselho Nacional Líbio de Transiçom e de convencê-lo de que recorra ao Conselho de Segurança da NATO, mas os sublevados recusam toda a forma de injerência e expulsam-no.
Trata-se de um resultado inesperado. Abud Al Djeleil nom consegue mudar a posição do CNLT mas convence-o de conformar um Comité de Crise presidido por Mahud Djebril. Este último pronuncia-se a favor da instauraçom de umha zona de exclusom aérea.
Mahmud Djebril (ministro líbio de Planejamento) e Ali Esaui (embaixador na Índia) uniram-se aos sublevados. Os ocidentais escolheram-nos para representar a Líbia pós-Khadafi.
As agências de imprensa ocidentais esforçam-se por apresentar a Mahmud Djebril como «um intelectual democrata» que vinha refletindo desde faz muito sobre a evoluçom do país e que redigia um projeto titulado Visom líbia. A realidade é que Mahmud Djebril, junto do seu amigo Al Djeleil, fazia parte do governo de Khadafi como ministro de Planejamento. Ao igual que nos primeiros dias das revoluções da Tunísia e Egipto, vários quadros do regime tratam de separar do ditador para ficar no poder [pondo um paralelismo com a Transiçom à II Restauraçom Bourbónica trataria-se do Manuel Fraga e Adolfo Suárez locais; Nota do blogger].
Acham que conseguirám isto último desviando o processo revolucionário e pondo ao serviço dos interesses imperiais. De modo que agora agitam a bandeira vermelha, negra e verde do rei Idris [5] enquanto o aspirante ao trono, Mohamed Al Senussi, afirma, desde Londres e através dos canais de televisom de Arábia Saudita, que está «disposto a servir ao seu povo».
O 7 de março, o Conselho de Cooperação do Golfo, conformado por Arábia Saudita, Bahrein, os Emiratos Árabes Unidos, Kuwait, Omán e Qatar, «solicita ao Conselho de Segurança da ONU que tome as medidas necessárias para proteger aos civis em Líbia, como a imposição de uma zona de exclusão aérea». Esta absurda declaraçom desvia o debate do Conselho de Segurança que, desde a adoçom da resolução 1970 [6], vinha tratando de fazer entrar em razom ao coronel Khadafi mediante a limitaçom das suas deslocaçons e a congelaçom dos seus bens.
O Conselho de Cooperaçom do Golfo retoma assim, a nível estatal, a proposiçom do embaixador de Líbia na ONU, diplomata que já se tinha passado às bichas do CNLT.
Supostamente por iniciativa dos deputados, Mahmud Djebril viaja a Estrasburgo para informar ao Parlamento Europeu sobre a situaçom do seu país. O exército francês garante-lhe o transporte. Baixo o impulso do liberal belga Guy Verhofsdat e do ecologista franco-alemão Daniel Cohn-Bendit, o Parlamento Europeu adota uma resoluçom chamando a uma intervenção internacional [7].
O primeiro-ministro britânico David Cameron e o presidente francês Nicolas Sarkozy enviam umha carta de 7 pontos ao presidente da União Européia, Herman van Rompuy [8]. Expressam os seus desejos de que o Conselho Europeu extraordinário reconheça o CNLT, apoie uma denúncia contra Khadafi perante o Tribunal Penal Internacional e aprove uma intervençom militar internacional. Mas as suas encomendas som recusadas [9]. Alemanha nega-se a meter-se em terreno perigoso enquanto Bulgária recusa o CNLT e acusa aos seus representantes de ser criminosos implicados nas torturas às enfermeiras búlgaras que o regime mantivesse detidas por longo tempo.
Simultaneamente, os ministros de Defesa da NATO reúnem-se em Bruxelas para preparar uma possível zona de exclusom aérea [10].
O CNTL -já reconhecido por França desde o 10 de março- entrega o 12 de março uma carta ao secretário geral de Liga Árabe, Amr Moussa. O texto reflete a posiçom de Arábia Saudita: pede que «se ponha fim ao derramamento de sangue através de uma decisom que imponha umha zona de exclusom aérea em Líbia e mediante o reconhecimento do Conselho Nacional de Transiçom como representante de Líbia». Os ministros de Relacionamentos Exterioresa Liga Árabe reúnem-se imediatamente a portas fechadas no Cairo, deslegitiman à delegaçom oficial de Líbia e reconhecem o CNTL como novo interlocutor, satisfazem depois a petiçom deste último e recorrem ao Conselho de Segurança da ONU com vistas ao estabelecimento da «zona de nom sobrevoo».
Esta decisão deve ser interpretada como o que realmente é: os regimes fantoches dos Estados Unidos e Israel no mundo árabe pedem a proteçom dos seus superiores. O Conselho de Segurança pode decretar uma zona de exclusom aérea, mas nom tem como a fazer respeitar. Será a OTAN quem tenha que a impor. Som as forças imperiais, disfarçadas de capacetes azuis, quem manterám em terra à aviaçom Líbia, bombardeando os seus aeroportos e instalaçons fixas ou móveis de mísseis terra-ar e, de ser necessário, derrubando os avions.
A Liga Árabe nom deu a conhecer os detalhes do voto. Dos 22 Estados membros, só 2 votaram pelo NÃO. Foram Argélia, que teme um despregue da NATO na sua fronteira este, e Síria, o único país árabe que persiste, apesar da posiçom de todos os demais, na sua oposiçom à *hegemonía estadounidense e ao sionismo. É provável que o Líbano e outros países eleja a abstenção.
Contrariamente ao que sugerem os responsáveis ocidentais, a União Africana nunca desejou uma intervençom militar estrangeira. Pelo contrário, recusou-a explicitamente o 10 de março [11]. A razão é evidente. Está claro para todos e a cada um dos seus membros que o drama líbio está a ser amplificado de maneira totalmente intencional com vistas ao utilizar como pretexto para justificar um desembarco em massa das forças armadas estadounidenses na África.
Arábia Saudita é o eixo do dispositivo imperial na regiom do Golfo. A princípios do século 20, a família Saud criou esse Estado com o apoio dos britânicos, após guerras de conquista extremamente sangrentas. Arábia Saudita e as suas reservas petrolíferas -as mais importantes do mundo- caírom dentro da órbita estadounidense ao final da Segunda Guerra Mundial. Em virtude do acordo do Quincy entre o rei Ibn Saud e o presidente Roosevelt, a família Saud está obrigada a fornecer petróleo a Estados Unidos e Estados Unidos está obrigado a garantir a proteção da família reinante, nom a proteçom do país.
Arabia Saudita nom é em realidade um Estado e nem sequer tem nome. Nom é mais que a parte de Arábia que pertence à família Saud, cujos membros administram esse território segundo os seus interesses pessoais (e os dos Estados Unidos) enquanto levam umha vida disoluta que nada tem que ver com a austeridade wahhabita da que tanto fachendeam. Como o rei Ibn Saud teve 32 esposas e 53 filhos, pelo que se decidiu, em aras de limitar os conflitos familiares, que a coroa nom se transmitisse de pai a filho, senom de irmao a irmao. O filho maior de Ibn Saud morreu de doença e foi portanto o seguinte filho, que tinha entom 51 anos, quem lhe aconteceu no trono em 1953.
Em 1960, seguiu-lhe o terceiro filho, que contava então 60 anos, e assim sucessivamente. O atual rei tem 87 anos, recentemente sofreu complicadas intervençons quirúrgicas e é provável que nom lhe fique muito tempo de vida. O seu irmao Sultan, o suposto sucessor, padece o mau de Alzheimer. O resultado de todo o anterior é um regime impopular e frágil, que já esteve a ponto de se derrubar em 1979. É por isso que tanto Riad como Washington vêem com temor as insurreçons árabes que se estám a produzir ao redor de Arábia Saudita, no Iemen e em Bahrein.
O exército de Arábia Saudita já está presente no Iemen e espera ajudar ao presidente Ali Abdullah Saleh a pôr fim à revolta, com a ajuda da CIA. Fica Bahrein.
Bahrein é umha ilhinha do tamanho de Micronésia ou da ilha de Mam. No século 18, a família dos Al-Khalifa, coirmaos da família reinante no Kuwait, arrebatárom a Pérsia esse pequeno território. De modo que a monarquia de Bahrein é sunnita enquanto a populaçom é árabe chiíta. A sua economia, a diferença das demais monarquias do Golfo, nom depende unicamente dos rendimentos do petróleo. Em Bahrein existe, no entanto, umha forte imigraçom, cerca de 40% da populaçom total, proveniente principalmente do Irám e da Índia.
Ian Henderson, torturador ao serviço da sua Majestade Isabel II, manteve a ordem em Bahrein durante 40 anos.
Bahrein caiu na órbita britânica em 1923. Londres depôs ao emir e pôs no poder ao seu filho, mais disposto a fazer concessons. Durante os anos 1950 e 1960, nacionalistas árabes e comunistas trataram de libertar o país. O Reino Unido respondeu com o envio dos seus melhores especialistas em repressom, como Ian Henderson, conhecido desde entom como o «carniceiro de Bahrein».
Em definitiva, o país recobrou a sua independência em 1971, só para cair na órbita dos Estados Unidos, que instalou ali a sua base militar regional e estacionou nela a 5ª Frota. Novos distúrbios, inspirados na Revolução iraniana, produziram-se em Bahrein durante os anos 1980. Nos anos 1990, as forças de oposiçom -marxistas, nacionalistas árabes e khomeinistas- uniram-se em umha longa Intifada.
Acalma-a nom voltou até 1999, com a ascensom ao trono do rei Ahmad, um déspota ilustrado que instituiu uma Assembleia consultiva eleita e favoreceu o acesso das mulheres aos cargos de responsabilidade. Isto lhe valeu certa conciliaçom com a sua oposiçom histórica, mas afastou dele os extremistas da minoria sunnita que serve de apoio ao regime.
Desde o 14 de fevereiro de 2011, novas manifestaçons vinhérom tendo local em Bahrein. Organizadas ao princípio pelo Wefaq, o partido khomeinista, as manifestaçons denunciavam a corrupçom e o sistema policial. Mas o sucesso popular do movimento e a brutal repressom de que foi objeto provocaram uma rápida radicalizaçom, apesar de uma tímida tentativa de abertura do príncipe herdeiro [12].
Ao centro, o príncipe Khalil bin Ahmad bin Muhammad Al Khalifa, ministro de Relacionamentos Exteriores do reino de Bahrein, e os seus amigos do American Jewish Committee.
A monarquia perdeu a sua legitimidade como resultado das revelações sobre o fortalecimento dos seus vínculos com o movimento sionista. A partir de 2007, os Khalifa vincularam-se com o American Jewish Committee. Segundo a oposiçom de Bahrein, ditos vínculos estabeleceram-se através de Alain Bauer, o conselheiro do presidente francês Nicolas Sarkozy. Foi o próprio Bauer quem encarregou-se de reorganizar o sistema policial de Bahrein.
O secretário estadounidense de Defesa, Robert Gates, chegou a Manama o 13 de março de 2011 para reunir com o rei de Bahrein e expressar-lhe o apoio dos Estados Unidos. Ao dia seguinte, o exército de Arábia Saudita penetrou em Bahrein para esmagar a rebeliom.
A maioria dos manifestantes lutam agora pelo derrocamento da monarquia, o qual constitui a linha vermelha que não se pode atravessar, segundo os parâmetros das demais monarquias do Golfo e do seu protetor estadounidense. É por isso que o secretário estadounidense de Defesa, Robert Gates, viajou a Manama o 13 de março de 2011.
Oficialmente, Gates convidou ao rei a ter em conta os reclamos do seu povo e a procurar uma saída pacífica ao conflito. Claro está, esse tipo de conselho nom corresponde a um secretário de Defesa, mas a um secretário de Estado. Em realidade, o senhor Gates ia a Bahrein para concretar a parte política de uma operação militar que já estava pronta.
Ao dia seguinte, o 14 de março, os outras 5 monarquias do Conselho de Cooperaçom do Golfo dérom o seu consentimento para a ativaçom do «Escudo da península», uma força comum de intervençom prevista desde faz muito para conter a possível expansão da revoluçom khomeinista. Essa mesma tarde, 1 000 soldados de Arábia Saudita e 500 polícias dos Emiratos Árabes Unidos entravam em Bahrein.
Decretou-se o estado de urgência por espaço de 3 meses. Suspenderam-se as poucas liberdades toleradas. Na madrugada do 16 de março, as forças das monarquias, armadas e treinadas por Estados Unidos, atuaram de conjunto para desalojar aos manifestantes dos locais onde estavam a acampar. Em vez de gases lacrimógenos, utilizaram gases de combate e munição real. As autoridades reconhecem mais de 1 000 feridos de gravidade, entre os que se contam vários feridos de bala, mas só admitem 5 mortos, uma proporção muito pouco crível.
A Doutrina Obama
De modo que Washington fez a sua eleição. Após um adormecedor discurso sobre os direitos humanos e de saudar a «primavera árabe» com forçado entusiasmo, a administraçom Obama optou pola força para salvar o que ainda pode se salvar.
Ao igual que na época em que os comunistas derrocaram a monarquia afegã, foi o lacaio saudita quem recebeu de Washington o encarrego de dirigir a contrarrevoluçom. Armou a uma fação da oposiçom líbia e converteu o debate da ONU sobre sançons contra Líbia em um debate sobre a criaçom dumha zona de exclusom aérea, ou seja sobre a intervenção militar, e interveio militarmente em Bahrein.
Não há diferença entre a «doutrina Obama» e a «doutrina Brezhnev». Em 1968, os tanques do Pacto de Varsóvia punham fim à «primavera de Praga» para proteger o vacilante Império soviético. Em 2011, os blindados de Arábia Saudita esmagam o povo de Bahrein para proteger o Império anglo-saxom.
Hipnotizados pelas catástrofes naturais e nucleares que se estão a produzir ao mesmo momento no Japão, os meios de imprensa ocidentais observam o maior silêncio sobre o desenvolvimento de toda esta operação.
A Revolução francesa teve que fazer frente à invasão das monarquias que uniram as suas forças. A Revolução russa teve que enfrentar a arremetida dos exércitos brancos. A Revolução iraniana teve que enfrentar a invasão iraquiana. A Revolução árabe terá que fazer frente ao exército de Arábia Saudita.
[1] Ver: La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación, por Thierry Meyssan, Ediciones Timéli / Monte Avila, 2008.
[2] «Declaraçons de Barack Obama na Universidade de O Cairo», por Barack Obama; «El discurso de Obama en el Cairo», por Fidel Castro Ruz; «Obama y las segundas intenciones de la mano tendida a los musulmanes», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 4 y 9 de junio de 2009.
[3] «L’esperienza politica africana di Barack Obama», por Thierry Meyssan, in Eurasia, Rvista di Studi Geopolitici, Vol. 3, 2009.
[4] «Israel se moviliza para socorrer a su aliado Gadafi», «La compañía CST Global especializada en el reclutamiento de mercenarios y el criminal de guerra Israel Ziv nos escriben», por Thierry Meyssan, Red Voltaire, 3 e 7 de março de 2011.
[5] «Quand flottent sur les places libyennes les drapeaux du roi Idris», por Manlio Dinucci, Réseau Voltaire, 1º de março de 2011.
[6] «Resoluçom 1970 aprovada polo Conselho de Segurança», Red Voltaire, 26 de fevereiro de 2011.
[7] «Resoluçom do Parlamento Europeu sobre os países vizinhos meridionais, e Líbia em particular», Red Voltaire, 10 de março de 2011.
[8] «Lettre conjointe de Nicolas Sarkozy et David Cameron à Herman Van Rompuy sur la Libye», Réseau Voltaire, 10 de marzo de 2011.
[9] «Declaración adoptada por el Consejo Europeo Extraordinario sobre los países vecinos meridionales, y Libia en particular», «Remarks by Herman Van Rompuy at the press conference following the extraordinary European Council on EU Southern Neighbourhood and Libya», Réseau Voltaire, 11 de março de 2011.
[10] «Press conference by Anders Fogh Rasmussen on Libya», Voltaire Network, 10 de março de 2011.
[11] «Communiqué de l’Union africaine sur la Libye», Réseau Voltaire, 10 de março de 2011.
[12] «Crown Prince Salman bin Hamad bin Isa Al Khalifa interview with Bahrain TV», Voltaire Network, 6 de março de 2011.
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