Por Daniela Frabasile. Tirado de Outras Palavras (aqui).
Autoridades de Beijing e Tóquio anunciaram, no início da semana, mais uma medida que pode enfraquecer o papel do dólar, como moeda dominante no comércio e nas finanças internacionais. A partir desta sexta-feira (1º/6), as trocas de mercadorias e serviços entre os dois países serão feitas usando suas próprias moedas – o yuan chinês e o yen japonês – ao invés do dinheiro norte-americano.
A medida simplifica as negociações entre os dois países, que ocupam o segundo e terceiro lugares, na lista das maiores economias do mundo. Permite a ambos economizarem cerca de 3 bilhões de dólares anuais, antes pagos em tributos ao banco central dos EUA (o FED). Ainda mais importante, contudo, é seu significado econômico e geopolítico.
Embora cada vez mais importante no cenário internacional, a China é obrigada a manter suas imensas reservas internacionais (cerca de US$ 3,5 trilhões) na moeda norte-americana. Com isso, financia o endividamento de seu maior rival e sujeita-se a enormes prejuízos, em caso de desvalorização do dólar. Do ponto de vista geopolítico, o comércio sem intermediação poderia ser um passo (embora muito pequeno) para algo que muitos estrategistas norte-americanos veem como pesadelo: uma aliança sino-japonesa, que alteraria totalmente o equilíbrio de forças na região economicamente mais dinâmica do mundo.
A decisão também confirma o movimento chinês de diminuir o controle governamental em relação ao yuan. Até agora, o país permitia comércio direto apenas entre a moeda nacional e o dólar norte-americano; mas há muito espera-se que procure fazer do yuan uma moeda mais internacional.
O banco chinês afirmou que autorizou o acordo no intuito de desenvolver o mercado internacional da China e promover cooperação entre os dois países. O yen vai se tornar a segunda moeda mais usada em transações diretas com o yuan, atrás apenas do dólar americano.
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