08/08/2010

Quem é que cozinhou o planeta?

Paul Krugman, artigo tirado de aqui.

Nunca há que dizer que os deuses nom tenhem sentido do humor. Aposto a que ainda se estám rindo no Olimpo pola decisom de fazer a primeira metade de 2010 –o ano em que faleceu toda esperança de umha acçom para limitar a mudança climática– a mais quente nos registos.


Claro, nom se podem inferir tendências nas temperaturas mundiais pola experiência dum ano. No entanto, ignorar esse facto tem sido desde há muito um dos trucos favoritos dos que negam a mudança climática: assinalam um ano inusualmente quente no passado e dim: "Reparem, o plaeta esta-se a enfriar, nom quecendo, desde 1998!". Na verdade, foi 2005 e nom 1998 o ano mais quente até o momento; mas o ponto é que as temperaturas que rompem recordes que estamos experimentando actualmente figérom que um argumento tonto seja ainda mais disparatado, e neste momento nom funciona nem sequer nos seus próprios termos.

No entanto, por acaso algum dos negadores diz: “Está bem, creio que errei”, e apoia a acçom climática? Nom. E o planeta seguirá cozinhando-se.

Entom, por quê é que a legislaçom sobre a mudança climática nom danaria significativamente a economia no seu conjunto se lhe pomos préço ao carbono, mas si a certas indústrias –sobretodo, as do carvom e o petróleo–? E essas indústrias montárom umha enorme campanha de desinformaçom para proteger as suas prevendas em base ao aprovado no Senado? Falemos primeiro sobre o que nom provocou o fracasso, porque houvo muitas tentativas para culpar as pessoas equivocadas.

Antes de mais, nom actuamos devido a dúvidas legítimas sobre a ciência. Cada evidência válida –promédios das temperaturas a longo prazo que suaviçam as flutuaçons ano com ano, o volume do mar congelado no Ártico, o derretimento dos glaciares, a relaçom entre altas récorde e baixas récorde– aponta a um incremento contínuo, e possibelmente bastante acelerado, nas temperaturas mundiais.

A evidência tampouco está contaminada com um mal comportamento científico. É provável que tenham sentido algo sobre as acusaçons contra investigadores do clima - alegatos de dados inventados, o presuntamente condenatório correio electrónico do 'Climatage', e assim seguido. Do que é possível que nom se tenham enterado porque recebe muita menos publicidade, é que cada um destes pressuntos escándalos desenmascarou-se afinal como umha fraude tramada polos oponhentes da acçom climática, que depois muitos introduzírom nos mídia. Nom acreditam que cousas semelhantes podam suceder?

As inquietudes razonáveis sobre o impacto económico da legislaçom sobre o clima bloqueárom a acçom? Nom. Sempre foi engraçado, numha espécie de forma de humor negro, observar os conservadores que gabam o poder ilimitado e a flexibilidades dos mercados dar um giro de 180º e insistir que a economia quedaria se lhe pugeramos preço ao carbono. Todas as estimaçons sérias indicam que poderiamos introduzir paulatinamente limites às emisons de gases de efeito estufa com, quando muito, um impacto reduzido sobre o índice do crescimento da economia.

Assim que nom fôrom a ciência, os científicos ou a economia o que acabou com a acçom sobre a mudança climática. Que foi entom? A resposta é, os sospeitosos de sempre: a codícia e a covardia.

Se se quer entender a oposiçom à mudança climática, há que seguir o dinheiro. Nom se danaria significativamente a economia no seu conjunto se lhe pomos preço ao carbono, mas si a certas indústrias - sobretodo, as do carvom e o petróleo. E essas indústrias orquestrárom umha ingente campanha de desinformaçom para amparar e guardar os seus balanços.

Olhem para os científicos que questionam o consenso sobre a mudança climática; olhem para as organizaçons que impulsam escándalos falsos; olhem para os comités assessores que dim que qualquer esforço para limitar as emissons paralisaria a economia. Umha e outra vez, encontrará-se que estám no extremo receptor dum ducto de financiamento que empeza com as grandes companhias de energia, como Exxon Mobil, que gastou dúzias de milhons de dólares promovendo a negaçom da mudança climática, o Koch Industries, que patrocinou organizaçons antiecologistas durante duas décadas.

Ou vejam os políticas que a berros se opugérom mais à acçom climática. De onde tiram grande parte do seu dinheiro para a campanha? Já sabem a resposta.

Nom obstante, nom heveria triunfado a cobiza por si própria. Necessitava a ajuda da covardia; sobretodo, a dos políticos que sabem que o arrequecimento global representa umha enorme ameaça, que apoiárom a acçom no passado, mas desertárom dos seus postos no momento crucial.

Existem vários de esses covardes climáticos, mas permito-me assinalar a um em particular: o senador John McCain.

Houvo umha época em que se considerou a McCain amigo do ambiente; lá em 2003 puliu a sua imagem de independente ao ser um dos que introduzírom a legislaçom pola que se criara um sistema de tope e troca para as emissons de gases estufa. Reafirmou o apoio para tal sistema durante a sua campanha presidencial, e as cousas poderiam ver-se muito diferentes se tivera seguido apoiando a acçom climática umha vez que o seu oponhente estivo na Casa Branca. No entanto, nom o fez assim - e é difícil ver a sua mudança como algo que nom seja o acto dum homem disposto a sacrificar os seus princípuos, e o futuro da humanidade, por agregar uns quantos anos à sua carreira política.

Infelizmente, McCain nom foi o único; e nom haverá nengumha iniciativa de lei sobre o clima. Triunfou a cobiza com a ajuda da covardia. E todo o mundo pagará o preço.

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