18/09/2011

Dinamarca: a xenofobia derrotada

Notícia tirada de aqui.

Frente de centro-esquerda vence coalizão que ajudou a difundir políticas anti-imigração e anti-islâmicas por todo o norte da Europa

O país é pequeno (5,5 milhões de habitantes) e sua influência, reduzida. Mas as eleições parlamentares que ontem afastaram a direita do poder do governo de Copenhague, depois de dez anos, podem indicar uma tendência. Helle Thorning-Schmidt (foto), do partido social-democrata, é a nova premiê. Numa disputa apertada, a coalizão que ela lidera (e que inclui o Partido de Esquerda e os social-liberais) obteve maioria, pela diferença apertada de apenas três cadeiras, no Parlamento.

A vitória pode ter quebrado uma engrenagem perigosa. Durante uma década, a Dinamarca foi governada por uma coalizão de direita formada por liberais e conservadores. Somados, estes partidos não tinham maioria parlamentar. Mas contavam com apoio decisivo do DPP, autodenominado “Partido do Povo Dinamarquês”. Embora sem ocupar postos nos ministério, o DPP reivindicava constantemente medidas de restrição à imigração e de discriminação contra os muçulmanos. Como dependia dele, para manter-se no poder, a coalizão governante procurava atender a seus caprichos. Um ambiente social marcado pelo medo e conservadorismo criava o caldo de cultura para tais políticas. Descritas em janeiro por uma reportagem da BBC, elas chegaram a ser consideradas atentatórias aos princípios de direitos humanos da União Europeia. Ainda assim, o modelo do DPP acabou inspirando a emergência de partidos de comportamento semelhante (e igualmente perigosos) na Suécia, Finlândia de Holanda.

É pouco provável que haja mudanças imediatas: a política dinamarquesa baseia-se na busca de consensos e os social-democratas são reconhecidamente moderados. Seus parceiros na coalizão, contudo, têm posições mais firmes. Do ponto de vista das tendências da opinião pública, o significado é ainda mais importante. Ele segue-se a uma sequência de derrotas eleitorais da chanceler alemã, a conservadora Angela Merkel — e revela que o avanço da xenofobia na Europa é menos sólido que se pensava.

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